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Andre Inohara

Andre Inohara é cofundador e CEO da Inovasia, consultoria de educação executiva que ajuda empresas brasileiras a se conectar aos modelos mais disruptivos de negócios na Ásia. Antes de criar a Inovasia, André atuou como assessor de comunicação na Amcham, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, e ajudou a criar o conteúdo multiplataforma da entidade. É jornalista e administrador, com MBA em Informações Financeiras pela FIA (Fundação Instituto de Administração) e pós-graduação em Comunicação Digital pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

Live shopping

Na Black Friday mais interativa dos últimos tempos, inspiração vem da China

25/11/2020 14:08
A Black Friday que vai acontecer daqui a dois dias (27) será a mais midiática e interativa de todas. Na noite anterior (26), o Magazine Luiza patrocina a Black das Blacks, show misto de evento de compras com entretenimento que será transmitido pela TV a cabo e também nas redes sociais da emissora e da varejista.
Pelo segundo ano consecutivo, a rede usa o livestreaming ou
live shopping para turbinar as vendas. Nesse formato, o comerciante patrocina
um evento de compras pela internet com artistas e celebridades contratadas para
entreter a audiência, ao mesmo tempo em que a marca interage com a plateia
anunciando seus produtos. Essa tendência veio da China e chegou para ficar.
Juntar compras com entretenimento é uma realidade na China,
e também objetivo declarado do Magazine Luiza. Segundo a rede, a iniciativa do
megashow ao vivo é para fazer com que o brasileiro veja a Black Friday não só
como data de compras, mas de festa e entretenimento.
Grandes varejistas do e-commerce brasileiro estão aderindo ao live shopping. O Rappi criou a funcionalidade de compra de produtos apresentados nas lives em seu app de entregas. E como ela funciona?
O serviço terá um QR Code disponível na tela, para ser
direcionado ao e-commerce da marca. Além disso, o usuário pode escolher o
evento que quiser e até ativar lembretes de lives futuras. Para comprar, ele
não terá que sair da live. Os produtos vão aparecer na parte de baixo da tela e
basta escolher a opção em tempo real com um clique. Em seguida, é só definir
cor, tamanho e forma de pagamento.
Julia Canalini, head de entretenimento do Rappi, disse que o
live é uma forma de consumo mais social. “O que nos guia é nossa criatividade e
um conteúdo que ajude as marcas parceiras a vender.” Além disso, as lives se
comunicam de forma criativa com o público. “É uma experiência realmente
completa ao consumidor e um marco sem volta nesse mercado no Brasil.”
Já a Polishop, pioneira das vendas interativas na TV, conectou em seu app canais com conteúdo ao vivo, onde é possível escolher produtos de diversas categorias que são anunciados nos live shoppings não só na Black Friday, mas durante todo o mês de novembro.

Comércio chinês

A inspiração de juntar compras com entretenimento veio da China, onde o livestreaming se popularizou a tal ponto de se transformar em indústria multibilionária. A consolidação das lives foi uma herança da pandemia, quando os chineses acompanhavam com avidez pela internet que refeições, por exemplo, as celebridades e especialistas preparavam em suas casas.
Não é só comida que se anuncia nas lives. Praticamente tudo que é anunciado no formato ganha ampla exposição e tem vendas turbinadas. Na principal data de compras de fim de ano da China, que aconteceu entre os dias 1 e 11 de novembro, só o Alibaba gerou mais de 100 milhões de renminbi (cerca de 15 milhões de dólares) de GMV (gross merchandise volume) em cada um dos 33 canais próprios de live, o que soma um GMV de 3,3 bilhões de renminbi (estimados 495 milhões de dólares).
Importante diferenciar que o GMV não mede o faturamento da
companhia. Esse indicador representa a soma de tudo o que as lojas dentro de um
marketplace como o Alibaba vende. O que vai para o bolso do Alibaba,
efetivamente, é a comissão cobrada dessas lojinhas. Que, pelos resultados
divulgados, não será pouco.
O Alibaba, que é o maior varejista de e-commerce do mundo,
disse com toda razão que o livestream se tornou uma “ferramenta indispensável
de marketing”. O livestream é responsável por cerca de 7,5% das vendas totais
do Alibaba, mas vem ganhando espaço e valor.
Segundo a consultoria KPMG, o mercado de comércio
eletrônico por livestream na China deve terminar o ano avaliado em 1
trilhão de renminbi (ou quase 150 bilhões de dólares). Se confirmado, será mais
que o dobro dos 434 bilhões de renminbi (64 milhões de dólares) de 2019.

Chegou para ficar

Não é só o Brasil que se rende ao livestreaming. No último dia 11, quando os chineses comemoraram o Dia dos Solteiros, estrelas internacionais como Taylor Swift e Katy Perry participaram das ações do e-commerce chinês. Mas o formato está sendo copiado nos EUA com influencers locais e logo veremos celebridades mundiais entretendo a audiência em canais de live commerce.
A Amazon já tem uma plataforma de streaming que transmite
shows diários de fitness, maquiagem e culinária e o Facebook inaugurou canais
de live shopping na plataforma, inclusive no Instagram.
Isso mostra que a China vem se tornando uma referência para o mundo também no campo do e-commerce e abre novas possibilidades de vendas online.