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Atualmente, tecnologia não apenas transforma processos, também redefine as relações humanas. Hoje se entrelaça com direitos e expectativas. Crédito: Proxima Studio.

Thaísa Jordão Gomes Druszes

Thaísa Jordão Gomes Druszes

Thaísa Jordão Gomes Druszes é Assessora da Presidência no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).

GazzConecta Colab

Tecnologia, dados e direito: um olhar além da tela

21/08/2025 14:30
Atualmente, a tecnologia não apenas transforma processos, mas também redefine as relações humanas. Antes restrita a especialistas em códigos e sistemas, ela hoje se entrelaça com direitos, expectativas sociais e valores humanos.
No centro dessa transformação, estão os profissionais de tecnologia, como desenvolvedores, engenheiros, arquitetos e analistas de dados, cujas decisões técnicas geram impactos jurídicos e éticos de proporções por vezes ainda desconhecidas.
Quem transita pelos mundos jurídico e tecnológico sabe que nenhuma linha de código é neutra. A decisão de coletar dados, o modo de armazená-los e a lógica por trás de um algoritmo carregam implicações legais e éticas.
A gestão de dados é um ativo estratégico de extrema relevância para as empresas, pois cada informação cadastrada, transação realizada, comportamento do usuário ou até mesmo um simples clique gera pistas digitais que podem ser analisadas e monetizadas.
Por outro lado, esses mesmos dados representam risco jurídico e de reputação se forem utilizados, tratados ou armazenados de forma inadequada, sem uma base legal legítima.
Essa consciência amplia a responsabilidade individual e fortalece a capacidade de antecipar riscos, criando soluções inovadoras que respeitem os direitos fundamentais. Afinal, conhecer a legislação não significa frear a inovação, mas sim conferir a ela contornos sustentáveis e seguros.
É justamente desta forma que os dados ganham destaque: presentes em praticamente todas as nossas interações digitais, eles movimentam negócios, otimizam serviços e personalizam experiências. Quando bem tratados, são um diferencial competitivo. Quando negligenciados, tornam-se pontos de vulnerabilidade.
Nesse sentido, algumas perguntas estratégicas se tornam essenciais para as esferas técnica e jurídica: É realmente necessário coletar essas informações? Como protegê-las contra acessos indevidos? A transparência com os titulares dos dados foi observada?
Essas reflexões não impedem projetos, pelo contrário. Elas criam confiança, fortalecem processos e preparam os colaboradores para trabalhar de forma madura e transparente, cumprindo a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Uma visão crítica pode evitar riscos e, ao mesmo tempo, impulsionar a inovação, resguardando pessoas e organizações.
Como admiradora da tecnologia e do Direito, acredito que o futuro pertence a quem tem a coragem de construir pontes entre áreas, promover o diálogo e criar soluções que sejam ao mesmo tempo tecnológicas e humanas. Essa dualidade é uma vantagem estratégica e uma responsabilidade que vale a pena assumir.
A união do conhecimento técnico e jurídico mostra que a inovação não precisa ser cega aos seus impactos. Ela pode, e deve, caminhar junto com o respeito às pessoas, a transparência nas escolhas e a construção de relações baseadas na confiança. É assim que a tecnologia se torna, de fato, uma força positiva e realmente transformadora.