
Marcelo Gripa
Marcelo Gripa é jornalista, especialista em comunicação corporativa e co-fundador da Futuros Possíveis, plataforma que gera discussões e inteligência sobre futuros.
Rili.ai
Nova rede social aposta em cópias digitais dos usuários para combater solidão
Há espaço para mais uma rede social entre tantas existentes? Na visão de Antonio Camacho e Jorge Cuervo, sim. Os dois espanhóis são cofundadores do Rili.ai, aplicativo lançado nesta quarta-feira, 28, no Brasil, e que será liberado para uso aos poucos. Alimentada por inteligência artificial, a rede social chega com a proposta de abrigar cópias digitais dos usuários para permitir interação constante, 24 horas por dia, sete dias por semana. O objetivo? Combater a solidão online e manter o "patrimônio digital" das pessoas para preservar memórias, histórias e experiências.
Na Rili.ai, cada usuário tem o seu próprio "gêmeo digital", que pode ser treinado com mensagens de texto ou áudio em mais de 100 idiomas, incluindo o português. Também é possível agregar informações de perfis de outras redes sociais, como X, YouTube ou Twitch. Por meio da IA, o objetivo é que o avatar absorva conhecimentos para se tornar uma representação fidedigna do usuário (com características únicas como personalidade, linguajar e sotaque), podendo interagir com os demais participantes na rede por meio de tecnologias de clonagem de voz e sincronização labial.
"Criamos o Rili.ai como uma rede social, porque é muito melhor quando os usuários geram o conteúdo. Nas soluções existentes, como o ChatGPT, você fala com elas sobre qualquer assunto, mas as respostas não vêm dos usuários, é como se fosse uma Wikipedia. Queremos ter os pensamentos e os conhecimentos dos usuários nos 'Rilis' e, assim, criar uma inteligência artificial mais humanizada no sentido de replicar as pessoas", diz Camacho em entrevista exclusiva à coluna De olho no futuro. Segundo ele, os usuários são detentores de seus dados pessoais, bem como da propriedade intelectual dos perfis, e podem escolher removê-los da plataforma quando quiserem.
O aplicativo oferece vários recursos para aprimorar as interações digitais dos usuários. A funcionalidade "explore" permite que eles pesquisem perfis preferidos e descubram outros que compartilham interesses e preferências semelhantes, promovendo conexões significativas em uma comunidade virtual. A funcionalidade de bate-papo possibilita que os usuários iniciem conversas com outros 'Rilis' e revejam conversas anteriores. Outros recursos incluem listas de perfis favoritos, curtidas em conversas ou frases e compartilhamento de mensagens com qualquer pessoa por diferentes canais.
O foco principal da nova plataforma é a geração Z, de pessoas entre 16 e 25 anos, tanto pela facilidade no entendimento da proposta da nova rede social quanto pelos altos índices de solidão identificados nesta população. Uma pesquisa divulgada recentemente pela consultoria Statista concluiu que 79% das pessoas entre 18 e 22 anos reportaram se sentirem sozinhas.
"Descobrimos que a geração mais solitária que existe é a Z e que as necessidades dessas pessoas não são atendidas por nenhuma solução no mercado. Pensamos que seria incrível entregar a esta população uma ferramenta que unisse duas coisas que eles amam: inteligência artificial e criadores de conteúdos", explica Cuervo, que prevê uma interação mais poderosa da audiência dentro da plataforma em relação às concorrentes. "Não é como no Instagram ou TikTok, em que você passa o dedo para consumir conteúdo. No Rili.ai, você vai falar ou escrever, é uma conexão verdadeira", opina.
O cofundador da rede conta que há três tipos de perfis na plataforma: público (a versão que o usuário quer mostrar para o mundo); privado (para compartilhar com família e amigos) e individual (uma cópia de si mesmo para consulta exclusiva). Os casos de uso são variados. No segundo grupo, por exemplo, é possível estabelecer contato com o gêmeo digital da pessoa enquanto ela estiver indisponível, seja no trabalho ou dormindo, e iniciar conversas. Já no terceiro, dá para aprimorar competências pessoais ou profissionais que sejam do interesse do usuário. "Mesmo não sendo um especialista em nutrição, você pode pedir para o seu Rili se tornar um", exemplifica Cuervo.
Da ideia ao negócio
Os primeiros experimentos para validar a ideia do projeto começaram há cerca de um ano, quando o Rili lançou um site, em vários países, para avaliar o interesse das pessoas na ferramenta. A partir do teste, a empresa comprovou a disposição do público de interagir com avatares alimentados por IA e se surpreendeu com a predileção da geração Z (cerca de 50% do total) na comparação com os Millenials, que eram o foco original do projeto.
Outra descoberta marcante estava relacionada à dinâmica das conversas, que giravam em torno de quinze tópicos, dificultando a tarefa de criar um avatar que fosse especialista em todos aqueles assuntos. "Foi aí que mudamos a proposta. Em vez de criar incontáveis avatares especialistas em vários assuntos, percebemos que é muito mais fácil dizer para as pessoas criarem suas representações virtuais com as especialidades que elas quiserem", resume Cuervo.
Como acessar e expectativas
A liberação do acesso à rede social será gradual no Brasil, considerado pela empresa um dos mercados mais importantes. A versão alfa já está disponível aqui para todos os interessados, que precisam se inscrever em uma fila para esperarem ser notificados a construir seu próprio Rili, tanto no Android quanto no iPhone. Nesta etapa inicial, em que serão coletadas as impressões dos usuários, a meta da empresa é atingir cerca de 100 mil pessoas nos seis países que recebem o app a partir de hoje: Índia, Indonésia, Filipinas, Estados Unidos e México, além do Brasil.
E vem aí o GazzSummit
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