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Cris Alessi

Cris Alessi

Cris Alessi é consultora de inovação e transformação digital, conselheira, palestrante, investidora-anjo e autora do livro "Gestão de Startups: desafios e oportunidades”.

IA, Biotecnologia e mais!

Retrospectiva: os marcos da tecnologia e inovação em 2024

26/12/2024 13:03
O ano de 2024 foi marcado por avanços significativos em tecnologia e inovação, consolidando tendências e abrindo novas possibilidades para empresas, governos e pessoas. Com um cenário global cada vez mais competitivo e digitalizado, as inovações deste ano reafirmaram o papel da tecnologia como motor de transformação social e econômica.
A Inteligência Artificial (IA) permaneceu como protagonista em 2024, com avanços significativos em modelos generativos e aplicações práticas. Ferramentas de IA foram amplamente adotadas em setores como saúde, educação e mercados diversos, como o imobiliário, alimentício e financeiro, impactando desde a tomada de decisões estratégicas até a personalização de experiências. No entanto, a discussão sobre ética e regulamentação da IA também ganhou força, com países e organizações promovendo iniciativas para garantir o uso responsável da tecnologia. Falei muito sobre isso durante o ano.
As empresas entraram de vez nessa realidade e estão cada vez mais focadas em transformar seus negócios com base em automação, análise de dados avançada e capacidades de aprendizado de máquina. Muitas já entenderam que a IA deve ser aplicada para ganhos de produtividade e melhoria de processos. De acordo com a segunda edição do Índice Transformação Digital Brasil (ITDBr), realizada pela PwC Brasil em parceria com a Fundação Dom Cabral, a preferência pela adoção de IA entre grandes empresas brasileiras dobrou, passando de 10% em 2023 para 20% em 2024, número que tende a duplicar no próximo ano.
Além do protagonismo da IA, 2024 testemunhou avanços notáveis em biotecnologia, transformando setores como saúde, agricultura e meio ambiente. A aplicação de técnicas genômicas, como o CRISPR-Cas9, permitiu a edição precisa de genes, possibilitando tratamentos para doenças genéticas antes consideradas incuráveis. A biotecnologia facilitou o desenvolvimento de tratamentos sob medida, adaptados ao perfil genético de cada paciente. Avanços na produção de tecidos artificiais e na regeneração de órgãos danificados abriram novas possibilidades para transplantes e tratamentos de lesões complexas, utilizando células-tronco e biomateriais inovadores. Também houve impulsos significativos na criação de culturas geneticamente modificadas, resistentes a pragas e condições climáticas adversas, otimizando o uso de recursos naturais e aumentando a produtividade agrícola.
Grandes avanços foram evidenciados pela concessão do Prêmio Nobel de Física de 2024 a John J. Hopfield, da Universidade de Princeton, e Geoffrey E. Hinton, da Universidade de Toronto, por suas descobertas fundamentais que possibilitaram o aprendizado de máquina com redes neurais artificiais. Na Química, o prêmio foi concedido a David Baker, da Universidade de Washington, e a Demis Hassabis e John M. Jumper, do Google DeepMind, por suas contribuições no design computacional de proteínas e na previsão de suas estruturas, utilizando inteligência artificial para decifrar os segredos das proteínas.
As preocupações com o meio ambiente também foram evidentes este ano. Empresas de diversos setores consolidaram o ESG (ambiental, social e governança) como prioridade estratégica. Relatórios de sustentabilidade passaram a incluir dados mais detalhados e análises preditivas, ajudando investidores e stakeholders a tomar decisões mais informadas. A tecnologia desempenha um papel cada vez mais fundamental, permitindo monitorar impactos ambientais, rastrear cadeias de suprimentos e até prever cenários futuros com maior precisão. Essa tendência reforçou a ideia de que tecnologia e sustentabilidade não são apenas complementares, mas indispensáveis para o desenvolvimento empresarial.
No campo computacional, a demanda por chips avançados, especialmente para aplicações em inteligência artificial, impulsionou uma corrida global na produção de semicondutores. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), maior fabricante de chips sob contrato do mundo, destacou-se ao atingir faturamentos recordes.
Em novembro de 2024, a TSMC reportou um aumento de 34% em suas receitas em comparação ao mesmo mês de 2023, totalizando cerca de US$ 8,49 bilhões. No próximo ano, esse assunto será cada vez mais presente e crítico, influenciando a macroeconomia e a geopolítica.
A exploração espacial também alcançou marcos notáveis em 2024. A NASA lançou a missão Artemis II, enviando astronautas para orbitar a Lua, um passo crucial para futuras missões tripuladas ao satélite natural. Em 13 de outubro, a SpaceX nos deixou entusiasmados ao recuperar com sucesso o propulsor Super Heavy do seu foguete Starship. O propulsor retornou à plataforma de lançamento na base de Boca Chica, no Texas, onde foi capturado por braços mecânicos conhecidos como "hashis" de Mechazilla.
As energias renováveis e a mobilidade também merecem destaque. O Brasil registrou avanços significativos, com a capacidade instalada de geração de energia atingindo 207,6 gigawatts (GW), impulsionada pelo crescimento das fontes solar e eólica. A mobilidade elétrica ganhou destaque, com a produção nacional de veículos eletrificados, promovendo a popularização da tecnologia e contribuindo para o aumento significativo nas vendas dessa modalidade de veículos. Além disso, aportes recordes em pesquisas com hidrogênio verde devem fazer com que projetos importantes saiam do papel em 2025.
Mais do que um ano de consolidação, 2024 será lembrado como um marco que pavimentou o caminho para uma nova década de inovação. Ao refletirmos sobre este ano, fica claro que o verdadeiro impacto da tecnologia está em sua capacidade de mudar a vida das pessoas. Ainda precisamos lutar para que essa mudança promova sustentabilidade e crie oportunidades para o futuro.
Fica aqui meu desejo de que 2025 traga novos desafios e possibilidades!