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A inteligência artificial é uma das tecnologias mais revolucionárias deste século. Mas isso não torna a IA imune ao ciclo das bolhas.

Allan Costa

Allan Costa

Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.

Ciclo de bolhas

A inteligência artificial é revolucionária, mas não deixa de ser uma bolha

20/09/2023 16:57
O mundo dos negócios vive bolhas com determinada periodicidade. Mais recentemente, tivemos a bolha das startups, que durou muitos anos, com valuations completamente sem sentido e rodadas de captação seguidas umas da outras sem que, em muitos casos, houvesse um modelo de negócios forte. Há algumas décadas, tivemos a bolha das .com, quando só o fato de ser um negócio “da internet” já fazia com que um fundador pudesse levantar milhões de dólares para sua empresa, mesmo que seu produto ou modelo de negócio não parasse minimamente de pé.
Agora, acredito estarmos passando por um novo ciclo de bolha, dessa vez puxado pela inteligência artificial. Não me entenda mal: inteligência artificial é, sem dúvidas, uma das tecnologias mais revolucionárias da história e irá transformar nossa sociedade de forma profunda. Vai muito além do hype. Mas há mais entre céu e terra, nesse caso, do que supõe nossa vã filosofia (me perdoe pela apropriação da frase, Shakespeare).
Perceba que os dois exemplos que dei anteriormente seguem essa mesma premissa: a internet e as startups não deixaram de ser revolucionários por que passaram por bolhas. Na verdade, bolhas como essas têm um papel importante para separar o que é sinal do que é ruído e para manter de pé - e vivas - apenas as iniciativas que realmente fazem sentido.
O mesmo vale para IA.
Estamos vivendo um momento de euforia extrema, tanto para o bem quanto para o mal. Temos desde “IA irá salvar o mundo” até “IA irá acabar com a humanidade”. Mais do que isso, as possibilidades de ter essa ferramenta tão poderosa não mais apenas disponível para grandes corporações, como era antes, mas podendo ser utilizada por qualquer pessoa, é uma premissa extremamente poderosa e que, claro, chama a atenção.
Como em qualquer momento de euforia, e assim como aconteceu com a internet e as startups, rios de dinheiro começaram a jorrar em direção ao segmento de IA. Com certeza, algumas das empresas de inteligência artificial que estão captando muito dinheiro agora ou tendo sucesso, criando produtos que os clientes realmente querem, irão sobreviver aos próximos anos.
Contudo, não é loucura dizer que sim, muitas empresas e iniciativas de inteligência artificial sendo criadas nos últimos meses não passam de fumaça e irão sumir em poucos anos. Como demonstrei, esse mesmo ciclo já aconteceu antes com outras tecnologias ou tipos de negócios. De novo, é importante deixar claro que acredito que sim, a inteligência artificial é uma das tecnologias mais revolucionárias deste século. Mas isso não torna a IA imune ao ciclo das bolhas.
Como sempre, é preciso ter pressa para não ficar para trás diante dos avanços tecnológicos, mas ter cautela e discernimento para não colocar em prática o que não faz sentido nenhum para sua carreira ou empresa a longo prazo.