Annalisa Blando Dal Zotto
Annalisa Blando Dal Zotto é vice-presidente de Finanças da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), administradora de empresas e planejadora financeira
GazzConecta Colab
Quem puxa a agenda da inovação do setor financeiro no Brasil?
Nas últimas duas décadas, a tecnologia e a evolução da internet revolucionaram completamente o setor financeiro. Se vinte anos atrás operar ações na bolsa via home broker no Brasil era um desafio com a conexão instável e redes ainda lentas, hoje temos inovações que mudaram a vida de todos e fazem parte do nosso dia a dia, seja em grandes movimentações, seja ao utilizar o Pix para comprar um picolé na praia.
Hoje falamos diariamente em criptomoedas, blockchain, DREX, Open Finance, e como essas novas tecnologias vão continuar evoluindo e alterando a forma como lidamos com o dinheiro. O Brasil é um país que adere facilmente às novidades e é um país moderno nesse sentido, por isso o Pix se tornou uma referência global tão rapidamente e em três anos se consolidou como o meio de pagamento mais popular do Brasil, com movimentação de R$ 1,2 trilhão e mais de 71 milhões de usuários. O Open Finance, que em 2011 ainda era um sonho, hoje já abre portas para que as pessoas tenham mais controle das suas informações financeiras. Isso faz com que os bancos tenham cada vez mais preocupação com a experiência do cliente, o que cria uma série de melhorias para que tenhamos uma evolução ainda maior do setor nos próximos anos.
Trago esse exemplos para mostrar inovações que fazem parte da nossa rotina e foram puxadas, em grande parte, pelo trabalho de startups e fintechs. Como no caso das criptomoedas, por exemplo: a tecnologia veio primeiro, se consolidou, e agora o Banco Central e as agências reguladoras correm atrás para se adaptar. O Open Finance é outro exemplo que também tem startups por trás. As fintechs puxam a agenda da inovação e exercem um papel fundamental.
É por isso que falamos em “fintechzação”. Vejamos no setor do varejo: todos os grandes players têm suas fintechs, seus meios de pagamento, suas maquininhas que permitem aos vendedores fazerem transações rápidas e seguras. A economia inteira se beneficia com isso, ajuda a ampliar a bancarização das classes D e E, algo que é muito importante e muda a realidade das pessoas. Quando alguém tem uma conta em banco, passa a pertencer, poder investir, agilizar contas, receber seus recursos, tomar dinheiro emprestado. Somente na pandemia, o pagamento de benefícios do governo por meio do aplicativo da Caixa permitiu que 37 milhões de pessoas abrissem uma conta em banco pela primeira vez. A bancarização e a fintechzação geram riquezas e inclusão.
Olhando para o futuro próximo, já é possível notar uma tendência de crescimento no uso de Inteligência Artificial para analisar dados financeiros. Especificamente no Brasil, o DREX vai transformar a forma de pagamentos por meio do registro blockchain, causando mais uma revolução no sistema financeiro. Por isso temos que estar preparados, acompanhando as tendências que unem tecnologia a todos os outros segmentos, em eventos como o Fintech Trends, organizado pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), entidade que juntamente com todo o ecossistema de inovação de Santa Catarina tem tido um papel fundamental nessa revolução financeira.
Vivemos um momento de transições aceleradas em que os assuntos que hoje podem estar em rodas de conversa fechadas, em incubadoras tecnológicas, amanhã podem estar no nosso celular em um aplicativo utilizado diariamente. A fintechzação é um dos caminhos para encurtar distâncias, democratizar nosso sistema financeiro e modernizar relações.