Algumas pessoas com quem converso entendem que a competitividade é centrada unicamente no fator empresa. Para eles, se a empresa for eficiente e produzir bens e serviços com vantagens competitivas em relação à concorrência está tudo resolvido. Essa análise simples pode até funcionar às vezes , mas não é sempre assim. Cada vez mais fatores externos também devem ser levados em consideração quando se fala em competividade dos negócios, principalmente quando tratamos de empresas que atuam no mercado nacional e internacional.
Líderes empresariais e líderes públicos devem ficar de olho nas externalidades. O que chamamos de externalidades são fatores fora do controle direto empresa que podem influenciar de maneira a beneficiar ou onerar os negócios e, por sua vez, sua competitividade. Isso pode ocorrer de diversas maneiras, seja por meio de fatores estruturais como uma rodovia malconservada, o que provoca custos adicionais no transporte e, por consequência, aumento nos custos dos produtos, como também por meio de fatores sistêmicos como os juros elevados que encarecem os custos dos empréstimos e, por sua vez, os custos de produção.
Estes são somente dois exemplos de uma lista enorme de externalidades negativas que oneram a produção. Mas há, também externalidades, que beneficiam os negócios e que contribuem para que sejam mais competitivos.
Por exemplo, a existência de uma escola técnica no município ou região que pode contribuir com a formação de pessoal especializado que será empregado na economia local ou a existência de uma legislação de incentivos e de apoio aos negócios. Caminhos assim podem funcionar como fatores de diferenciação para o surgimento e crescimento dos negócios em determinado território. De novo, esses são alguns exemplos apenas, mas há um número enorme de externalidades positivas que têm a capacidade de impulsionar a competitividade dos negócios empresariais
As externalidades podem tanto beneficiar como atrapalhar negócios em escala nacional e global. Um exemplo muito citado é o que popularmente chamamos de custo Brasil, geralmente associado a um conjunto de externalidades que encarecem a produção e a venda dos produtos brasileiros no exterior, o que faz com que a competitividade dos produtos e serviços brasileiros seja menor em relação à concorrência internacional
É exatamente porque as externalidades possuem capacidades de gerar impactos de grandes proporções na competitividade dos negócios que líderes empresariais e governamentais devem trabalhar juntos. Nenhum território se desenvolverá se não existir, em seu contexto, empresas competitivas. Para que possamos potencializar a competitividade territorial de forma sustentável, faz-se necessário a constituição de governanças com a presença de líderes públicos e empresariais com as atribuições de analisar permanentemente as condições competitivas locais e de planejar ações de curto, médio e longo prazos que não só mitiguem as externalidades negativas, mas que também promovam as externalidade positivas que impulsionam a formação do território competitivo.