Thumbnail

Ao contrário do modelo convencional de um único CEO, a estrutura co-CEOs oferece uma perspectiva mais diversificada e uma distribuição equitativa das responsabilidades. Crédito: Tirachardz / Freepik.

Antonella Satyro

Antonella Satyro

Antonella Satyro é CEO e founder do Human Skills Manifesto. Atuou por 13 anos na maior multinacional de petróleo do mundo, a ExxonMobil, nas áreas de liderança global e inovação, gerenciando times ágeis de tecnologia no Brasil, EUA e Índia. Atualmente, é executiva à frente do Human Skills Manifesto, uma edtech que capacita profissionais e líderes para a Nova Era. Também é angel investor, conselheira e board member em startups, assim como atua mentorando CEOs e, principalmente, lideranças femininas nas maiores aceleradoras do Brasil, Portugal e Israel. É palestrante internacional e TEDx Speaker. Autora do livro "Todas as Emoções deste Mundo" e do livro “Líderes que Curam”.

Human Skills

Co-CEOs: o poder compartilhado nas empresas

24/11/2023 09:31
Recentemente, temos testemunhado uma série de evoluções e direcionamentos nas práticas de liderança convencionais, especialmente no contexto das novas mentalidades que moldam os comportamentos e atitudes das pessoas líderes. Quais evoluções no que tange a liderança você tem observado na sua empresa, startup ou negócio? 
Gostaria de ressaltar a principal transformação que identifico para sua reflexão: anteriormente, víamos uma liderança predominantemente autocrática, focada no comando e controle - "eu dito as regras e você segue". Porém, atualmente, vemos uma maior diversificação de estilos de liderança, o que chamamos de liderança situacional.
Mas o que realmente significa isso na prática? Além de uma designação atraente, trata-se da implementação consciente de diversas abordagens em situações do dia a dia, como liderança visionária, estratégica, democrática, transformacional, coaching, entre outras.
Certamente, você já refletiu sobre a quantidade de decisões e ações diárias, questionando-se: "quantas delas foram assertivas?". Quantas oportunidades tive para ser uma líder mais transformacional? Quantas situações poderiam ter sido abordadas com um posicionamento diferente? Nesse sentido, é importante ponderar que não é necessário adotar o mesmo estilo ao longo do dia; podemos experimentar diferentes abordagens para avaliar quais são mais eficazes, envolvem mais as pessoas e, por conseguinte, proporcionam resultados superiores.
Na Nova Era, a definição de liderança transcende os cargos formais, destacando-se por aquilo que pensamos e fazemos. Nossos comportamentos e atitudes, refletindo habilidades como pensamento analítico, estratégico, inovador, proatividade, colaboração e comunicação assertiva, tornam-se os verdadeiros indicadores de liderança. Por exemplo, mesmo ocupando o cargo de analista, podemos evidenciar proatividade ao assumir a frente de um projeto, demonstrando assim liderança por meio de nossas ações e mentalidade.
Mas a tendência mais cativante que está ganhando espaço nas organizações é a favorita do momento. Recentemente, participei do evento Lidera Brasil em Curitiba, organizado por Sandra e Jean Oliskovicz. Durante uma das conversas, Sandra trouxe uma inovação que despertou minha curiosidade: o compartilhamento do poder de decisão por CEOs, implementando uma abordagem de liderança inovadora, com a presença de dois CEOs dentro da mesma empresa.
Isso capturou minha atenção, pois reflete os outros dois destaques abordados neste texto, alinhados à perspectiva da Nova Era que temos explorado aqui na Humans. Conscientes do jogo de poder nas organizações, observar esse jogo em constante evolução é extremamente interessante e algo que merece nossa atenção dedicada, pois, na Humans, temos paixão por estudar as tendências emergentes.
Pois bem, meu primeiro questionamento foi: "mas como isso funcionaria na prática?". Como pessoa processual que sou, logo veio a reflexão: “bom, se todas as funções dentro de uma empresa têm um descritivo do cargo com as responsabilidades bem definidas, essa tendência pode funcionar desde que esteja bem desenhada e seja seguida (e acompanhada!) na prática". 
Logo depois deste pensamento, fui pesquisar sobre essa tendência e percebi que ela está ganhando destaque em diversos setores. Ao contrário do modelo convencional de um único CEO, a estrutura co-CEO oferece uma perspectiva mais diversificada e uma distribuição equitativa das responsabilidades. Isso não apenas proporciona uma tomada de decisão mais abrangente, mas também fortalece a capacidade da empresa de enfrentar desafios complexos. 
A colaboração estreita entre co-CEOs, desde que bem organizada, levando em consideração as habilidades humanas complementares de cada um, experiências e perspectivas, pode gerar inovação e impulsionar o crescimento sustentável. No entanto, vale ressaltar que o sucesso da parceria co-CEOs depende de uma comunicação eficaz, alinhamento de valores e uma clara definição de papéis. Empresas que adotam essa abordagem devem investir na construção de uma sólida base de confiança entre os líderes e suas equipes. 
A estratégia de Co-CEOs também pode ser uma resposta à crescente complexidade dos negócios modernos. Com setores em constante evolução e desafios globais complexos, a colaboração entre líderes complementares pode fornecer uma abordagem mais abrangente para enfrentar as demandas em rápida mudança.
Essa abordagem pode ser particularmente eficaz em empresas que operam globalmente, nas quais a compreensão cultural e a adaptabilidade são essenciais. E como na maioria das vezes, as techs lideram as inovações e tendências, então vale trazer o exemplo da SAP e da Oracle que têm adotado com sucesso esse modelo, demonstrando que a abordagem de Co-CEOs não apenas desafia as tradições, mas também oferece uma resposta inovadora às complexidades modernas. Como as organizações continuam a explorar novas maneiras de liderança, o modelo Co-CEOs destaca-se como uma alternativa que pode moldar o futuro do mundo corporativo.
E por último, mas não menos importante, essa estratégia de Co-CEOs pode ser compartilhada entre empresas. É uma forma de trazer talentos de mercado experientes para contribuir, alavancando negócios que estão em early, middle ou advanced stages. Já vemos algumas startups oferecendo o CEO as a Service - como é o produto principal da Ollo, que vem se se destacando nessa área, assim como a Chiefs Group e a EAAS (Executive as a Service). 
E aí, essa tendência funcionaria na sua empresa? 
Nós da Humans dizemos que sim, desde que muito bem trabalhada (alinhando valores, princípios, responsabilidades, objetivos e monitorando esse modelo para garantir que o aprendizado contínuo está sendo adaptado à medida que a empresa vai identificando seus desafios e gerando resultados consistentes) para todo mundo ficar feliz.