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Crédito: Rawpixel

Stenio Lima

Stenio Lima

Stenio Lima é parceiro de Novos Negócios na Triven

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Quer aproximar sua startup dos agentes financeiros? Invista em governança corporativa

10/12/2024 09:52
Se em 2023 o mercado brasileiro foi sacudido por escândalos na área de governança corporativa - sendo o maior exemplo o caso Americanas -, neste ano já é possível notar reações para evitar que crises semelhantes se repitam. De acordo com um estudo do ACI Institute, da KPMG, a transparência na divulgação das informações passou a ser uma das principais preocupações das empresas listadas na Bolsa de Valores. Porém, esse movimento não pode ficar restrito às empresas de capital aberto: startups, que estão no centro da inovação e tecnologia, devem estar atentas às boas práticas de governança corporativa. Essa necessidade fica ainda mais evidente quando avaliamos a relação entre o fortalecimento da governança e seus impactos para a sobrevivência de negócios inovadores.
Podemos ter uma visão melhor acerca dessa relação quando avaliamos as principais formas pelas quais uma empresa pode ter dinheiro. Estratégias para aumentar as vendas e a busca por financiamento são duas ações que costumam ser colocadas em prática quando o objetivo é arrecadar mais. Outra ação, a qual darei destaque aqui, é por meio de investimentos.

Governança em startups

A decisão para investimento em startup depende de um conjunto de informações que devem passar segurança aos investidores - e, para que haja uma redução dos riscos, é fundamental que os dados das apresentações dos empreendedores e das reuniões de acompanhamento sejam confiáveis. Aqui há um fator que pode colocar os planos da empresa em risco: a assimetria das informações, área que já é pesquisada por instituições como a Universidade de Cambridge. Ou seja, uma das partes tem mais conhecimento acerca dos negócios do que a outra, o que pode gerar um desequilíbrio de poder nas transações, colocando-as em risco. Com o afastamento dos agentes financeiros, observamos um efeito cascata que só piora o cenário, com aumento na taxa de juros, altos custos nas avaliações de diligência prévia e dificuldade de receber investimento.
Quando a startup investe em governança, elas diminuem o medo da assimetria de informação e facilitam a aproximação do capital. Para isso, é essencial que a equipe executiva priorize a organização financeira. No mundo das startups, principalmente as que estão no início das operações, é comum que a diretoria dê preferência à validação dos produtos ao invés do plano de contas. Porém, essa decisão, aliada a uma baixa maturidade de gestão, coloca a empresa em risco.
É preciso colocar a organização das finanças como prioridade fundamental e investir em tecnologias que reforcem a segurança das transações. É impossível pensar, nos dias atuais, no gerenciamento de um faturamento milionário por meio de planilhas manuais. Porém, isso ainda acontece. Construir um time financeiro experiente, aproveitar as facilidades oferecidas pela tecnologia e construir uma comunicação clara acerca das operações é um imperativo para novos negócios.
Dados divulgados pela plataforma de inovação Distrito mostraram que houve uma queda na participação do Brasil no ecossistema de inovação da América Latina. Ainda assim, o primeiro trimestre de 2024 apontou sinais de recuperação, com registro de 181 rodadas de investimento no período, contra 178 no ano passado. Ou seja, após um período turbulento para o mercado, podemos vislumbrar uma mudança de cenário. Dessa forma, startups devem estar preparadas para aproveitar o momento mais positivo, mostrando sua maturidade e evidenciando o diferencial de uma boa governança para a sustentabilidade das operações.