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Foto: Divulgação

Camila Farani

Empreendedorismo

O que podemos extrair de ensinamentos para os negócios com o Shark Tank

22/09/2019 22:00
Essa semana estive em Los Angeles, a convite do Canal Sony, para visitar os estúdios do Shark Tank nos Estados Unidos e encontrar com os meus colegas “tubarões” americanos: Mark Cuban, presidente da AXS TV e proprietário do Dallas Mavericks, um dos principais times da NBA; Lori Greiner, rainha do QVC (canal de compras americano) e empresária da área de marketing; o CEO e fundador da marca de roupas, FUBU, Daymond John; e o empresário e investidor Kevin O’Leary. Passou um filme na minha cabeça. Transportei-me para oito anos atrás, quando descobri o Shark Tank e pensei: “Puxa, é o melhor programa da TV dos últimos tempos”. Depois me lembrei da sensação quando sentei na cadeira da 1ª temporada da nossa versão brasileira, em 2016.
Nos Estados Unidos, a 11ª temporada está sendo gravada. Eu participei de um dia das gravações e pude perceber algo muito interessante: apesar do ecossistema americano estar bem mais desenvolvido que o nosso, os problemas são os mesmos. Ou seja, não existe diferença entre empreendedores brasileiros e americanos. Para quem está começando, fica evidente que os desafios são iguais. As dificuldades na hora de negociar, de saber fazer um pitch bem estruturado, de apontar com precisão os números são unânimes.
Aqui no Brasil já estamos na quarta temporada, e com muitos aprendizados. O programa oferece aprendizagem não só aos empreendedores, mas também a qualquer profissional que queira inovar. Isso inclui: como criar um diferencial competitivo em um negócio para ser comercialmente viável e se destacar, comunicar claramente sua proposta de valor por meio de dados e saber como obter financiamento. Por isso, a importância do Shark Tank como grande disseminador de informações qualificadas.
Segundo pesquisa realizada pela GEM (Global Entrepreneurship Monitor, 2019), o Brasil chegou a 38% na TTE (Taxa de Empreendedorismo Total). O número indicado pela pesquisa significa que em torno de 52 milhões de brasileiros possuem um negócio próprio. E esse número só tende a aumentar, o que eleva a importância de programas desta natureza.
De acordo com a Endeavor, 75% das empresas no Brasil fecham as portas por problemas de operação, mas somente 9% desses empreendedores buscaram preparo para administrá-las. Ou seja, startups precisam se preparar para dar um primeiro passo e desenvolver um planejamento estratégico. Dessa forma, definir métricas a curto, médio e longo prazo é um passo essencial. Além disso, medi-las constantemente e estar sempre com os números em dia estão entre outros aspectos mais cobrados pelos “sharks” nos pitches, e isso vemos claramente nas empresas que se apresentam no Shark Tank.
Portanto, listo aqui os cinco principais pontos que podemos aprender com as empresas que se apresentam no programa e que podemos levar para nossas vidas profissionais:

1. Aprenda a negociar

Isso significa ter a capacidade de receber “nãos”, ter equilíbrio, pensar rápido e fazer contra-ofertas. O importante é sempre oferecer cenários que possam ser ganha-ganha. Já vi muitos empreendedores perderem grandes oportunidades de negócio por não possuírem essa habilidade. Se você não aprender a negociar, estará sempre em desvantagem. Eleve seu fator de sucesso.

2. Destaque o que existe por trás do negócio

Em muitos casos, os investimentos acontecem por causa dos empreendedores e não pelo negócio em si. Muito mais vale um empreendedor executor, que colocará qualquer plano em prática, do que um bom negócio gerido por uma equipe que talvez não esteja disposta a performar e que seja inflexível. Portanto, enfatize o seu lado empreendedor, sua essência e história na hora de apresentar qualquer projeto. E, principalmente, como sua empresa fornecerá uma solução para o seu mercado-alvo. Ter uma história é uma maneira poderosa de influenciar as pessoas a investirem em sua ideia. Investidores sabem que pessoas apaixonadas não estão no negócio apenas para ganhar dinheiro.

3. Seja realista com os números

Não supervalorize o negócio. Seja otimista, mas traga números e argumentos da vida real. O que mais encontramos são empreendedores trazendo números estimados, que não condizem com a realidade e só são descobertos por nós na hora de abrir o plano de negócios. Entenda que existem desafios e fraquezas e que o mundo gira rápido. Um bom recurso é sempre apresentar o cenário otimista e o cenário pessimista. Isso vale para qualquer projeto.

4. Não venda uma ideia, venda um “desejo”

Sua empresa ou negócio precisa atender a uma real necessidade e você precisa saber comunicar bem sua proposta de valor. E mais: se for algo novo, transforme seu produto ou serviço em "desejo", convença seus potenciais investidores de que ele se tornará uma "necessidade". Estamos falando de riscos. Investidores gostam de empresas com bom potencial de crescimento e que podem capturar um grande mercado.

5. Ser rejeitado é uma oportunidade

O que mais me comove no Shark Tank são os empreendedores que recebem uma negativa, mas, mesmo assim, não desistem de contra-atacar. O que é ainda mais devastador do que a rejeição é a rejeição de uma ótima ideia porque você não a comunicou de maneira eficaz. E isso pode acontecer. Em ambos os casos, o importante é entender a sua falha, trabalhar para corrigi-la e concentrar esforços em novas oportunidades. Não foque no erro, mas no acerto. Essa é a diferença de pessoas bem sucedidas. Ao contrário do que se pensa, investidores avaliam bem empresas que já estão no mercado há mais tempo, gastando energia em descobrir melhores soluções.
Agora reflita: esses ensinamentos não se encaixam perfeitamente no nosso dia a dia de trabalho? Entenda que o profissional empreendedor possui os mesmos desafios que qualquer outro, com a diferença que ele arrisca mais. O fator inovação deve ser o nosso combustível para o crescimento. E talvez o ensinamento mais valioso seja: a rejeição pode ser difícil de aceitar, mas a perseverança é o segredo do sucesso.