Fernando Bittencourt Luciano
Fernando Luciano é diretor da Hotmilk, ecossistema de inovação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), professor e pesquisador da área de Biotecnologia também na PUCPR. Graduado em Farmácia e Bioquímica de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), também é doutor em Food and Nutritional Sciences pela Universidade de Manitoba, no Canadá, onde foi bolsista do governo canadense. Atuou também como pesquisador no Guelph Research and Development Centre, no Canadá, e como docente convidado na Universidade de Valência, na Espanha. No campo do empreendedorismo, é CEO do NASSLE Group, focado em P&D, sua terceira startup.
Inovação e startups
O que esperar do ambiente de inovação brasileiro em 2021?
de termos passado quase um ano mergulhados em uma crise sanitária que poderia
ter afundado a economia a níveis irrecuperáveis, eis que vemos uma evolução
cultural no uso de tecnologias que permitiu que o impacto não fosse
catastrófico. Devemos fechar o ano com uma queda do PIB próxima a 4,8%, mas a
recuperação no terceiro trimestre em comparação ao trimestre anterior mostra
que nosso nariz já saiu da lama. Obviamente, ainda vai demorar para a
locomotiva voltar à velocidade que estávamos em fevereiro de 2020, mas ao menos
parece que já chegou um pouco de carvão.
o cenário de inovação, toda crise vira oportunidade. Governos, empresas e
universidades saem da sua zona de conforto e são obrigados a responder
rapidamente às necessidades da sociedade. E um vírus de nome estranho conseguiu
tirar todo mundo do eixo, obrigando que a palavra da moda, “inovação”, se tornasse
um pré-requisito de sobrevivência.
Política Nacional de Inovação foi publicada em outubro, mesmo mês em que foi
lançada consulta pública sobre a Estratégia Nacional de Inovação, encerrada em novembro.
O Marco Legal das Startups foi aprovado na Câmara e agora segue para o Senado, enquanto
o Marco Legal de Inovação, que entrou em vigor em 2016, parece que, enfim,
começou a ser utilizado por instituições públicas.
de inovação de órgãos e empresas públicas emergiram com força. Os movimentos
ainda não são muito ágeis e a burocracia emperra mudanças mais profundas, mas
ao menos é visível que o primeiro passo para a transformação cultural foi dado.
grandes empresas – essas sim – foram obrigadas a dar um salto gigante. Até
então, os movimentos de inovação aberta eram tímidos e restritos a algumas
companhias. A pandemia veio como um tapa na cara. Muitos funcionários foram
demitidos ou tiveram carga horária reduzida. Meses se passaram e o conhecimento
sobre o novo coronavírus fez com que compreendêssemos que ele não iria embora
tão cedo.
senso de urgência entrou em modo on e as tomadas de decisão se tornaram mais
breves. O recurso para inovação que tinha sido cortado do orçamento no início
da pandemia teve que retornar para garantir a manutenção dos negócios. Software as a service virou a frase da vez para resgatar grandes
operações e jogá-las no mundo digital de uma vez por todas.
há problemas? Muitos! Arquiteturas de softwares nem sempre se comunicam com
outros softwares, a estrutura de coleta de dados para gerar inteligência
confiável ainda é precária, as equipes ainda não são tão ágeis e tão centradas
no cliente. Além disso, 85% do contato com consumidores é iniciado pelo meio
digital, mas 68% ainda são solucionados por telefone, segundo estudo “Cenário
do Relacionamento com o Cliente no Brasil”, realizado pelo Centro de Inteligência
Padrão (CIP). Apesar disso, é inquestionável que o avanço de 2020 foi superior
aos últimos cinco anos – e o ritmo deve acelerar em 2021.