Você já ouviu falar que o bater de asas de uma borboleta no Brasil pode desencadear um furacão no Texas? Essa metáfora ilustra como pequenas ações podem ter grandes consequências. Da mesma forma, precisamos discutir a interseção entre inteligência artificial (IA) e mudanças climáticas, especialmente no contexto da regeneração climática.
A IA está cada vez mais presente em nossas vidas, desde assistentes virtuais até sistemas de recomendação. No entanto, essa tecnologia tem um custo ambiental significativo. Estudos indicam que a geração de um texto de 200 palavras no ChatGPT consome, em média, 1 litro de água, devido ao resfriamento necessário dos data centers que processam essas informações. Além disso, essa mesma operação consome cerca de 0,28 kWh de energia elétrica, equivalente a manter 20 lâmpadas de LED acesas por uma hora.
O treinamento de modelos avançados de IA, como o GPT-4, pode emitir aproximadamente 552 toneladas de CO₂, comparável às emissões de 123 carros movidos a gasolina em um ano.
Em 2022, os data centers consumiram cerca de 460 TWh globalmente. Projeções indicam que esse número pode dobrar até 2026, alcançando 1.000 TWh - o equivalente ao consumo anual de eletricidade do Japão.
A crescente demanda por IA tem levado a um aumento no consumo de água por empresas de tecnologia; por exemplo, o consumo de água da Google aumentou 20% em 2022 e o da Microsoft, proprietária de 75% da OpenAI, aumentou 34% no mesmo período. Isso nos convida a uma pergunta inevitável: qual o preço ambiental da tecnologia que vem sendo adotada cada vez mais?
Não tem como negar, tudo está interligado. É fundamental que empresas e desenvolvedores adotem práticas que promovam a regeneração climática. Empresas globais já entenderam que são parte do problema - e, por isso, devem ser parte da solução. A Microsoft, por exemplo, comprometeu-se a ser carbono negativa até 2030, implementando medidas para reduzir e compensar suas emissões. O Google também anunciou planos para operar com energia livre de carbono em todos os seus data centers até 2030. Meta ambiciosa, mas, em 2023, atingiu 18% dela.
No Brasil, empresas como o Mercado Livre e a Magazine Luiza têm investido em soluções sustentáveis, como o uso de energia renovável e iniciativas de logística verde, visando minimizar o impacto ambiental de suas operações.
Apesar dessas iniciativas, os resultados ainda são modestos frente ao tamanho do desafio. A regeneração climática vai além da sustentabilidade - porque não é apenas sobre preservar, é sobre restaurar e melhorar a saúde dos ecossistemas e do planeta.
Não há respostas simples para problemas complexos. Portanto, é essencial mantermos uma visão estratégica e colaborativa, atuando em múltiplas frentes para promover um futuro sustentável. O trabalho em rede, a participação em ecossistemas de inovação e a colaboração entre diferentes setores são fundamentais para avançarmos nessa direção.
Estar atualizado é o mínimo. Estar engajado é o caminho. Adotar ações concretas da pequena à grande escala é urgente. Manter-se relevante é aprender, colaborar e construir juntos esse futuro que, literalmente, já está na próxima esquina.