Edtechs Revolucionárias: Inteligência Artificial para o ensino de Idiomas
Beatriz Bevilaqua
Jornalista e Comunicadora de Startups. Formada pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), foi condecorada em 2013 pelo Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense, em Curitiba, pelo Sindijor PR e, em 2019 E 2021, como Melhor Profissional de Imprensa do Brasil pelo Startup Awards, maior premiação do ecossistema de startups da América Latina. Instagram @beatrizbevilaqua.
Edtechs Revolucionárias: Inteligência Artificial para o ensino de idiomas
13/09/2022 20:30
A língua inglesa é a mais falada no mundo e o idioma padrão em negócios internacionais, turismo e tecnologia. No entanto, no Brasil apenas 1% da população brasileira fala inglês fluentemente, o que coloca o país no 60º lugar no ranking de proficiência nesse idioma, segundo pesquisa do British Council. Algumas startups querem mudar esta realidade.
Fundada em 2013 pelo colombiano Diego Villegas e o americano Kamran Khan, aSlang é uma edtech líder na capacitação do ensino de inglês profissional, com conteúdos técnicos voltados para empresas. Por meio da inteligência artificial, a startup quer combater o “analfabetismo profissional” disponibilizando planos de estudos personalizados.
“Entendemos que o conhecimento de inglês exigido no mercado de trabalho é diferente daquilo que é ensinado na escola: em qualquer área, existem termos técnicos e específicos que dificultam a comunicação dos profissionais”, afirma Diego Villegas, cofundador e CEO da Slang.
Segundo a "The Economist Intelligence", a transformação digital nas empresas foi acelerada a uma taxa de 72% no período da pandemia e se mantém no pós-pandemia. Soluções em nuvem, inteligência artificial, machine learning, e a própria internet foram ferramentas apontadas como essenciais para este momento.
“Todas as organizações, desde escolas tradicionais até empresas públicas e privadas, que antes podiam postergar as iniciativas tecnológicas no processo educacional de seus alunos e colaboradores, se viram obrigadas a se adaptar a uma realidade digital de forma muito rápida - e esse novo cenário também reflete em um momento de transformação cultural no país”, disse Gabriela Iglesias, Sales Manager da Slang no Brasil.
Segundo a executiva, tornou-se mais fácil fomentar a prática da auto-aprendizagem, ou em inglês "self-learning". “Por aqui, do início da pandemia até os dias atuais, tivemos um crescimento de 133% no número total de clientes e esperamos que essa porcentagem só aumente”.
A edtech fez parceria com gestões públicas, como o Sebrae, entidade que fomenta e apoia pequenas e médias empresas brasileiras, e o Serpro, empresa pública de prestação de serviços em tecnologia da informação do Brasil.
Em 2020, a Slang foi eleita a edtech mais promissora do mundo no Global Edtech Startup Awards e em 2021, recebeu um aporte de R$ 14 milhões na Série A.
“Ainda há muitas empresas e escolas que sentem dificuldade em implementar um programa mais automatizado e auto-dirigido. No caso de muitas empresas, contemplar uma política de idiomas é um desafio novo. É nosso papel ajudar estas organizações a criar um modelo de capacitação eficaz para seus colaboradores e alunos”, disse Gabriela Iglesias.
Até o final do ano, a empresa pretende lançar mais de 30 novos cursos focando principalmente nas áreas de indústria de manufatura e tecnologia e design.
Inglês via WhatsApp
Com o crescimento dos dispositivos tecnológicos em nossas vidas, os alunos mudaram drasticamente a forma de aprendizagem. Atento ao cenário, o empreendedor alemão Jan Krutzinna fundou a ChatClass, startup que visa revolucionar a educação de forma interativa via chat pelo WhatsApp e Instagram.
Hoje, o WhatsApp é o aplicativo mais acessado do Brasil e está instalado em 99% dos smartphones, segundo a pesquisa “Panorama Mobile Time/Opinion Box”. A partir de recursos de inteligência artificial, a edtech oferece a possibilidade para empresas, instituições de ensino e professores de inglês autônomos criarem seus cursos e treinamentos na plataforma de forma rápida, selecionando umas das atividades prontas ou por meio do preenchimento de formulários, sem necessitar de experiência em desenvolvimento de softwares.
Os cursos e atividades, são distribuídos de maneira automatizada no WhatsApp ou Instagram do colaborador/aluno, funcionando como um robô que se comunica via áudio e texto, com perguntas de diversos formatos, organizadas em pílulas de conhecimento com correções automáticas.
“É uma conversa robotizada, mas sem perder o sentimento de interação humana, devolvendo novas tarefas para o aluno e feedbacks sobre o aprendizado”, explica o CEO e fundador da ChatClass, Jan Krutzinna.
Para o CEO, apesar da pandemia acelerar a digitalização da educação, ainda falta sabermos fazer uso de automação e técnicas modernas de ciência de dados.
“Ainda existem secretários e professores distribuindo arquivos grandes em PDF por meio dos grupos de WhatsApp e estudantes mandando de volta fotos com as respostas - é sim um escopo digital, porém muito manual ainda. Com o avanço da digitalização, esses fluxos deveriam ser mais automatizados e respaldados por dados”, explicou o CEO.
Para otimizar o trabalho destes profissionais, poderia-se utilizar chatbots via WhatsApp para troca de informações e compartilhamento de conteúdos das matérias, como o que o ambiente presencial oferece, com interação e conversas entre estudantes e professores.
A empresa já impactou mais de 300.000 estudantes de escolas públicas com o ensino de inglês gratuito via chatbots em parceria com Secretarias de Educação por todo o país. Também realizou duas Olimpíadas de Inglês junto ao Escritório de Ensino de Língua Inglesa (RELO) da Embaixada e dos Consulados dos EUA no Brasil, em formato de concurso cultural para estimular o ensino de inglês por meio da tecnologia de conversação via chat pelo WhatsApp.
Para Jan Krutzinna, o Brasil é o maior ecossistema de tecnologia educacional da região. Segundo o empreendedor, é de uma representatividade e grandeza admiráveis, visto os obstáculos e lacunas que a educação brasileira enfrenta.
“Desde que chegamos ao mercado, em 2014, atendemos mais de 500 mil estudantes com a nossa solução de ensino via chat pelo WhatsApp e Instagram, firmamos parcerias com grandes empresas como Empiricus e Stone, além de integrantes do Projeto SOMA, BASF, LinkedIn, e Visa que também aderiram à plataforma para criação de cursos de diversas áreas para aprimoramento”, disse.
As relações interpessoais e a forma de ensino hoje já não são mais as mesmas e a pandemia impulsionou ainda mais a transformação digital em todos os segmentos. A Slang e o ChatClass são apenas alguns exemplos de edtechs que utilizam IA para otimizar o estudo da língua inglesa. Siga acompanhando a nossa série sobre as edtechs aqui no GazzConecta, traremos mais cases que estão revolucionando a educação no Brasil.