Em diversas ocasiões nesta coluna, já discutimos o perigo de perseguir modismos tecnológicos antes que eles se consolidem. Este conselho vale para tendências, inovações, modelos de gestão e, especialmente, produtos. O que está ocorrendo atualmente com o Vision Pro da Apple ilustra com perfeição essa dinâmica.
Recentemente, a Apple lançou um produto que promete revolucionar o mercado de realidade aumentada (RA), um setor já ocupado por competidores estabelecidos, como o Meta Quest. Como um entrante tardio, era essencial que a Apple apresentasse algo excepcional. E a promessa era exatamente essa.
No entanto, ao chegar às mãos do consumidor, o Vision Pro, além de seu preço exorbitante – muitas vezes superior ao dos concorrentes mais caros - apresentou um design que foi insuficiente em vários aspectos, incluindo uma bateria conectada por um fio ao dispositivo. A reação do mercado foi imediata: uma onda de devoluções, com os consumidores aproveitando o prazo de retorno oferecido pela Apple.
Após saciar a curiosidade inicial, muitos concluíram que o produto não justificava o alto investimento, fosse pelo questionável custo-benefício, pelas falhas de design, ou simplesmente por perceberem que, no uso cotidiano, o dispositivo não passava de mais um hype.
A pergunta que fica é: o produto vai vingar? Eu até acredito que sim, em suas próximas iterações. Mas, por ora, este episódio deixa lições valiosas, especialmente para aqueles que não têm o robusto caixa da Apple para se aventurar em novos produtos.
Aqui vão algumas dicas e recomendações para evitar as armadilhas ao lançar produtos inovadores que desejamos que sejam mais do que apenas hype, e que efetivamente transformem a experiência do consumidor:
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) orientados ao usuário: antes de tudo, entenda profundamente as necessidades e expectativas do seu público-alvo. A inovação deve resolver problemas reais de maneira eficaz, não apenas impressionar pela tecnologia.
Testes extensivos no mundo real: a teoria e a prática podem divergir significativamente quando se trata de tecnologia. Testes rigorosos em cenários reais de uso são cruciais para identificar e corrigir falhas de design e funcionalidade antes do lançamento.
Preço justo: estabeleça um preço que reflita o valor real agregado ao usuário. Um produto significativamente mais caro que as alternativas disponíveis precisa justificar cada centavo a mais com benefícios tangíveis e diferenciados.
Adapte-se e evolua: esteja preparado para iterar rapidamente com base no feedback dos usuários. A primeira versão de um produto inovador raramente é perfeita. A capacidade de evoluir e adaptar o produto às necessidades e desejos do consumidor é fundamental para o sucesso a longo prazo.
Em suma, enquanto a inovação tecnológica continua a deslumbrar e prometer novos horizontes, a realidade do mercado e as expectativas dos consumidores exigem uma abordagem mais fundamentada e orientada ao usuário. Produtos verdadeiramente revolucionários são aqueles que, além de inovar, atendem e superam as necessidades práticas e aspirações dos consumidores, estabelecendo-se como indispensáveis em seu cotidiano.
E vem aí o GazzSummit
O GazzSummit Agro & Foodtechs é uma iniciativa pioneira do GazzConecta para debater o cenário de inovação em dois setores de grande relevância para o país. O evento será realizado nos dias 8 e 9 de maio de 2024 com o propósito de conectar e promover conhecimento para geração de novos negócios, discussão de problemas e desafios, além de propor soluções para o setor.
O GazzSummit promove a disseminação de tecnologias e práticas de inovação que possam levar a cadeira produtiva ainda mais longe. Uma super estrutura espera os participantes, que poderão conferir mais de 30 palestrantes e mais de 300 empresas. O evento vai reunir players importantes do ecossistema como grandes empresas, cooperativas, produtores, entidades públicas, startups e inovadores.
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