Camila Farani
Não desista
Previsões, globalização e a sua única opção?
Ninguém duvida que o mundo será diferente quando a pandemia do coronavírus passar, mas é muito difícil saber o que realmente esperar dos próximos meses.
Afinal, existem muitas possibilidades, e com elas, muitas perguntas ainda sem uma resposta concreta e definitiva. Uma dessas dúvidas é sobre a rigidez das medidas de isolamento e distanciamento social adotadas, e como elas vão impactar a economia.
Porque medidas mais severas, como o lockdown, sem dúvida causam um impacto gigantesco na atividade econômica, mas o contrário também pode prejudicar muito a economia de qualquer país.
Afinal, sem o distanciamento, muito provavelmente o número de pessoas infectadas e sem condições de produzir poderia reduzir PIBs a zero, segundo o artigo Saving our livelihoods from COVID-19: Toward an economic recovery publicado no site da consultoria McKinsey.
E o gráfico abaixo, baseado no mesmo artigo, ilustra muito bem esse quadro.
E descobrir qual dessas opções é a menos impactante tanto na saúde das pessoas quanto na economia é o grande desafio dos governos mundo afora.
Previsões pessimistas
É claro que não dá pra fechar os olhos para os problemas e as dificuldades que estão surgindo, e que vão se intensificar nos próximos meses. As projeções não são animadoras.
O FMI, por exemplo, prevê uma redução no PIB global de cerca de 3% ainda em 2020, e retração de 6% nas economias do Leste Asiático, dos Estados Unidos e da Europa.
E essa retração já está sendo sentida em vários lugares, como nos Estados Unidos, onde os níveis de desemprego já estão chegando aos 20%, o que só pode ser comparado ao período da crise de 1929.
O que o passado ensina
E o passado pode trazer lições muito úteis para esse momento, como mostra um artigo publicado no site do MIT (Massachussets Institute of Technology).
Esse material traz um estudo sobre como as medidas de restrição impactaram a economia norte americana durante a pandemia de gripe que afetou o país entre 1918 e 1919.
E o mais interessante desse estudo é perceber que mesmo com as medidas de restrição e distanciamento rígidas adotadas na época, a retomada econômica foi muito mais acentuada nas cidades que agiram mais rápido para conter a proliferação da doença.
O estudo do MIT mostra que as cidades que adotaram medidas mais rígidas para conter a pandemia da época, como Oakland, Omaha e Portland rapidamente apresentaram aumento no número de empregos na indústria entre 5% e 6,5%.
Sim, o mundo e os sistemas econômicos mudaram muito de lá pra cá, mas isso pode servir de base para que se tomem decisões mais assertivas que não coloquem em risco a economia e a saúde das pessoas.
Como a globalização manteve a economia de pé
Toda essa crise que estamos vivendo também serve para mostrar que existem pontos muito sensíveis na forma como as empresas trabalham atualmente.
Alguns setores foram impactados com muita força quando a China adotou medidas restritivas mais severas, que interromperam o fornecimento de matéria-prima da indústria, por exemplo.
Mesmo assim, algumas empresas adotaram medidas como fechamento de unidades, não por não terem insumos para continuar produzindo, mas com o objetivo de conter a proliferação do vírus entre seus funcionários.
Porque ao contrário do que muitas pessoas pregam, dizendo que esse seria o fim do capitalismo, é o mercado globalizado que impediu que milhares de empresas simplesmente quebrassem de um dia pro outro.
Afinal, são as cadeias de suprimentos altamente complexas que permitiram que fabricantes de carros, por exemplo, encontrassem alternativas em outros países para manter suas fábricas funcionando.
Esse tipo de movimentação foi visto em empresas como Samsung, Fiat Chrysler, Nissan, Tesla e LG, apenas para citar algumas.
Por isso não é exagero dizer que foi o capitalismo e a complexidade das suas cadeias que evitaram um colapso global nos mercados.
Agora a única coisa que você pode fazer, por mais difícil que pareça, é continuar trabalhando sem desistir do seu negócio até que a retomada comece.