Camila Farani
Novos negócios e oportunidades
Vendas online são a essência para um mundo novo, mas exigem cuidado
Mesmo como todo o avanço tecnológico que tomou conta do mundo nos últimos 10 anos, alguns setores da economia mundial ainda não tinham encontrado o ponto de inflexão para mudar a forma como os negócios eram feitos.
Com a chegada da crise do coronavírus, esses mesmos setores acabaram se vendo obrigados a usar soluções que até então tinham pouca força, como é o caso dos supermercados e empresas focadas na venda de bens de consumo.
Como esses produtos passaram a ocupar o primeiro lugar na lista de prioridades de grande parte das pessoas, as vendas online se tornaram rapidamente a melhor maneira de garantir os recursos básicos enquanto a situação não volta ao normal.
Como será o mundo novo pós-pandemia?
Essa é a grande pergunta que varejistas e consumidores se fazem diariamente, já que não restam dúvidas de que estaremos em um mundo impactado pela pandemia do coronavírus. Mas, apesar dessa certeza, apontar exatamente quais serão as principais mudanças ainda é muito difícil.
No entanto, um fato certo é que a relação entre supermercados e lojas de alimentos e as vendas online nunca foi tão próxima.
Uma das maiores provas desse casamento forçado está sedeada em Seattle, nos Estados Unidos. Apesar de ser mundialmente conhecida como “a loja de tudo”, a Amazon nunca teve grande representatividade na venda de alimentos.
No entanto, com a crise, as medidas de distanciamento social e a necessidade de adquirir itens de primeira necessidade, como alimentos e produtos de higiene, não só a Amazon mas milhares de outras empresas de e-commerce tiveram que se ajustar para atender a nova demanda.
Uma pesquisa realizada pela Rakuten Intelligence e a empresa de pesquisas Nielsen mostrou que, só na semana do dia 18 de abril, as vendas online de bens de consumo nos Estados Unidos tiveram um crescimento de 56% na comparação com o mesmo período de 2019.
Nesse período, a categoria que mais cresceu foi a de alimentos, com um aumento de 69,5%, seguido por outras categorias como produtos de higiene e cuidados pessoais, produtos para bebês, saúde e beleza e produtos para pets.
E, como a tendência é que as pessoas ainda continuem passando mais tempo em casa devido às restrições de circulação, as vendas dessas categorias devem continuar em alta.
Pessimismo em alta
Um outro fator negativo que pode impactar positivamente as vendas de alimentos e outros bens de consumo é o pessimismo com que as pessoas estão enxergando esse momento. Nos países afetados pela crise as pessoas se mostram pessimistas ou inseguras no que diz respeito à recuperação econômica.
Isso está exposto na pesquisa McKinsey COVID-19 Consumer Pulse Survey, 2020, que mostra o grau de insegurança e pessimismo entre os respondentes. Veja os países com maior percentual de pessoas inseguras e pessimistas de acordo com a pesquisa:
Um passo à frente
Os grandes players do mercado de bens de consumo estão atentos ao que acontece hoje, já pensando nos próximos passos durante e após a crise.
Essas empresas já estão com suas equipes de planejamento monitorando todas as suas operações e o cenário externo para compreender quais devem ser seus próximos passos.
E o que é possível identificar em toda essa movimentação é que as empresas do setor atuam com base em 5 pilares:
- Ter clareza total sobre sua posição atual;
- Considerar vários cenários diferentes para o pós-pandemia;
- Definir a postura adotada pela empresa;
- Determinar movimentos estratégicos e ações que sejam robustos em qualquer cenário;
- Ter definidos gatilhos que fazem a empresa se mover na hora certa.
Cuidado
No entanto, é preciso muito cuidado para que as ações da empresa durante um período delicado não sejam vistas como oportunidade, mas como oportunismo barato.
Por isso muitas empresas do setor vêm se esforçando para transmitir mensagens onde deixam claro como seus produtos podem ser uteis no cotidiano das pessoas, sem deixar outras causas, como a sustentabilidade, de lado.
Serão essas empresas que estarão bem posicionadas no mercado para atender as necessidades dos clientes durante o longo período que a retomada da economia mundial deve percorrer, e que devem liderar a o novo mercado de bens de consumo que está surgindo.