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Thays Bittar.

Beatriz Bevilaqua

Beatriz Bevilaqua

Jornalista e Comunicadora de Startups. Formada pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), foi condecorada em 2013 pelo Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense, em Curitiba, pelo Sindijor PR e, em 2019 E 2021, como Melhor Profissional de Imprensa do Brasil pelo Startup Awards, maior premiação do ecossistema de startups da América Latina. Instagram @beatrizbevilaqua.

Inteligência emocional

“Autoconhecimento é a base para empreender”, diz CEO da The School Of Life

19/10/2023 12:24
Num mundo cada vez mais tecnológico, vivemos no “piloto automático” e com um turbilhão de pensamentos e pendências a serem resolvidas a todo momento. A era digital exige que tenhamos alto desempenho das nossas funções, mas não somos robôs. Temos os nossos limites físicos e emocionais.
O Brasil é líder mundial em prevalência de transtornos de ansiedade, de acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017. Novos dados apontam que 26,8% dos brasileiros receberam diagnóstico de ansiedade e 12,7% relatam já terem recebido diagnóstico para depressão. Ainda assim, apenas 5% das pessoas fazem psicoterapia no país - segundo pesquisa recente da “Panorama da Saúde Mental”, corealizada pelo Instituto Cactus e AtlasIntel.
Entrevistei a Diana Gabanyi, cofundadora da The School Of Life - organização global cuja missão é ensinar inteligência emocional a adultos. Sediada em São Paulo, a filial do Brasil trabalha, desde 2013, com um público que busca explorar as questões fundamentais da vida em torno de temas como amor, sociedade, família, relacionamentos e, principalmente, o autoconhecimento.
Diana é, também, mãe da Mila e coautora do livro #BoraInspirar, sobre empreendedorismo feminino. Amante do esporte, anualmente, reserva espaço na agenda para atuar como diretora de comunicação do maior evento de tênis da América do Sul, o Rio Open.
Em conversa exclusiva para a a coluna Conexão Startup, ela fala sobre a importância do autoconhecimento durante toda a sua trajetória profissional e, mais ainda, como empreendedora e à frente da prestigiada escola internacional. Confira a entrevista abaixo:
A The School Of Life chega aos 15 anos de fundação em Londres e 10 anos no Brasil. Qual a importância de se ter um bom relacionamento com os sócios para o sucesso do negócio? Afinal, no Brasil, um dos motivos de quebra de uma empresa é a briga entre os sócios. Como saber escolher? Por onde começar e quais os principais cuidados?
Diana Gabanyi: Acredito que eu e a minha sócia, Jackie de Botton, desde o começo, colocamos a amizade acima de tudo. Antes de montarmos uma empresa juntas, nos conhecíamos bem o suficiente para entendermos a ética de cada uma, os históricos familiares que moldam nossas histórias e o jeito de trabalhar.
Ambas somos muito "fazedoras" e, mais importante, cada uma com personalidades e competências muito diferentes e totalmente complementares. Sociedade é como um casamento. Exige muita confiança e todas as outras questões que citei.
Como em um relacionamento amoroso, precisa de respeito, diálogo aberto, vulnerabilidade. Como todos os relacionamentos, alguns dão certo, outros não. Se fosse para escolher uma característica fundamental seria a ética.
Você é uma apaixonada pelo empreendedorismo. Quais foram as maiores lições aprendidas nesta jornada?
Diana Gabanyi: Venho de uma família de empreendedores. Desde sempre, aprendi a ter paixão pelos negócios nos quais estou envolvida. É isso que vai lhe mover a superar desafios que você nem imaginava existirem. Sem a paixão, você acaba desistindo, especialmente em um país como o Brasil, que a gente ama, mas tem diversas peculiaridades fiscais, de câmbio, entre muitas outras questões para quem tem o próprio negócio.
Destacaria a importância de ter pessoas leais e verdadeiras ao seu redor; de olhar sempre para as mudanças que estão acontecendo no mercado, porque tudo muda muito rápido e você precisa estar à frente; não ter medo de errar (claro que com erro calculado); e ter uma entrega de excelência, sabendo exatamente o seu diferencial. Sempre lembrando do aprendizado dos estoicos: se preocupando com o que está no seu controle.
Você é autora do livro "Bora Inspirar". Como conciliar a carreira (especialmente o empreendedorismo que é mais instável e exige mais tempo) e o sonho de ser mãe?
Diana Gabanyi: Nunca foi uma questão para mim escolher entre o trabalho e a maternidade. Eu já tinha um estilo de vida mais intenso em relação ao trabalho, mas mais flexível ao mesmo tempo.
Desde que minha filha era bebezinha, sempre que possível, eu a levava para todos os lugares, do escritório a viagens de trabalho - e ela adora participar. Claro que conto com a parceria do meu marido para isso.
Mas, apesar de trabalhar muito, dedico bastante tempo para minha filha: adoro participar das reuniões e dos encontros escolares, por exemplo. Não é um sofrimento. Mas, obviamente, tive que abrir mão de algumas coisas como um blog que eu tinha durante uma época; algumas oportunidades de parceria que antes faziam sentido e hoje não fazem mais.
No entanto, sei que nem todas as mães têm essa flexibilidade e oportunidade. É preciso uma estrutura muito boa para encontrar esse equilíbrio - nem sempre é um equilíbrio, mas estar disponível e envolvida com a maternidade e trabalhando com excelência.
Quais as habilidades fundamentais que é preciso ter para ser um empreendedor mais resiliente? Como a The School Of Life pode ajudar neste processo de autoconhecimento?
Diana Gabanyi: Na hora de escolher o caminho que você vai tomar na carreira, não consigo imaginar não passar pelo autoconhecimento. É a base de tudo.
Quanto mais você vai assumindo responsabilidades, se torna ainda mais importante, não só para se perceber, mas para enxergar como os outros lhe percebem e, assim, melhorar relacionamentos e conexões; dar melhores feedbacks, entre outras situações.
Para mim, resiliência e empreendedorismo andam juntos. Aqui na The School of Life somos educadamente pessimistas, que é o que os estoicos nos ensinam, e estamos olhando para como sempre podemos melhorar e verdadeiramente sairmos mais fortes de situações difíceis. E, não apenas isso, mas de vez em quando, aceitar a perda. Essa é uma das grandes lições.
Você é jornalista e empreendedora. Como você faz a sua própria curadoria de conteúdo no dia a dia para se manter sempre bem informada?
Diana Gabanyi: Continuo lendo o jornal impresso brasileiro e o jornal internacional online. Faço questão de ler de fontes confiáveis e sempre checar a informação. Invariavelmente, entramos em uma bolha e é preciso sair dessa bolha com frequência para entender o outro.
O que você diria para si mesma se tivesse um encontro com a sua outra versão na adolescência?
Diana Gabanyi: Continuaria sempre curiosa e sem medo de errar, indo atrás do que eu queria. Gostaria de ter tido a The School of Life e toda a bagagem de inteligência emocional muito mais cedo. Teria aproveitado muito melhor alguns momentos que não voltam jamais. Às vezes, a correria do dia a dia não faz com que apreciemos momentos tão importantes. E continuaria cercada de bons amigos e contatos.
Alguma mensagem final?
Diana Gabanyi: Muito recentemente, tenho pensado nas pessoas que nos cercam e como tanta gente se entrega para o trabalho durante grande parte das suas vidas. Só tenho a agradecer às mentes brilhantes com quem troco diariamente e tenho tentado tirar isso do pensamento para a ação, como disse Cícero: "A gratidão não é só a maior de todas as virtudes, mas a mãe de todas as outras".

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