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Não é possível colocar as Pessoas à frente do Negócio e das Finanças se não houver confiança.

Erika Guerra*

Liderança

O que vem primeiro: pessoas, negócio ou finanças? A ordem diz muito sobre sua organização

13/10/2023 14:18
É sabido que a liderança tradicional está fadada ao fracasso. No entanto, muitas organizações buscam transformar a sua cultura a fim de implementar a liderança e a gestão que considera as pessoas antes do negócio e dos lucros. Mas de nada adianta ter essa perspectiva no papel ou nas discussões estratégicas da alta liderança e não conseguir colocar em prática no dia a dia da empresa. Ou seja, a intenção não leva à transformação.
Muitas empresas erram por acharem que, ao definirem a estratégia pautada em pessoas e fazerem um plano bem estruturado - "aqueles planos que deixam até as empresas de consultoria de queixo caído" -, transformarão a cultura organizacional. De nada adianta um plano "top down" ou contratar um  plano de consultorias renomadas baseado nas melhores práticas de mercado se algumas coisas essenciais não forem consideradas. E eu lhe afirmo, é muito mais simples do que a maioria das pessoas imaginam!
E você pode estar me questionando neste exato momento… "Mas, se um plano bem elaborado pela alta cúpula, ou até mesmo preparado pelas melhores consultorias do mercado, não funciona, o que funciona então?"
No livro "O coração do Negócio", Hubert Joly conta que, quando ele foi convidado a assumir a liderança da quase falida Best Buy (empresa varejista de produtos tecnológicos nos Estados Unidos), ele estava aprendendo sobre colocar as pessoas à frente do negócio e das finanças. Logo no início do seu desafio, os acionistas pediram um plano de trabalho de reversão da empresa, o prazo de entrega era de 57 dias.
Ele sabia, pela sua experiência, que construir um plano robusto e bem elaborado demoraria muito mais tempo do que isso. A abordagem definida por ele foi: Pessoas, Negócios e Finanças, nesta ordem. O primeiro dilema encontrado foi sobre o envolvimento das lideranças em todos os níveis. A dúvida existia porque as informações eram sigilosas e não podiam chegar na mídia ou ao conhecimento dos investidores antes do tempo.
Não é possível colocar as Pessoas à frente do Negócio e das Finanças se não houver confiança - e Hubert Joly considerou isso ao compartilhar e construir o plano com a liderança, enfatizando a confidencialidade e o risco que havia se as informações saíssem dali. A adesão foi enorme, as pessoas se envolveram. E sabe por quê? Porque gerou nelas o senso de pertencimento.
O plano também era delas, elas faziam parte da decisão e do que seria feito a partir dali. Elas também eram responsáveis pelo resultado que geravam. As pessoas começaram a ver novas possibilidades e soluções.
Outro fator importante estabelecido foi a simplicidade. Um objetivo é mais fácil de alcançar do que três ou quatro. Uma métrica é mais fácil de melhorar do que cinco métricas ao mesmo tempo. O movimento, mesmo sendo pequeno, mantém o fluxo de evolução constante, fazendo com que as pessoas se sintam eficientes e necessárias.
Ele, então, definiu como premissa lidar com dois problemas específicos (somente dois), assim ele conseguiu dar clareza e urgência às ações estabelecidas, cuidando de se manter animado e otimista em quaisquer circunstâncias.  Além disso, cada conquista foi motivo de comemoração e de gratidão para todos os envolvidos.
Construir um ambiente de valorização das pessoas antes do negócio e finanças começa com a decisão de seguir por este caminho. As demais ações seguirão a partir do que é importante para a organização. Por mais que existam justificativas por parte dos executivos pautadas em números, de nada adianta o lucro se as pessoas não estiverem no centro das decisões. No final das contas, serão decisões não perenes.
Por mais que pareça difícil desconstruir o negócio e as finanças antes das pessoas, é possível. Nós do Human Skills Manifesto acreditamos que todas as human skills podem ser desenvolvidas e estamos aqui para vivê-las, ensiná-las e replicá-las àquelas pessoas que querem aprender e querem se tornar pessoas e profissionais melhores. Então, se você quer continuar a sua jornada de aprendizado e implementação, continue por aqui.
*Erika Guerra tem mais de 17 anos de vivência em recursos humanos de grandes empresas, como Vivo, Aperam e VLI. É Mestre em Administração pela PUC Minas, pós-graduada em Gestão de Pessoas, Gestão de Projetos e Logística Integrada. É Certificada em Gestão da Mudança pela PROSCI e em Coaching Executivo, Coaching de Times e Coaching pessoal pela SLAC.