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Antonio Camacho e Jorge Cuervo, cofundadores do Rili.ai. Crédito: Divulgação.

Marcelo Gripa

Marcelo Gripa

Marcelo Gripa é jornalista, especialista em comunicação corporativa e co-fundador da Futuros Possíveis, plataforma que gera discussões e inteligência sobre futuros.

Rili.ai

Nova rede social aposta em cópias digitais dos usuários para combater solidão

28/02/2024 12:04
Há espaço para mais uma rede social entre tantas existentes? Na visão de Antonio Camacho e Jorge Cuervo, sim. Os dois espanhóis são cofundadores do Rili.ai, aplicativo lançado nesta quarta-feira, 28, no Brasil, e que será liberado para uso aos poucos. Alimentada por inteligência artificial, a rede social chega com a proposta de abrigar cópias digitais dos usuários para permitir interação constante, 24 horas por dia, sete dias por semana. O objetivo? Combater a solidão online e manter o "patrimônio digital" das pessoas para preservar memórias, histórias e experiências.
Na Rili.ai, cada usuário tem o seu próprio "gêmeo digital", que pode ser treinado com mensagens de texto ou áudio em mais de 100 idiomas, incluindo o português. Também é possível agregar informações de perfis de outras redes sociais, como X, YouTube ou Twitch. Por meio da IA, o objetivo é que o avatar absorva conhecimentos para se tornar uma representação fidedigna do usuário (com características únicas como personalidade, linguajar e sotaque), podendo interagir com os demais participantes na rede por meio de tecnologias de clonagem de voz e sincronização labial.
"Criamos o Rili.ai como uma rede social, porque é muito melhor quando os usuários geram o conteúdo. Nas soluções existentes, como o ChatGPT, você fala com elas sobre qualquer assunto, mas as respostas não vêm dos usuários, é como se fosse uma Wikipedia. Queremos ter os pensamentos e os conhecimentos dos usuários nos 'Rilis' e, assim, criar uma inteligência artificial mais humanizada no sentido de replicar as pessoas", diz Camacho em entrevista exclusiva à coluna De olho no futuro. Segundo ele, os usuários são detentores de seus dados pessoais, bem como da propriedade intelectual dos perfis, e podem escolher removê-los da plataforma quando quiserem.
O aplicativo oferece vários recursos para aprimorar as interações digitais dos usuários. A funcionalidade "explore" permite que eles pesquisem perfis preferidos e descubram outros que compartilham interesses e preferências semelhantes, promovendo conexões significativas em uma comunidade virtual. A funcionalidade de bate-papo possibilita que os usuários iniciem conversas com outros 'Rilis' e revejam conversas anteriores. Outros recursos incluem listas de perfis favoritos, curtidas em conversas ou frases e compartilhamento de mensagens com qualquer pessoa por diferentes canais.
O foco principal da nova plataforma é a geração Z, de pessoas entre 16 e 25 anos, tanto pela facilidade no entendimento da proposta da nova rede social quanto pelos altos índices de solidão identificados nesta população. Uma pesquisa divulgada recentemente pela consultoria Statista concluiu que 79% das pessoas entre 18 e 22 anos reportaram se sentirem sozinhas.
"Descobrimos que a geração mais solitária que existe é a Z e que as necessidades dessas pessoas não são atendidas por nenhuma solução no mercado. Pensamos que seria incrível entregar a esta população uma ferramenta que unisse duas coisas que eles amam: inteligência artificial e criadores de conteúdos", explica Cuervo, que prevê uma interação mais poderosa da audiência dentro da plataforma em relação às concorrentes. "Não é como no Instagram ou TikTok, em que você passa o dedo para consumir conteúdo. No Rili.ai, você vai falar ou escrever, é uma conexão verdadeira", opina.
O cofundador da rede conta que há três tipos de perfis na plataforma: público (a versão que o usuário quer mostrar para o mundo); privado (para compartilhar com família e amigos) e individual (uma cópia de si mesmo para consulta exclusiva). Os casos de uso são variados. No segundo grupo, por exemplo, é possível estabelecer contato com o gêmeo digital da pessoa enquanto ela estiver indisponível, seja no trabalho ou dormindo, e iniciar conversas. Já no terceiro, dá para aprimorar competências pessoais ou profissionais que sejam do interesse do usuário. "Mesmo não sendo um especialista em nutrição, você pode pedir para o seu Rili se tornar um", exemplifica Cuervo.

Da ideia ao negócio

Os primeiros experimentos para validar a ideia do projeto começaram há cerca de um ano, quando o Rili lançou um site, em vários países, para avaliar o interesse das pessoas na ferramenta. A partir do teste, a empresa comprovou a disposição do público de interagir com avatares alimentados por IA e se surpreendeu com a predileção da geração Z (cerca de 50% do total) na comparação com os Millenials, que eram o foco original do projeto.
Outra descoberta marcante estava relacionada à dinâmica das conversas, que giravam em torno de quinze tópicos, dificultando a tarefa de criar um avatar que fosse especialista em todos aqueles assuntos. "Foi aí que mudamos a proposta. Em vez de criar incontáveis avatares especialistas em vários assuntos, percebemos que é muito mais fácil dizer para as pessoas criarem suas representações virtuais com as especialidades que elas quiserem", resume Cuervo.

Como acessar e expectativas

A liberação do acesso à rede social será gradual no Brasil, considerado pela empresa um dos mercados mais importantes. A versão alfa já está disponível aqui para todos os interessados, que precisam se inscrever em uma fila para esperarem ser notificados a construir seu próprio Rili, tanto no Android quanto no iPhone. Nesta etapa inicial, em que serão coletadas as impressões dos usuários, a meta da empresa é atingir cerca de 100 mil pessoas nos seis países que recebem o app a partir de hoje: Índia, Indonésia, Filipinas, Estados Unidos e México, além do Brasil.

E vem aí o GazzSummit

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