Vivemos em tempos desafiadores: trânsito, segurança e outras novas questões como as mudanças climáticas ganham destaque nos debates urbanos. Ao mesmo tempo, assistimos a uma imensidão de avanços tecnológicos constantes e, quando pensamos em cidades inteligentes, é impossível não ficarmos maravilhados.
Uma tecnologia de grande destaque é a dos Gêmeos Digitais, uma abordagem inteligente para antecipar problemas e encontrar soluções. Esses gêmeos são representações virtuais de objetos, processos ou sistemas reais, criados por meio da análise de dados em tempo real e simulações detalhadas.
Embora a ideia de representações digitais de objetos físicos exista há décadas, o termo "gêmeo digital" foi criado em 2002 por Michael Grieves, engenheiro da Nasa. Ele queria criar modelos virtuais que não só imitassem, mas também se adaptassem aos seus equivalentes físicos em tempo real.
Há exemplos inspiradores de empresas e governos que estão aproveitando essa tecnologia. A GE usa gêmeos digitais para prever falhas em turbinas eólicas, reduzindo custos de manutenção em até 40%. A Siemens simula cirurgias cardíacas em 3D para aprimorar a precisão e a segurança dos procedimentos médicos. A Petrobras vem criando versões digitais de refinarias, simulando cenários antes de sua implementação, o que já gerou ganhos de rentabilidade e otimização de mais de US$ 200 milhões/ano. O governo de Singapura, que não tem recursos hídricos próprios, usa gêmeos digitais para otimizar a gestão de recursos hídricos e energéticos, promovendo sustentabilidade e eficiência urbana. Esses exemplos mostram o grande potencial dos gêmeos digitais para impulsionar a inovação e a eficácia em vários contextos.
E é justamente com o uso dessa tecnologia que podemos ganhar muito como humanos carentes que estamos de maior qualidade de vida: as Cidades Gêmeas Digitais. O potencial das cidades inteligentes em utilizar a tecnologia de gêmeos digitais oferece oportunidades significativas para a melhoria do bem-estar do cidadão.
As Cidades Gêmeas Digitais são reproduções virtuais detalhadas de ambientes urbanos reais, criadas por modelagem 3D, IA e Internet das Coisas (IoT), e desempenham diversos papéis-chave no contexto urbano. Elas permitem simulação de cenários, monitoramento em tempo real de indicadores, engajamento dos cidadãos em processos decisórios e o treinamento em novas tecnologias e práticas urbanas.
Diversas cidades ao redor do mundo estão explorando o potencial das Cidades Gêmeas Digitais. Projetos piloto estão sendo implementados em locais como Helsinque e Dubai, visando abordar uma variedade de desafios urbanos, desde congestionamentos até eficiência energética. Outro exemplo é Barcelona, na Espanha. A cidade desenvolveu um gêmeo digital para planejamento e gestão urbana, que resultou em melhorias no transporte público, gestão de resíduos e de energia, tornando-a um exemplo de cidade inteligente.
A implementação de gêmeos digitais em cidades brasileiras está em estágios iniciais e segmentados. Um exemplo é a cidade do Rio de Janeiro que, em parceria com o MIT (Massachusetts Institute of Technology), criou o programa Favelas 4D: a Rocinha foi mapeada por sensores, resultando na criação de um gêmeo digital da comunidade.
As Cidades Gêmeas Digitais são um catalisador para a construção das cidades do futuro, transformando a maneira como planejamos e vivemos nos ambientes urbanos, promovendo comunidades mais eficientes, resilientes e inclusivas. Quem, como eu, mal pode esperar para ver toda esta transformação em nossas cidades?