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Leo Gmeiner*

Edtechs

Ano de 2020 foi catalisador da transformação digital na educação

14/01/2021 20:28
Sou pai de três filhos há 26 anos e me relaciono com escolas, na condição de responsável, há todo esse tempo. Complementarmente, tenho trabalhado com e para instituições de ensino nos últimos sete anos e, especialmente nesses últimos meses, estive ainda mais próximo delas, por conta do isolamento e do propósito de ajudá-las a passar pelos desafios que estamos enfrentando com o menor número possível de arranhões.
Olhando para esse período, vejo com muita clareza que, apesar de todas as incertezas e dúvidas que o desconhecimento inicial sobre os cuidados relacionados ao coronavírus causou, os colégios se superaram. Escolas e faculdades em todo o país foram ágeis e aprenderam como lidar com o inesperado e o desconhecido. Conseguiram se reinventar e várias delas deram largos passos rumo à modernização em apenas dias – e não em anos, como seria de se esperar.
A situação nos obrigou, a todos, a rever processos, pensamentos e até crenças. Em linhas gerais, os incêndios que as instituições de ensino tiveram de apagar nesse ano de 2020 envolveram quatro frentes.
Do ensino presencial ao remoto, gestores e educadores precisaram se reinventar para conseguir migrar de sala (a de aula para a de casa) a transmissão de conteúdo. Após a viabilização de aulas online, diretores e professores, com o apoio de profissionais de tecnologia da educação e da informação, se debruçaram sobre a qualidade na entrega de conteúdo e engajamento de alunos. O próximo passo foi das avaliações remotas e a consolidação dos novos processos, até que chegasse a hora da volta presencial, situação em que os profissionais tiveram de fazer imersão em saúde.
Por ser um empreendedor de tecnologia com foco em escolas, professor e por estar diretor do Comitê de Edtechs da Associação Brasileira de Startups, a visão que construí sobre as novas rotinas das escolas no ano que está terminando vem naturalmente repleta de leituras sobre como a tecnologia e, claro, as edtechs, contribuíram para aliviar o cenário caótico que estamos vivendo na educação.
Para cada incêndio, a tecnologia esteve presente e mostrando a que veio: plataformas de videoconferência viraram salas de aulas e sistemas de organização de saída ajudaram a entregar materiais didáticos em segurança. A gamificação, análise de competências socioemocionais e serviços de gestão online de conteúdo tornaram-se as principais ferramentas para os educadores que precisaram, muitas vezes, se reinventar em um clique. Termômetros e câmeras termo-sensíveis, plataformas de logística escolar inteligente e rastreamento de contato tornaram-se familiares às escolas e seus profissionais.
É importante agora o olhar aprofundado sobre tecnologias que ajudem as instituições a realizar ensino híbrido de qualidade, proporcionem micro-aprendizagem, estimulem as competências socioemocionais, facilitem aprendizado colaborativo baseado em problema, tornem o acesso aos conteúdos acessíveis e, por fim, que facilitem a rotina da gestão, para que diretores e educadores foquem na educação que é o que faz, de fato, a diferença.
Mesmo com a ainda necessária adaptação das mudanças, a relação alunos, pais, escola e tecnologia nunca mais será a mesma. O desafiador ano de 2020 foi cenário catalisador da transformação digital que as instituições de ensino há anos paqueravam e o empenho na melhoria de comunicação e ajuste às transformações, envolvendo esses atores, poderá dar início ao desenho da educação do futuro.
*Leo Gmeiner é fundador e diretor do Filho Sem Fila, primeira plataforma de segurança e logística escolar, diretor do Comitê de Edtechs da Associação Brasileira de Startups, professor de Inovação e Empreendedorismo na FIAP e pai ao cubo.