Marcelo Gripa
Marcelo Gripa é jornalista, especialista em comunicação corporativa e co-fundador da Futuros Possíveis, plataforma que gera discussões e inteligência sobre futuros.
Mercado periférico de informática
O plano da Logitech para melhorar as reuniões no mundo híbrido do trabalho
Já parou para pensar qual distância você percorre por ano mexendo no mouse? Segundo Jairo Rozenblit, CEO da Logitech no Brasil, a média é de 30 km, podendo chegar a 42 km (uma maratona). Este é um exemplo do porquê a ergonomia não pode ser deixada de lado quando o assunto são as condições de trabalho.
Em entrevista à coluna “De olho no futuro”, o executivo falou sobre o uso de equipamentos adequados e tecnologias para aprimorar a integração dos mundos físico e digital, tornando as reuniões mais inclusivas.
Na visão dele, a customização é a nova fronteira do trabalho híbrido (modelo em que as pessoas atuam tanto no escritório quanto em qualquer lugar que tenha conexão à internet).
“Nada substitui o encontro cara a cara, mas não precisa estar sempre com o cliente. Podemos estar nos momentos especiais e o restante se faz por videoconferência, tornando a vida mais simples e produtiva”, afirma Rozenblit.
A Logitech é uma empresa suíça que lidera o mercado de periféricos de informática (mouse, teclado e fone de ouvido) no Brasil. Segundo o executivo, após a pandemia, a companhia intensificou a oferta de soluções personalizadas de acordo com as necessidades dos colaboradores.
A ergonomia é um dos aspectos considerados nesse processo, porque, segundo ele, pesquisas indicam que 2 em cada 10 usuários sentem dores ao usar o mouse ou o teclado. Em busca do melhor ajuste possível, testes realizados em laboratório pela empresa avaliam as reações de músculos e nervos durante o uso dos equipamentos.
Nesta entrevista, Jairo Rozenblit falou ainda sobre a visão de mercado da Logitech, a mudança de mentalidade das empresas em relação à customização no trabalho híbrido e compartilhou exemplos de produtos que tornam as videoconferências mais eficientes para quem está em casa.
Para onde está direcionado o radar da Logitech no Brasil?
Jairo Rozenblit: Antes da pandemia, já trabalhávamos com a estratégia do "anywhere office" (conceito que permite trabalhar de qualquer lugar). No pós-pandemia, ela se fortaleceu muito e estamos lançando produtos que se adaptam às necessidades de cada consumidor. Tem o consumidor que exige alto desempenho, o que busca soluções mais estilosas, com design colorido no mouse e no teclado, e quem sente dores.
Pesquisas indicam que 22% dos usuários sentem algum tipo de dor no punho ou no braço ao utilizar equipamentos. Todos os nossos produtos são desenvolvidos na Suíça e temos um laboratório de ergonomia dedicado a entender os músculos e nervos utilizados nos diferentes usos. As soluções atendem tanto quem já sente dor quanto quem busca evitar sentir esse tipo de dor.
Sobre o mercado de trabalho, vemos o híbrido acontecendo. Tem quem vai para o escritório e tem quem fica em casa, e aí surgem situações. Por exemplo, quando o gestor está escrevendo em uma sala de reunião, quem está em casa não consegue ler. Para resolver isso, criamos um produto que é acoplado a um quadro branco.
Com inteligência artificial, apagamos a mão de quem está escrevendo e transformamos o quadro branco em um participante da reunião, de forma que, quem está em casa, vê tudo o que está sendo escrito. Assim, tornamos a reunião inclusiva. Outro exemplo é um produto que insere fotos e expressões online das pessoas que estão presencialmente na sala de reunião.
Então, a nova fronteira é a customização do trabalho de acordo com as necessidades das pessoas?
Jairo Rozenblit: Exatamente. Temos que dar opções para que as pessoas possam fazer ótimas reuniões no escritório e, também, no home office. Até porque, durante a pandemia, muitas empresas contrataram colaboradores de outras cidades. Como integrá-los em uma reunião? Primeiro, dando equipamentos para fazer uma boa videoconferência para quem está no escritório e, num segundo momento, criando condições para quem está de fora conseguir participar com qualidade, também.
Garantir o melhor desempenho dos colaboradores neste mundo híbrido se tornou uma preocupação das empresas após a pandemia?
Jairo Rozenblit: Vejo uma procura muito maior do que antes. Têm empresas mais avançadas no tema, mas, no geral, vejo as organizações preocupadas em fornecer soluções que melhorem a produtividade e a qualidade de vida dos funcionários, além da questão da inclusão.
Antigamente, a empresa falava: 'vou comprar o mesmo modelo de mouse preto para todos os colaboradores'. Hoje em dia, sentimos que as boas empresas querem entender os colaboradores de acordo com os perfis: quem precisa de mais performance, quem tem dor e necessita de uma alternativa ergonômica. Elas estão mais preocupadas em entender o ser humano do que antes.
O perfil de uso do consumidor brasileiro de periféricos de informática é diferente do que se vê no exterior?
Jairo Rozenblit: No exterior, o mercado wireless responde por cerca de 85%, e é difícil encontrar produtos com fios. Aqui no Brasil, ainda temos um grande mercado de produtos com fio (mouse, teclado, headset).
Temos que ensinar o consumidor que o produto sem fio é mais prático, e tem também o impacto ao meio ambiente, que nos preocupa. É uma questão passar a mensagem para o consumidor da forma correta.