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Foto: Pixabay

Camila Farani

Omnichannel

Por que o e-commerce também quer se tornar físico?

15/09/2019 22:00
Nesta semana aconteceram dois fatos importantes para o mundo dos negócios virtuais. O primeiro foi a saída do fundador do Alibaba, Jack Ma, do cargo de CEO da companhia, uma transição importante para a maior corporação da Ásia e que, provavelmente, significa tempos de mudanças. Ao longo de duas décadas, Ma e sua história emblemática de empreendedorismo transformaram a empresa de marketplace em um gigante de US$ 460 bilhões, que superou o eBay e a Amazon.
O segundo foi o anúncio da abertura da primeira loja física do Aliexpress em terras brasileiras, mas precisamente em Curitiba, em uma parceria com o Ebanx, empresa de pagamentos. E isto não irá acontecer apenas no Brasil. A empresa já havia anunciado, segundo o CBInsights, a construção de um shopping center de cinco andares na China.
Além da Aliexpress, a Amazon começou a trilhar o mesmo caminho ainda em 2017: comprou a rede de supermercados Whole Foods por US$ 13,7 bilhões e inaugurou lojas físicas com o conceito “sem caixa”. Nos Estados Unidos já são 38 lojas em 10 estados. Dentre elas, 19 são livrarias e 12 são mercados de última geração, como a Amazon Go. A ideia da companhia é conquistar outros fluxos de receita e diminuir gastos com entregas, que mais do que dobraram de 2015 para 2017, chegando a U$ 22 bilhões, segundo o The New York Times.

Futuro do comércio está no omnichannel

Sim, está claro que o mundo virtual quer se juntar ao mundo offline. Mas por que se hoje o e-commerce em todo o mundo não para de crescer? Segundo o portal Statista, a projeção para este ano é de US$ 3,453 bilhões em vendas. No Brasil o crescimento também é exponencial. Em 2018, as vendas online foram responsáveis por movimentar R$ 69,8 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
A questão é que estar presente no mundo físico significa mais visibilidade e, por conseguinte, mais oportunidades de crescimento e marketing. Ou seja, as lojas físicas funcionam como uma vitrine do que existe online e são o contato direto das marcas com o consumidor.
Para entender como é importante esse mercado, na China, por exemplo, somente 17% das pessoas afirmam que suas compras são realizadas apenas na Amazon ou Tmall (varejista do Alibaba Group), segundo a consultoria PwC. Em declaração à Reuters, o novo CEO do Alibaba, Daniel Zhang, disse que “as lojas físicas exercem um papel indispensável durante a jornada do consumidor e deveriam ter tecnologias direcionadas a partir de dados e serviços personalizados”.
E é justamente isso o que podemos esperar para os próximos anos. A melhor estratégia para o varejo, hoje, é uma combinação entre lojas físicas e virtuais, o chamado comércio “omnichannel” (ou múltiplos canais de venda). Pesquisa da A. T. Kearney mostrou que lojas físicas tem um papel fundamental na conversão de vendas. Dois terços dos consumidores que compram online visitam uma loja física antes ou depois da compra. Isso se chama criação de valor.
A questão é que o futuro do varejo não é só online ou físico. Mas se refere à criação de uma estratégia que englobe ambos. Focar só no virtual é perder novas oportunidades. Vivemos a era das experiências e a observação dessa interação entre marca e usuário, a forma como os consumidores interagem com os produtos, é algo extremamente valioso no sentido de perceber ineficiências, inovar e transformá-las em lucro. Esse é o lema que fará aumentar as receitas das organizações - em qualquer setor de atuação.