Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.
Encontrar o nosso propósito, missão, caminho — ou seja lá como você chame — é uma das mais árduas tarefas que iremos encarar. Eu mesmo demorei décadas para descobrir o que realmente fazia meu coração pulsar e até hoje ainda me faço essa mesma pergunta todos os dias.
Esse tipo de indecisão não está presente apenas quando nos perguntamos sobre nosso propósito de vida, mas também quando temos que escolher qual próximo curso iremos fazer, qual faculdade iremos cursar, qual oferta de emprego iremos aceitar e assim por diante.
A verdade é: mesmo as pessoas mais decididas que você conhece muitas vezes também não têm tanta certeza do caminho que estão trilhando. E não existe nada de errado com isso. O mundo é um lugar muito mais complexo do que somos capazes de conceber e, por isso, qualquer plano de longo prazo pode não ser nada mais do que um devaneio.
Não estou defendendo que você não estabeleça metas e tenha visão de longo prazo. Isso é fundamental para o sucesso — seja lá o que sucesso signifique para você. A questão é: existem muitas variáveis no caminho, o que torna nossa missão de querer dizer com exatidão onde estaremos, o que seremos e como estaremos em um determinado período de tempo quase impossível.
Quando não tenho certeza de qual caminho devo tomar, gosto de pensar naquilo que não devo fazer. Parece uma ideia contraintuitiva e, de fato, ela é. Não é sempre que pensamos qual faculdade não queremos fazer. Ou qual emprego não queremos ter. Elaboramos nossos objetivos de forma positiva — eu quero —, não de forma negativa — eu não quero. A segunda forma, contudo, é tão importante quanto a primeira.
Saber com clareza aquilo que você não quer é uma ótima forma de descobrir aquilo que você quer. Eliminar algumas respostas e alternativas pode te dar muito mais clareza mental para, então, pensar no que você quer e tomar melhores decisões.
Em determinado momento da minha carreira eu sabia, por exemplo, que não queria mais continuar sendo um executivo no lugar onde eu estava. Eu não tinha clareza do que eu queria e saí em uma jornada de descoberta para encontrar essas respostas, mas partindo do pressuposto de que eu sabia o que não queria naquele momento.
Essas respostas não precisam ser definitivas, é claro. O que uma pessoa de 20 anos não quer pode fazer todo sentido para uma de 45.
Da próxima vez que você tiver que tomar uma decisão, tente pensar na resposta de outra forma. Busque responder em primeiro lugar aquilo que você não quer. Qual tipo de trabalho você não quer ter? Com qual tipo de chefe você não quer trabalhar? Como a cultura da sua empresa não pode ser? Qual tipo de legado você não quer deixar?
Após ter essas respostas muito claras você pode começar a sua jornada de descoberta para buscar aquilo que você, de fato, quer.