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Ricardo Pedroso, CEO da Guararapes. Crédito: Divulgação

MEX Brasil

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O MEX Brasil - Espaço Mulheres Executivas se reúne mensalmente com a participação de mulheres executivas e empreendedoras em cargos de gestão. Desde o início em 2006, a missão do grupo é a busca do desenvolvimento pessoal e profissional de suas integrantes, estimulando o fomento de negócios, o conhecimento e o fortalecimento das relações empresariais. A atuação do MEX Brasil está vinculada à Lapidus - Networking & Business.

Entrevista com Ricardo Pedroso

Guararapes: madeira, inovação e geração de valor 

05/12/2024 10:14
As executivas MEX recentemente tiveram a oportunidade de mergulhar no universo da Guararapes, líder nacional na produção de painéis de MDF e uma das maiores exportadoras de compensado da América Latina. Com 40 anos de história e presença em mais de 50 países, a empresa se destaca pela inovação e qualidade.
Acompanhe nossa entrevista exclusiva com Ricardo Pedroso, CEO da empresa, que nos revela os bastidores de um sucesso que vai muito além da madeira.
A Guararapes começou como uma pequena empresa familiar. Quais foram os maiores desafios enfrentados nesses primeiros anos de operação e quando você começou sua trajetória na companhia?
 Ricardo Pedroso - O início foi muito desafiador. Os fundadores da Guararapes, Walderez, e meu pai, João Carlos, começaram do zero e passo a passo foram evoluindo. A empresa foi fundada em 1984, em Quilombo (SC), com apenas 15 funcionários e produção de 150 m³ de lâminas por mês. Em 1986, transferimos a empresa para Palmas (PR) e passamos a ter 50 colaboradores. A Guararapes crescia, mas em 1988 enfrentou um grande desafio, o falecimento do Walderez. Nessa fase, trabalho duro, serenidade e contenção de despesas foram essenciais. De lá pra cá foram muitos desafios, como o início da produção de compensados, a abertura para o mercado de exportação, o investimento em reflorestamento, certificações internacionais, a entrada no setor de MDF, o aprimoramento das práticas ambiental, social e de governança (ESG), a expansão da nossa capacidade produtiva, entre outros.
Sobre a minha história, eu cresci na Guararapes e comecei a trabalhar com 12 anos, eram outros tempos. Lembro da época de estudante, nas férias ou à tarde, eu pegava o ônibus junto com os nossos colaboradores. Comecei no chão de fábrica mesmo, meu pai sempre foi firme com a nossa educação. Passei por diversos setores e quando a Guararapes fez a expansão da segunda linha, reestruturamos toda a governança da companhia, eu me tornei CEO, enquanto meu pai se tornou presidente do Conselho de Administração, exercendo um papel mais estratégico. 
Quais lições aprendidas nos primeiros anos de operação que ainda são aplicadas na gestão atual da Guararapes?
Somos uma empresa de origem simples e humilde, com foco no trabalho, dedicação e transparência. Essa é a essência da Guararapes até hoje. Além disso, procuramos sempre manter um bom relacionamento com todos, colaboradores, fornecedores, clientes e com a comunidade do nosso entorno. Ao longo dos anos, a Guararapes não apenas prosperou no mundo dos negócios como também cultivou um legado de responsabilidade social e ambiental. 
A Guararapes está entre as 100 maiores do agronegócio segundo a Forbes. Como essa posição influencia a estratégia de longo prazo da empresa? 
Para uma empresa que começou com apenas 15 funcionários, estar posicionada entre as 100 maiores do agronegócio é uma grande conquista, ficamos bastante honrados. Isso nos motiva a continuar crescendo, sempre investindo em inovação, sustentabilidade e geração de valor. MEX BRASIL - Que conselho você daria a outras empresas familiares que aspiram alcançar o nível de sucesso da Guararapes? Ricardo Pedroso - São 40 anos de muita dedicação e chegamos aqui graças ao trabalho de cada colaborador. Uma empresa familiar só alcança o sucesso se tiver um bom time, valorizamos muito isso. E quando uma empresa familiar chega a um certo patamar, é essencial implementar a governança para que ela possa continuar crescendo de maneira estruturada. Além de manter um bom relacionamento entre as famílias, isso também é muito importante e faz parte da nossa governança, temos regras, acordo de acionistas, entre outras iniciativas.
Falando um pouco sobre comunidades do entorno, de que forma a Guararapes mensura e maximiza seu impacto positivo nas comunidades onde atua? 
Meu pai sempre teve uma preocupação muito grande com a comunidade, isso faz parte do nosso DNA, além do cuidado com iniciativas de proteção ambiental. A Guararapes contribui de maneira muito ativa nas localidades onde atua. Hoje temos uma estrutura de ESG, mas muito antes disso já tínhamos essa preocupação em dar um retorno para sociedade. Prestamos suporte a entidades em diversas frentes, como hospitais, abrigos para idosos, iniciativas esportivas, entre outras. 

Talentos femininos

A Guararapes tem uma mulher em seu conselho consultivo. Considerando a crescente importância da diversidade e inclusão no mundo corporativo, como essa diversidade de gênero tem influenciado as decisões estratégicas da empresa? 
Sabemos que historicamente o ambiente corporativo é predominantemente masculino no nosso negócio, especialmente em cargos de liderança. Termos uma mulher em nosso Conselho já reflete os movimentos de diversificar e incluir o gênero feminino na tomada de decisão, além de contribuir para maior equilíbrio e força do papel da mulher na nossa estrutura. Também atuamos com comitês internos estratégicos, que contam com presenças femininas. Hoje estamos construindo uma Gestão de Diversidade, Inclusão, Equidade e Pertencimento com o início de diversas ações dessa pauta. Atualmente estamos realizando nosso Censo de Diversidade para o público interno, desenvolvendo uma política de DIEP e ações estruturantes para o próximo ano. Além disso, apesar da marcenaria ser uma área predominantemente masculina, vemos que as mulheres têm ganhado cada vez mais espaço no setor. Por isso, realizamos periodicamente ações voltadas para esse público.
Qual é a estratégia da Guararapes para atrair e reter talentos femininos em um setor tradicionalmente dominado por homens? 
Nossa estratégia tem sido, ano após ano, inserir mais mulheres e trabalhar sua inclusão, promovendo um espaço em que suas falas e contribuições sejam reconhecidas e legitimadas. Vimos nosso índice de mulheres em cargos de liderança dobrar nos últimos 7 anos, passando de 13% para 26%, o que nos faz acreditar que estamos num caminho promissor. Em 2024, demos mais um passo nesse sentido, estabelecendo como regra interna a priorização de promoção e contratação de mulheres para todas as nossas posições de liderança