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O empreendedor é otimista por natureza e a gente tende a ignorar esses sinais.

Alex Frachetta*

Iniciando do zero

Bootstrapping: empreendendo a partir do zero

02/01/2023 14:51
O Brasil está frequentemente batendo recorde na criação de novos negócios, medido pela abertura de CNPJs. Qual seria o motivo disso? É a única alternativa ou o brasileiro tem prazer em sofrer?‌
Sofrer por quê? O número de encerramento de CNPJs também é altíssimo. Isso acontece porque as empresas quebram, só que esse cenário não é muito divulgado; afinal, ninguém se orgulha disso. Segundo o IBGE, 18,5% quebraram logo no primeiro ano, 52,5% quebraram até o quinto ano e brutais 74,7% quebraram até o décimo ano.‌
Quando eu estava começando o Apto, há 7 anos, li essas estatísticas e não me abalei. O que mais me deixou pensativo foi quando li a trajetória profissional do Jorge Paulo Lemman, o homem mais rico do Brasil, e ele contava que quebrou sua primeira empresa, e eu só pensava: se ele quebrou a primeira empresa dele, imagine o que eu vou fazer com a minha!
O empreendedor é otimista por natureza e a gente tende a ignorar esses sinais.‌
Uma validação comum que o empreendedor busca é apresentar a ideia para amigos e familiares. Não faça isso. Eles tendem a não ser sinceros com você, porque querem seu bem e preferem não te desanimar.‌
Muitos empreendedores estão tão obcecados pela ideia, que ouvem menos do que deveriam. Mas se você estiver realmente disposto a ouvir, pergunte a opinião para alguém que já construiu algo do zero.‌
Nos EUA, dizem que quebrar é um aprendizado valioso. Lá, o dinheiro é abundante, então o empreendedor raramente começa um negócio com recursos próprios e sim dos investidores, principalmente no mercado de startups. Logo, quando alguém quebra lá, não perde nada pessoal; já no Brasil, você tende a terminar pior do que começou financeira e mentalmente. Tudo isso está em jogo.‌
Pense num CEO que você admira. Pensou? Existem grandes chances de que ele ou ela "quebrou", pelo menos, um casamento. Elon Musk, Jeff Bezos, Bill Gates, Jorge Paulo Lemman etc. A lista é grande, porque não é fácil viver com quem tem 50 problemas na cabeça o tempo todo. Como ter um almoço de domingo sem se dispersar na conversa pensando em algum desses problemas?‌
Dizem que precisamos separar os momentos profissionais dos pessoais. Bom, recomendo que você tente. Eu não consigo, mas já fico muito feliz por não descarregar os meus problemas em quem eu gosto.‌
Trago essas realidades para você, porque ninguém quer falhar, mas vejo mais glamourização do empreendedorismo do que a dureza do dia a dia.‌
É importante conhecer os riscos, criar planos para ter sempre o melhor cenário e executar. Executar muito. Todo dia, inúmeras horas.‌
Empreender é para obstinados. É bonito falar que é obstinado, mas nenhum obstinado gosta de falar do que abre mão por conta da sua obstinação.‌
Além disso, no começo, você poderá ganhar pouco dinheiro ou nada.‌
Então, o que te motiva a entrar nessa jornada?‌
Se você tem uma resposta convincente, vá fundo. Que você supere as estatísticas com um produto maravilhoso e crie um ambiente de trabalho que seja prazeroso para as pessoas. O resto virá!‌‌‌
‌*Alex Frachetta é fundador da Apto.

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