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Desafio do marshmallow, criado pelo consultor Tom Wujec: menos preocupação com planejamento, mais criatividade na execução.

Camila Farani

Vozes

Ser inquieto te levará a lugares onde os acomodados nunca chegarão

10/11/2019 22:00
Conhece aquela máxima: insanidade é continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes? Pois ela é verídica. Principalmente quando nos referimos ao processo de inovação do universo empreendedor.
A criatividade envolve riscos. Reza a lenda que Thomas Edison, durante o processo de criação da primeira lâmpada comercializável, tentou mais de cem vezes até ter êxito. Mas, e se ele tivesse desistido nas primeiras tentativas? A questão é que o processo de criação de qualquer modelo de negócio está sempre baseado em tentativa e erro. O trabalho criativo está sempre sujeito à vulnerabilidade e rejeição e essa cultura é que precisa ser implantada nas empresas de hoje. O fracasso não é algo ruim, ele é o impulso que aumenta as possibilidades de grandes realizações criativas.
Já ouviu falar do Desafio do Marshmallow? Ele foi criado, em 2010, por Tom Wujec, profissional de Design Thinking, consultor e professor da Singulatity University, que já aplicou essa atividade com centenas de grupos em todo o mundo. O desafio consiste na formação de grupos e na distribuição de materiais inusitados e limitados: 20 espaguetes crus, um rolo de fita adesiva, um rolo de barbante, uma tesoura e apenas um marshmallow. Os grupos têm 18 minutos para criar a estrutura mais alta possível que sustente o doce no topo. Parece simples, mas não é.
Executivos e universitários de todo o mundo já tentaram realizar a tarefa, mas sem muito êxito, porque perdem até 90% do tempo no planejamento e esquecem do objetivo. Você sabe qual faixa etária costuma ter mais sucesso nesse desafio? As crianças da educação infantil. Elas tendem a experimentar mais e não possuem amarras na hora de explorar sua criatividade. Isso mostra uma questão muito valiosa: se preocupar apenas com informações sobre o mercado não é suficiente para o sucesso de uma empresa.
A aplicação do conhecimento juntamente com a lógica da tentativa e erro permite chegar ao protótipo tão importante para o processo de modelagem de negócios. Ele é uma etapa fundamental para quem está começando um negócio, criando um novo produto ou reformulando uma área na empresa. Isso evitará prejuízos em ações equivocadas.
Quando você muda sua perspectiva e se torna uma pessoa que assume riscos calculados e se desafia a sair da sua zona de conforto, você se abrirá ao mundo da experiência. Dentro da abordagem de psicologia dos Big Five ou os Cinco Grandes traços de personalidade importantes para o equilíbrio de um bom líder (abertura para a experiência, conscienciosidade, extroversão, agradabilidade e neuroticismo) - apresentados na década de 90 pelo pesquisador L.M. Digmanque. Dentre eles, a abertura à experiência se mostra uma vertente especial, pois é composta por qualidades como: curiosidade intelectual, imaginação, equilíbrio emocional e desejo de explorar a vida interna e externa. Esses pontos são habilidades importantes a desenvolver para realizações criativas.

O lado bom da ansiedade

A questão de sair da sua zona de conforto dialoga diretamente com o aumento da produtividade. Em 1908, os psicólogos Robert M. Yerkes e John D. Dodson, fizeram um experimento que revelou que o estado de conforto cria um nível constante de desempenho. Portanto, para elevar o nível de desempenho das equipes, as pessoas precisam ser motivadas a estar constantemente num nível de alerta, o que eles chamaram de ansiedade ideal.
É uma linha tênue da ansiedade. É usá-la para te impulsionar e não para aumentar seus níveis de estresse. Ansiedade ideal é quando sua produtividade e desempenho mentais atingem o pico. É nunca perder a ambição de tentar o novo. Sendo assim, para que você consiga mudar o comportamento e se tornar um profissional mais criativo, assuma os riscos e se desafie constantemente. Transforme a incerteza em um ambiente controlado e gerenciável.
Lembre-se: você sempre terá as rédeas da sua vida, viver fora da sua zona de conforto lhe dará a habilidade empreendedora de saber lidar com mais facilidade com mudanças inesperadas e com a lógica do mercado no século 21: um cenário de extremas incertas, competição acirrada e muito dinamismo.