Eduardo Valença*
Fomento
O desenvolvimento da indústria marítima e portuária passa pelas startups
Diariamente, milhares de navios navegam por rios e mares para garantir o abastecimento da população mundial: de commodities agrícolas a produtos industrializados. Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) indicam que 90% do comércio global é feito pelo modal aquaviário. São US$ 5 trilhões em valor agregado dos produtos transportados. A relevância econômica da indústria marítima e portuária, atrelada a seus desafios regulatórios e operacionais na gestão e segurança de atividades de navegação e atracação, vem chamando a atenção de startups e empreendedores mundo afora.
Tal fato é evidenciado pela proliferação de tecnologias voltadas para o setor. Atualmente, são mais de 20 ecossistemas de inovação dedicados ao tema espalhados por todos os continentes, que englobam mais de 400 startups, com destaque para a quantidade oriunda de países como Holanda, Israel, Reino Unido e Cingapura.
O Brasil, embora ainda numa escala bem inferior, não está fora desta lista graças ao trabalho de startups promissoras como i4sea, Tidewise, Blueopex, Argonáutica, Navalport e SIAA.
Com uma das maiores malhas aquaviárias do mundo, com mais de sete mil km de costa e 25 mil km de rios navegáveis, a indústria brasileira pouco aproveita essa capacidade e ainda tem muito a avançar em infraestrutura e gestão de acesso marítimo.
Apenas para ilustrar: segundo o Banco Mundial, o tempo médio de espera para atracação de um navio no Brasil é de cinco dias, enquanto na Holanda de apenas um. É neste contexto que o trabalho de startups e a adoção de novas tecnologias podem ser uma solução rápida para otimizar o tráfego e a estrutura portuária do país, sem a necessidade de grandes investimentos.
Apesar do potencial econômico e da forte demanda por soluções no setor, a quantidade de startups marítimas e portuárias no país ainda está aquém do seu real potencial, principalmente se comparado ao número de fintechs, healthtechs ou edtechs. É para estimular este desenvolvimento que a Wilson Sons passou a integrar o grupo de mantenedores da Vertical de Logística e Mobilidade do Cubo Itaú, além de estarmos investindo em tecnologias como inteligência artificial para otimização das manobras portuárias, novos negócios digitais etc.
Com mais de 180 anos de atuação, a capacidade de reinvenção faz parte do DNA da Wilson Sons. Ao lado destas e de tantas outras startups mundo afora, não temos dúvidas que contribuiremos ainda mais com o desenvolvimento de nosso setor.
*Eduardo Valença – Gerente de Inovação e Estratégia da Wilson Sons, empresa membro do Cubo Itaú