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O ecossistema de startups apresentou resultados positivos em investimentos ao longo do primeiro semestre de 2024, segundo o One Page Report, da Sling Hub. Crédito: FreedomTumZ/Bigstock.

André Ribas Pereira

André Ribas Pereira

André Ribas Pereira é mestre em Engenharia pela UFSC e Coordenador do Hub InovAtiva pela CERTI.

Cenário otimista

Investimentos no segundo semestre: como preparar sua startup?

19/08/2024 11:54
O segundo semestre já começou e o segundo trimestre já está quase acabando. E, ainda assim, verifica-se que as incertezas quanto à recuperação de investimentos nas startups e retomada na queda dos juros (tanto aqui no Brasil, quanto nos EUA) ainda continuam.
Mesmo assim, o ecossistema de startups apresentou resultados positivos ao longo do primeiro semestre de 2024. Analisando negócios da América Latina, somente no mês de maio, houve um investimento de US$ 847 milhões (aproximadamente R$ 4,4 bilhões), segundo o One Page Report, da Sling Hub, plataforma de inteligência de dados. Só no Brasil, foram US$ 548 milhões (equivalente a R$2,9 bilhões).
O resultado aponta crescimento considerável em relação ao mesmo período do ano passado, ainda dentro do ciclo que ficou conhecido como “Inverno das Startups”, com uma expansão de 179% na América Latina e 259% no Brasil. Os mercados mais atrativos são os de inteligência artificial, saúde, energia e robótica. Mesmo assim, o mercado global ainda segue cauteloso, com investidores mantendo uma abordagem mais conservadora em relação a novos aportes.
Um dado positivo, revisado pela Crunchbase, é que o aporte financeiro nas startups em estágio inicial também vem crescendo, totalizando cerca de US$ 29,5 bilhões, um aumento de 6% em relação ao ano anterior. Esse salto foi impulsionado por investimentos em estágios iniciais, incluindo seed e anjo, além de grandes rodadas de Série A/B.

PMV sólido x investimentos

O Brasil lidera o número de startups ativas na América Latina, sendo que, ao longo do período entre 2013 e 2023, o país registrou mais de 13 mil startups ativas, o que representa quase dois terços do total da região, sendo seguido pelo México, Argentina, Colômbia e Chile. Mesmo com todo este histórico, ainda se percebe que a estruturação inicial dos negócios é um dos momentos mais desafiadores para os empreendedores, principalmente para validar sua atratividade junto ao mercado e aos investidores.
Posto isso, um dos conceitos mais relevantes neste momento é o Produto Minimamente Viável (PMV) ou Minimum Viable Product (MVP), em inglês. Trata da construção da versão inicial de um produto, que possui apenas as funcionalidades essenciais e é um termo bem popular no empreendedorismo. Foi popularizado por Eric Ries no contexto da metodologia Lean Startup (conjunto de processos usados por empreendedores para desenvolver produtos e mercados).
A ideia por trás de um PMV é lançar um produto no mercado o mais rápido possível, com o mínimo de recursos necessários, para testar a aceitação do mercado e coletar feedback dos usuários reais. Isso permite que as equipes de produto e de negócio aprendam com os usuários e ajustem o produto com base nas informações recebidas, antes de investir recursos significativos no desenvolvimento completo.
Com esses feedbacks, a estratégia otimiza o investimento inicial, permitindo que a empresa reduza riscos e evite desperdícios no desenvolvimento do seu negócio. Por fim, com uma solução mais robusta, que tenha demanda real e que esteja, de fato, satisfazendo as necessidades do mercado-alvo, as chances do negócio conquistar investimentos e aportes cresce exponencialmente.
Além de um PMV sólido, existem outros passos essenciais para que o empreendedor conquiste investimentos relevantes, tais quais um pitch convincente, um plano de negócios bem estruturado, estabelecimento de networking e bons relacionamentos, tração e apresentação de métricas de crescimento, entre outros aspectos.

Retomada gradual

Conforme mencionado anteriormente, a expectativa é que o investimento em startups continue crescendo, mesmo que a passos lentos. Nos últimos tempos, muitas empresas tiveram que reavaliar os planos de crescimento de suas operações, adotando uma abordagem mais criteriosa em relação aos investimentos captados e, principalmente, concentrando-se no “core” de seus negócios.
Após esse período de adaptação, com startups mais bem estruturadas, e levando em consideração uma perspectiva de queda na taxa de juros, o cenário se mostra otimista. É preciso reforçar, no entanto, que para conquistar investimentos, para além do cenário econômico de um país, o empreendedor necessita de preparação, networking, evidências concretas de progresso e uma equipe forte (não necessariamente nessa ordem). Com esses cuidados, é possível aumentar as chances de atrair o interesse e o financiamento de investidores para sua startup.