Henrique Aquino*
Gestão financeira
Open Finance: uma nova era de oportunidades
Quando Steve Jobs adentrou o palco e começou a falar, fotógrafos se acotovelaram em busca do melhor clique. Naquele 29 de junho de 2007, um dos maiores empreendedores de todos os tempos finalmente apresentava a tão aguardada primeira versão do iPhone.
É importante ressaltar que, com o iPhone, a Apple não só revolucionou o mercado de telecomunicações. Com seu lançamento, a empresa californiana criou um mundo novo, dando impulso definitivo a essa era conectada e digital em que vivemos.
Dali em diante, não importava mais onde você estivesse. Com um smartphone em mãos, poucos cliques passaram a te separar do que você necessita, como pedir comida delivery ou fazer transações financeiras.
Ao mesmo tempo, como sempre acontece com grandes inovações, a nova era aberta pelo iPhone foi rapidamente sucedida por muita experimentação. Com a App Store, Jobs criou um amplo ecossistema que fez surgir modelos de negócios disruptivos, mas também aplicativos completamente inúteis.
Independentemente da valia de cada um deles, uma coisa é certa: a App Store representou um mar de oportunidades para empresas de todos os setores, incluindo o financeiro. Sem a loja de apps não seria possível, por exemplo, fazer transferências entre contas pelo Pix com rapidez e segurança.
Bem, por que estou falando sobre tudo isso? Porque considero o lançamento do iPhone uma boa analogia para as muitas oportunidades abertas pelo Open Finance. Uma das principais iniciativas do Banco Central dentro da agenda regulatória de modernização do mercado financeiro, o novo sistema aberto vai mudar (para melhor) nosso setor.
Neste contexto, é fundamental estar preparado para captar essas oportunidades. Não tenho dúvida de que todas as instituições financeiras estão prontas, sobretudo pelo fato de o digital já estar integrado ao nosso business core. Então, tenha confiança!
Produzido pela consultoria McKinsey, o estudo Transformações digitais no Brasil: insights sobre o nível de maturidade digital das empresas no país reitera essa análise. Segundo a pesquisa, o setor financeiro tem o mais alto patamar de maturidade digital entre todas as indústrias analisadas, à frente, inclusive, do ramo de Tecnologia.
Em resumo, estamos preparados (e habituados) para dar passos seguros rumo a essas oportunidades. E boa parte delas têm relação com o aumento de escopo de atuação das instituições financeiras na vida dos clientes.
Obtido o consentimento para compartilhar dados, que só pode ser dado pelo cliente, seremos capazes de estar presentes em todo ciclo de relacionamento com eles e não mais marcadamente no final, quando liquidamos uma operação. Com o Open Finance, portanto, deixaremos de oferecer “apenas” serviços financeiros para entregar gestão financeira.
Quer um exemplo prático? Grandes empresas, como as que atendemos no Itaú BBA, costumam ter dezenas de contas em diferentes bancos, com CNPJs distintos. Atualmente, o analista financeiro que confere o saldo em conta precisa estar conectado ao bankline de todas essas instituições financeiras.
Com o Open Finance, agregaremos o saldo de cada uma dessas contas em um dashboard completo e, ao mesmo tempo, simples. Ou seja, em um único local a empresa terá uma visão completa da sua situação financeira.
Mais ainda, uma vez que teremos acesso aos seus dados, como informações de lançamentos futuros, seremos capazes de antecipar suas necessidades. Saberemos, por exemplo, se o cliente terá saldo em conta ou não para quitar pagamentos em uma data futura, o que nos permite fazer uma oferta personalizada de crédito ou um simples resgate de um investimento, por hipótese.
Essas são soluções que já estão em nosso horizonte, mas estamos longe de ver todas. É como na App Store: inovações vão surgir a partir de ideias que só o tempo pode maturar. Certo é que saem na frente instituições financeiras que consigam fazer bom uso dos dados para agregar valor ao longo de todo o ciclo de relacionamento e entregar gestão financeira para os clientes.
Serviço financeiro com qualidade e sem fricção é mandatório. Já vimos que quem não entrega isso aos clientes, ficará para trás. No entanto, estamos falando de um novo patamar de experiência, uma visão não apenas transacional, mas de plataforma.
Entra aqui um componente de diferenciação vital: centralidade no cliente. O Itaú BBA investiu muito para conseguir entregar para nossos clientes uma nova experiência de pagamento de um boleto, mas via o QR Code do Pix, tudo isso sem impacto ou quase nenhum desenvolvimento pelos clientes do Bolecode.
Estamos construindo nossa plataforma do Open Finance com nossos clientes, escutando e interagindo muito para que sejamos a Apple, com uma App Store robusta de soluções que permita trazer simplicidade e facilidade para as atuais e futuras inovações dentro do novo sistema financeiro aberto.
Tudo prático, intuitivo, com segurança e sem fricção. Esses atributos sempre traduziram a pegada digital do Itaú BBA. Agora não será diferente!
* Henrique de Aquino Pereira tem 20 anos de experiência no mercado financeiro, ingressou no Itaú BBA em 2007 e, atualmente, é superintendente de Meios de Pagamentos & Banking as a Service. Em sua trajetória profissional, trabalhou no Bank Boston e no Citibank. É formado em Ciências Contábeis pela Unisa, pós-graduado em Derivativos pela BM&F Bovespa (agora B3) e possui MBA em Finanças pelo Insper.