Em 2024, o MEX Brasil – Espaço Mulheres Executivas celebra sua maioridade, marcando 18 anos de uma jornada transformadora no universo corporativo brasileiro. Criado em Curitiba para atender a uma demanda crescente por protagonismo feminino no mundo dos negócios, o grupo mantém-se extremamente relevante e atual.
Com o passar dos anos, o movimento se fortaleceu e se consolidou, fomentando uma Aliança Empresarial pelo Desenvolvimento da Mulher, que se reúne mensalmente, contando com a participação de mulheres executivas e empreendedoras em cargos de gestão de pequenas, médias e grandes empresas.
A partir desta edição, o
GazzConecta contará com um espaço dedicado ao MEX Brasil, no qual serão trazidas ações do grupo e entrevistas com executivas(os) e empresárias(os) que participam dos encontros organizados da organização, proporcionando insights valiosos sobre liderança feminina e tendências no mundo corporativo.
E, para iniciar a coluna, o MEX Brasil apresenta uma entrevista com uma das suas fundadoras e atual presidente, Regina Arns, também diretora da Lapidus Network. Confira:
Regina, o MEX completa 18 anos em um momento de intensas transformações globais. Como a organização evoluiu para se manter relevante neste cenário dinâmico?
Regina Arns: A longevidade do MEX é um testemunho da nossa capacidade de adaptação e da crescente necessidade de espaços como o nosso. Desde nossa fundação, em 2006, testemunhamos mudanças de alto impacto no panorama corporativo global - desde a crise financeira de 2008 até a recente pandemia.
O que começou como um desejo de fortalecer a participação feminina no ambiente corporativo evoluiu para um grupo sólido que, unido, fomenta o protagonismo feminino. Nossa missão é conectar essas mulheres, visando o desenvolvimento pessoal e profissional, estimulando o networking, o fomento de negócios e o fortalecimento das relações empresariais.
Atualmente, somos um grupo independente de mais de 100 mulheres bem-sucedidas, que buscam aprimoramento técnico, pessoal e networking. Esta fórmula tem se provado eficaz há quase duas décadas, graças ao comprometimento das participantes. O segredo da nossa relevância está na constante adaptação às necessidades das executivas e às mudanças do mercado, sempre mantendo nosso foco na colaboração mútua.
Quais são as principais atividades do MEX?
Nosso carro-chefe é o MEX Network, que consiste em encontros mensais com a participação de CEOs e autoridades empresariais. Esses eventos promovem conhecimento, networking diferenciado e oportunidades de negócios pelo estreitamento das relações entre as participantes e, também, com os convidados. Neste ano, por exemplo, dentre nossos convidados, estiveram o presidente do Ebanx, Alphonse Voigt; a presidente da Microsoft Brasil, Tania Cosentino; e de Artur Grynbaum, vice-presidente do Conselho do Grupo Boticário.
Há vários anos, também temos realizado visitas técnicas para conhecer in loco como acontece a gestão em grandes empresas brasileiras. Em 2024, estivemos no Costão do Santinho, entendendo a gestão do resort. Também fomos a São Paulo conhecer a Cacau Show, a ESPM e o Grupo SBF (leia-se Centauro e Nike). Estivemos até na Lapa (PR) para conhecer a Potencial, líder na fabricação de Biodiesel.
Mais recentemente, visitamos, em Caçador (SC), as empresas Daniela Tombini, referência em moda que, há 30 anos, inova em conforto e bem-estar; e a Guararapes, líder em inovação de MDF e compensados na América Latina. Nossa agenda é sempre cheia de oportunidades de conhecimento, em um grau de proximidade com a alta gestão que dificilmente se obtém de maneira independente.
O networking é frequentemente citado como uma área na qual as mulheres enfrentam desafios únicos. Como o MEX aborda essa questão?
O networking é, de fato, uma área crítica e complexa para as mulheres executivas. Historicamente, as redes de influência nos negócios foram dominadas por homens, espaços onde muitas mulheres se sentiam excluídas ou desconfortáveis. Entendemos que o networking é crucial para o desenvolvimento profissional de qualquer pessoa, mas para as mulheres, em particular, ele pode ser um divisor de águas.
É fundamental que as mulheres também criem e fortaleçam suas redes de contatos. O MEX oferece justamente esse espaço seguro e produtivo para que as executivas possam se conectar, trocar experiências e criar oportunidades de negócios. Sem conexões não há avanços. Ou, pelo menos, eles são bem mais difíceis.
Olhando para o futuro, quais são os principais desafios e oportunidades que você vê para o MEX e para as mulheres executivas em geral?
O cenário à nossa frente é simultaneamente desafiador e promissor. Um dos maiores desafios que vejo é a necessidade de redefinir a própria noção de liderança em um mundo pós-pandêmico e cada vez mais digital.
As habilidades que fizeram de alguém uma líder eficaz no passado podem não ser suficientes no futuro. Mas, definitivamente, não pensamos de maneira isolada. Acreditamos que as mulheres podem, sim, agregar um olhar diferenciado para a gestão. Mas acreditamos, igualmente, que a melhor gestão é aquela que soma o melhor do mundo feminino e do masculino. Não se trata de uma questão de esse ou aquele, mas de seguirmos juntos. Todos têm muito mais a ganhar.
Para concluir, que mensagem você deixaria para as mulheres que estão navegando os desafios da liderança corporativa hoje?
O progresso que vimos nos últimos 18 anos desde a fundação do MEX é inegável, mas ainda há muito trabalho a ser feito. Para as mulheres que estão ascendendo em suas carreiras, eu diria: sejam ousadas em suas ambições e estratégicas em sua abordagem. Cultivem uma mentalidade de crescimento contínuo - o aprendizado nunca termina. Busquem ativamente mentores e sejam mentoras para outras.
A solidariedade feminina não é apenas um slogan, é uma estratégia de prosperidade. Precisamos estimular outras mulheres também a ascender. Precisamos de mais mulheres em conselhos de administração das empresas. Enfim, precisamos multiplicar esses olhares sobre a gestão. E, por fim, não se esqueçam de cuidar de si mesmas. A jornada para o topo pode ser extenuante - e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional não é um luxo, mas uma necessidade. Como sempre dizemos: primeiro coloque a máscara em você. Você só conseguirá desempenhar seu papel e vencer seus desafios se primeiro estiver bem consigo mesma.