O Dilema da Inovação é um dos livros de negócios mais influentes da história. Nomes como Andy Groove, Steve Jobs e Reed Hastings já declararam que foram profundamente influenciados pelos ensinamentos da obra.
O livro, lançado em 1997, apresentou ao mundo o conceito de Inovação Disruptiva, hoje tão amplamente utilizado, embora muitas vezes de formas erradas. Quem criou o termo foi o professor Clayton Christensen, professor da Harvard Business School, com o qual tive o prazer de ter aulas quando fiz um programa para executivos em Harvard.
O livro, apesar de ter sido publicado há mais de 20 anos, ainda traz ensinamentos poderosos sobre o mundo dos negócios. Ensinamentos estes que, na minha visão, ainda continuarão relevantes pelas próximas décadas. Vamos a alguns deles:
1) Uma tecnologia disruptiva é aquela que muitas vezes não atende imediatamente às demandas do mercado já estabelecido. Contudo, essa tecnologia possui alguma característica especial que é benéfica para um pequeno mercado de usuários. Essa tecnologia pode ter também um ritmo de avanço mais rápido do que as tecnologias já estabelecidas.
Quando novas tecnologias disruptivas aparecem, frequentemente não há um mercado pronto para elas. Embora abraçar estas novas tecnologias possa ser uma estratégia amplamente usada por empresas novas, ela não funciona bem para grandes organizações já estabelecidas, pois elas já possuem grandes grupos de consumidores acostumados a seus produtos e tecnologias já existentes, além de precisarem manter suas margens de lucro e deixar os investidores felizes.
2) E por que grandes corporações já estabelecidas têm dificuldades para abraçar inovações disruptivas, se elas são tão revolucionárias?
Existe uma palavrinha mágica aqui: previsibilidade.
Grandes empresas muitas vezes têm dificuldades de prever os resultados que estas novas tecnologias podem trazer, o que desviaria o foco dos clientes e produtos já existentes. Empresas mais novas ou menores podem se dar ao luxo de arriscar mais com novas tecnologias, por serem menos estabelecidas.
As tecnologias disruptivas, em seu início, são utilizadas por pequenos grupos de usuários, e por isso possuem um mercado pequeno. Isso, muitas vezes, não interessa às grandes corporações, já que os retornos, a princípio, não são tão expressivos a ponto de justificar o esforço.
3) Como, então, uma empresa já estabelecida pode entrar nestes novos espaços e abraçar a inovação disruptiva?
Clayton Christensen fornece algumas soluções. Uma das formas é adquirir outra empresa. O principal benefício é que a empresa menos estabelecida possui valores e processos para criar produtos que podem ser direcionados a mercados, por ora, menores e mais nichados. Uma empresa menor, adquirida, não precisa necessariamente possuir números gigantescos de faturamento ou lucro, diferente da empresa já estabelecida.
Outra forma é estabelecer um departamento dentro da empresa consolidada para a exploração destas inovações. Este departamento deve ter budget, time e objetivos próprios e funcionar quase que de forma independente, sendo livre para testar novos modelos de negócio e tecnologias, sem que isso afete grandemente as operações já estabelecidas da empresa-mãe.
Por fim, uma outra forma é criar uma empresa separada da matriz, apenas para a exploração de novos mercados e tecnologias. Isso faz com que as métricas desta empresa menor possam ser exploradas e testadas, sem que a empresa-mãe precise mudar seus processos e produtos já existentes.