O empreendedorismo digital de hoje não é sobre ter a ideia mais disruptiva, mas sim sobre fazer as perguntas certas e montar um time capaz de aprender com agilidade. Crédito: violetkaipa.
Cris Alessi
Cris Alessi é consultora de inovação e transformação digital, conselheira, palestrante, investidora-anjo e autora do livro "Gestão de Startups: desafios e oportunidades”.
Empreendedorismo digital na era da inteligência artificial: da ideia ao impacto
15/04/2025 18:51
Vivemos uma era em que o empreendedorismo digital deixou de ser apenas uma tendência para se tornar uma estratégia essencial. Com a ascensão da inteligência artificial, as regras do jogo mudaram - e os empreendedores que compreenderem essa nova dinâmica terão uma vantagem competitiva inegável.
A IA não é mais um luxo das big techs; ela está acessível e integrada ao cotidiano de startups e negócios em crescimento. Desde ferramentas que automatizam o marketing digital até soluções de análise preditiva que antecipam comportamentos do consumidor, o uso estratégico da IA permite não apenas escalar com eficiência, mas inovar com propósito.
O ChatGPT alcançou o topo no ranking de aplicativos mais baixados no mundo pela primeira vez e, certamente, permanecerá neste lugar por algum tempo. Em uma busca rápida nos sites de notícias, são dezenas os que abordam assuntos relacionados à inteligência artificial todos os dias.
No entanto, é preciso ir além do hype. O empreendedorismo digital na era da IA exige discernimento. A velocidade das mudanças tecnológicas pode ser sedutora, mas o diferencial está em como aplicamos essas ferramentas para resolver problemas reais - sociais, ambientais, urbanos e humanos. A tecnologia, por si só, não é suficiente. O foco precisa estar na geração de valor e impacto.
Nesse cenário, surgem três competências-chave para os novos empreendedores: curiosidade ativa, capacidade de testar rápido e aprender mais rápido ainda, além de inteligência ética. Curiosidade para entender o que a IA pode de fato fazer; agilidade para colocar ideias no mercado com mínima estrutura e máximo feedback; e responsabilidade para refletir sobre os limites éticos do uso de dados e automações.
Como conselheira e consultora de inovação, percebo que os empreendedores mais bem-sucedidos são aqueles que combinam inteligência de mercado com escuta ativa das dores reais dos clientes. Eles constroem produtos centrados em pessoas, mas com apoio dos algoritmos para escalar soluções com assertividade.
Empreender na era da IA é também um chamado à reinvenção constante. As fronteiras entre setores estão mais difusas, o modelo linear de negócios está sendo substituído por plataformas, ecossistemas e integrações inteligentes.
Startups que dominam APIs, criam MVPs (sigla em inglês para Minimum Viable Products, ou Produtos Mínimos Viáveis, em português) com base em dados e se conectam a hubs de inovação estão transformando mercados inteiros.
Portanto, o empreendedorismo digital de hoje não é sobre ter a ideia mais disruptiva, mas sim sobre fazer as perguntas certas e montar um time capaz de aprender com agilidade. Se o futuro está sendo moldado por algoritmos, que sejam algoritmos que ampliem o impacto humano - e não que o substituam.
O Brasil tem talento, tem criatividade, e tem, agora, o maior ativo de todos: acesso ao conhecimento. Cabe a nós, como líderes, mentores e agentes da transformação, garantir que essa revolução digital seja também inclusiva, sustentável e ética.