Em um cenário cada vez mais orientado pela digitalização, a transformação digital tem se consolidado como prioridade estratégica para empresas dos mais diversos setores. No entanto, o avanço acelerado das tecnologias sem a devida atenção à segurança pode representar riscos significativos e, sobretudo, prejuízos milionários.
A recente pesquisa "
The Global State of CPS Security 2024: Business Impact of Disruptions", divulgada pela plataforma de detecção de ameaças Claroty, escancara esse alerta ao revelar o impacto financeiro e operacional de ataques cibernéticos em infraestruturas críticas ao redor do mundo. O estudo, que entrevistou 1.100 profissionais de segurança cibernética em 40 países, avaliou a segurança dos chamados Sistemas Ciberfísicos (CPS), que englobam Tecnologia Operacional (OT), Internet das Coisas (IoT), dispositivos médicos conectados (IoMT) e sistemas de gerenciamento predial (BMS).
Os dados revelam que 45% das empresas pesquisadas sofreram perdas de pelo menos US$ 500 mil em decorrência de ataques cibernéticos a seus sistemas ciberfísicos nos últimos 12 meses. Ainda mais alarmante é o fato de que 27% relataram prejuízos superiores a US$ 1 milhão. Os setores químico, de energia e de mineração foram especialmente impactados, com mais da metade das empresas dessas áreas reportando perdas financeiras significativas.
A pesquisa também destaca que os ataques de ransomware continuam sendo uma ameaça recorrente e devastadora. Segundo o levantamento, 53% das organizações que sofreram esse tipo de ataque tiveram que pagar resgates superiores a US$ 500 mil para recuperar seus sistemas criptografados. No setor de saúde, os números são ainda mais críticos: 78% das instituições afetadas relataram pagamentos acima desse valor.
Além do impacto financeiro imediato, os ataques cibernéticos também geram consequências operacionais graves. De acordo com a pesquisa, 49% das empresas levaram mais de uma semana para se recuperar de um ataque, e 29% demoraram mais de um mês para retomar suas atividades por completo. Esse tempo de inatividade compromete diretamente a produtividade, afeta cadeias de suprimento e, em muitos casos, coloca em risco serviços essenciais à população.
Os resultados do estudo reforçam uma constatação muitas vezes subestimada pelas lideranças corporativas: não há transformação digital eficaz sem uma estratégia robusta de segurança cibernética. Implementar soluções tecnológicas sem prever mecanismos de proteção é abrir espaço para vulnerabilidades que podem comprometer a continuidade dos negócios, a reputação da marca e a confiança de clientes, investidores e parceiros.
A digitalização é um caminho sem volta, mas é preciso que ela ocorra de maneira consciente e segura. O investimento em cibersegurança deve ser encarado como um pilar fundamental do planejamento estratégico, não como um custo operacional. Afinal, prevenir ataques é, sem dúvida, muito mais barato do que arcar com as consequências de uma falha. Transformar-se digitalmente é preciso — mas transformar-se com segurança é indispensável.