Bruno Dreher*
Transformação digital
PIX é o passo definitivo rumo à digitalização dos bancos
Todos já ouviram falar no PIX, mas poucos sabem o que é e como ele mudará o mercado financeiro brasileiro em um futuro próximo. Resumindo, o PIX é um novo meio de pagamentos para fazer transferências e pagamentos de forma rápida, instantânea, sem esperar dias para que o pagamento entre na conta de destino. Ele foi criado pelo Banco Central com o objetivo de baratear as transações financeiras.
Hoje, transferências interbancárias são feitas através de TED ou DOC. Essas operações são custosas e podem demorar dias, e alguns bancos chegam a cobrar uma tarifa de até R$ 20 para prestar este serviço.
Agora, estas transações serão gratuitas para o usuário final e custarão a pechincha de R$ 0,01 a cada 10 transações para a instituição financeira e serão gratuitas para você, que poderá fazer transferências instantâneas 24 horas por dia, 7 dias por semana. Independente do banco de origem e destino.
Mas muito mais que isso, trata-se de mais um passo importante para a digitalização dos serviços bancários.
Eu costumo dizer que sou parte da última geração que viveu o pré-internet. Naquela época, você sempre precisava ir ao banco pessoalmente para fazer qualquer tipo de transação, pagamento de boleto, consulta de saldo ou qualquer outro serviço bancário.
Imagine que, para que qualquer pessoa do interior tivesse acesso à uma conta bancária, a cidade precisava ter um número mínimo de habitantes para viabilizar a instalação de uma agência física de um banco. E claro, junto com isso, vinha uma pilha de gastos: aluguel, funcionários, luz, telefone, reformas, etc. E esta estrutura justificava a cobrança de uma taxa para manutenção de conta.
Obviamente, o cenário é outro hoje. A internet simplificou muito as empresas financeiras. Primeiro vieram os internet bankings dos bancos tradicionais. Depois, a tecnologia permitiu a criação das fintechs, que oferecem conta sem a necessidade de uma agência física. O Nubank foi o primeiro grande case neste serviço. Mas podemos citar outros: Neon, Mercado Pago, PicPay, C6 Bank, PagBank e outros.
Este aumento exponencial na quantidade de empresas brigando por contas bancárias só beneficiou os consumidores. Hoje, em vez de cobrar de você para que você abra uma conta, as empresas estão pagando para que você tenha uma conta com eles.
Talvez o setor financeiro seja o maior exemplo de que a união entre o acesso à tecnologia e uma livre concorrência beneficia e muito o consumidor final.
Hoje, o PIX se lança como a grande novidade tecnológica do setor. A instituição financeira que não oferecer esta tecnologia irá ficar léguas de distância atrás da concorrência e perderá espaço no mercado.
Como entusiasta da inovação, tecnologia e livre mercado, fico sempre muito animado com este tipo de iniciativa que irá melhorar a vida de milhares de pessoas. Mas também me anima entender que não é o fim. A tecnologia e a inovação sempre estarão a serviço das pessoas.
*Bruno Dreher é consultor, palestrante, especialista em inovação pela Universidade Hebraica de Jerusalém, membro da World Futures Studies Federation (Paris, França) e World Future Society (Chicago, EUA).