Thumbnail

9º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde, realizado recentemente em São Paulo, destacou projeto do Hospital Albert Einstein que utiliza IA para reduzir a mortalidade materna na Amazônia. Crédito: Prostooleh/Freepik.Crédito ProstoolehFreepik.

Marcelo Gripa

Marcelo Gripa

Marcelo Gripa é jornalista, especialista em comunicação corporativa e co-fundador da Futuros Possíveis, plataforma que gera discussões e inteligência sobre futuros.

Avanços com IA

Tecnologia contra a mortalidade materna e mais: tendências para o futuro da saúde

23/07/2024 17:34
A cada dois minutos, uma mulher morre durante a gravidez ou o parto. O dado alarmante é de um relatório das Nações Unidas sobre mortalidade materna com base em análises feitas entre os anos 2000 e 2020, sendo que, naquele ano, em meio à pandemia, 287 mil mortes nestas condições foram registradas no mundo todo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 95% desses óbitos aconteceram em países de baixa e média renda, como o Brasil, e a maioria poderia ter sido evitada.
Diante deste enorme desafio, a tecnologia pode ser uma aliada. Desde o ano passado, o hospital israelita Albert Einstein conduz um projeto na Amazônia, que registra taxas elevadas de mortalidade materna, com o objetivo de minimizar este problema.
Por meio da inteligência artificial generativa baseada em LLMs (o mesmo modelo de linguagem natural do ChatGPT), o hospital contorna a falta de assistência médica em regiões carentes e remotas do país e a alta demanda por consultas.
Funciona assim: a tecnologia "escuta" e transcreve o áudio de uma consulta realizada onde não há médicos especializados para o acompanhamento pré-natal ou tempo hábil para o atendimento. A IA, então, sugere ao profissional perguntas a serem feitas para ajudar na tomada de decisão relacionada à saúde da gestante e do feto.
O apoio à distância permite identificar falhas ou desvios de protocolos e dá acesso em tempo real às melhores recomendações para o procedimento. Batizado de SAMPa (Sistema Astuto para Monitoramento de Pré-natal), o projeto conta com o financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates.
"A tecnologia é um instrumento para atingir a equidade, não um fim”, afirmou Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, no painel de abertura do 9º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde, realizado recentemente em São Paulo.
Segundo ele, levar atendimento de qualidade a toda a sociedade é uma missão desafiadora por uma série de fatores, como as barreiras logísticas e de infraestrutura em um país com dimensões continentais onde há locais aos quais só se chega de barco. "Existe um papel benéfico da tecnologia como instrumento para melhorar a qualidade de vida e a equidade", completou.
A coleta de dados é um dos caminhos na busca pelo tratamento equânime à saúde, que considera também outros aspectos relevantes para a qualidade de vida, como o acesso a alimentos, moradia adequada e condições climáticas. Dessa forma, a tecnologia permite, por exemplo, identificar populações em territórios de alto risco que estejam vulneráveis a desastres ambientais, facilitando a criação de redes de vigilância.

O paradoxo da saúde e tendências para o futuro

Embora as pesquisas na área médica apontem para o aumento da longevidade no futuro, impulsionado pelo avanço da tecnologia e da medicina, o local onde se vive pode ser determinante para uma vida mais ou menos duradoura.
Tomando a maior cidade do Brasil como exemplo, em São Paulo a diferença pode ser de até 21 anos. Dados divulgados em 2021 pela Rede Nossa São Paulo e pelo Instituto Cidades Sustentáveis indicaram que moradores do bairro nobre Jardins, na Zona Oeste, vivem, em média, 80 anos, contra 59,3 anos de quem reside no bairro Iguatemi, localizado na Zona Leste. A expectativa de vida média dos moradores da cidade de SP é de 68 anos.
Para Kedar Mate, presidente do Institute for Healthcare Improvement (IHI), o avanço da tecnologia na medicina precisa estar acompanhado de uma melhor distribuição dela. “A mesma tecnologia que permite viver mais também desafia a equidade. A tecnologia é a saída, mas precisamos distribuí-la melhor e fazê-la chegar a mais pessoas", disse no painel do evento. De olho no futuro, Mate aposta em três grandes tendências que devem moldar os cuidados com a saúde daqui para frente e que estão diretamente ligados à tecnologia.
Na visão do presidente do IHI, os próximos anos vão consolidar o uso da telemedicina para atendimentos remotos, especialmente em regiões de difícil acesso, tornando a ida ao consultório menos frequente e necessária. Ele prevê, também, uma colaboração mais estreita entre pacientes e profissionais de saúde, tendo a tecnologia como apoio na geração de insumos para nortear tratamentos colaborativos a partir de experiências práticas.
Como consequência, Mate aposta que, à medida que o conhecimento médico for expandido por sistemas de inteligência artificial amplamente difundidos, a conexão humana será aprofundada. Afinal, sobrará tempo para conversas. Segundo Klajner, médicos nos Estados Unidos passam cerca de 2h30 por dia tomando notas durante as consultas, tarefa que logo deverá ser feita por um robô.

E vem aí o GazzSummit Agrotechs

O GazzSummit Agrotechs é uma iniciativa pioneira do GazzConecta para debater o cenário de inovação em um dos setores mais relevantes do país. O evento será realizado no dia 15 de agosto de 2024 com o propósito de conectar e promover conhecimento para geração de novos negócios, discussão de problemas e desafios, além de propor soluções para o setor.
O GazzSummit promove a disseminação de tecnologias e práticas de inovação que possam levar a cadeia produtiva ainda mais longe. Uma programação intensa de 12 horas de conteúdo, e mais de 25 palestrantes, espera os participantes que poderão interagir com players importantes do ecossistema como grandes empresas, cooperativas, produtores, entidades públicas, startups e inovadores. Garanta já a sua vaga.