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Colunista reflete sobre momentos em que é necessário arriscar sem pedir permissão. Crédito: Palto.

Allan Costa

Allan Costa

Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.

Você, amanhã

Esperar permissão vai atrasar sua vida

03/06/2025 13:11
Você já deve ter ouvido aquela frase: “é melhor pedir desculpa do que pedir licença”.
Se existe um traço comum entre as pessoas que criam, empreendem, lideram e transformam realidades, é este: elas não pedem licença. Não por arrogância, mas porque entenderam que a vida é muito curta para terceirizar decisões importantes e preferem assumir um risco calculado a esperar uma suposta aprovação que sabe-se lá quando virá.
No mundo corporativo, estamos muito acostumados a sempre aguardar o “ok” de alguém. O resultado prático disso você provavelmente conhece: o profissional funil, onde todas as demandas param porque ele está sempre esperando um “ok”, uma última revisão ou um aval final, depois de um processo que já passou por milhares de etapas.
Se você é ou já foi um profissional funil, talvez a culpa não seja sua. Talvez você tenha uma chefia altamente centralizadora e que adora microgerenciamento. Nesse caso, para evitar problemas, é melhor seguir a orientação da sua liderança. Mas tenha em mente: essa mentalidade não vai te fazer crescer profissionalmente. Pelo contrário, vai atrasar, e muito, seu desenvolvimento.
Pense: quantas ideias ficaram na gaveta por medo de não estarem “prontas”? Porque sempre estava “faltando uma coisinha” aqui e ali e, no final, ficaram pelo caminho.
Esperar por permissão é confortável, pois transfere a responsabilidade e te blinda de possíveis consequências negativas por assumir um risco. Mas é também uma prisão invisível, que sufoca seu potencial e adia caminhos que já estão provavelmente maduros o suficiente.
Isso porque, como já falamos por aqui, o crescimento depende de uma tomada calculada de risco. Assumir as rédeas da própria vida não significa ignorar conselhos ou quebrar regras por vaidade, mas ter clareza de onde se quer chegar e coragem para assumir as consequências.
Autonomia exige mais de nós: disciplina, autorresponsabilidade e visão. Em troca, oferece algo raro hoje em dia: liberdade.
Quando falamos de profissionais com espírito empreendedor, é disso que estamos falando: pessoas que não se limitam ao cargo, que olham para o todo, que têm compromisso em resolver problemas, com visão de longo prazo.
Como costumo dizer, empresas não precisam apenas de executores, mas de solucionadores de problemas: gente que identifica um gargalo, propõe uma rota e age, mesmo quando ninguém deu permissão. São profissionais que entendem que esperar demais pode custar uma janela de oportunidade, e que às vezes é melhor agir com 80% de certeza do que paralisar em busca de uma perfeição que nunca chega.
Não estou falando de fazer coisas aleatórias por impulso para ver o que acontece, me refiro a uma pessoa que entende um gargalo, pensa em uma solução e age com responsabilidade (e uma pitada de ousadia).
Você pode até continuar esperando que alguém diga que é a sua vez, ou pode decidir que a vez é agora. E, se for para se arrepender, que seja por ter tentado cedo demais, e não por ter esperado tempo demais.
A permissão que você está esperando… já é sua. Só falta agir.