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Camila Farani

Comportamento

Ótimos líderes também falham

08/12/2019 20:00
Todos somos suscetíveis a erros, inclusive ótimos líderes.
Afinal de contas somos todos humanos, correto? A questão é que vivemos num
ambiente cada vez mais competitivo e que nos impõe rápidas tomadas de decisões.
E como consiste a base dessas decisões? Ela advém, principalmente, da
sensibilidade e inteligência emocional desses executivos, pois o processo
decisório nada mais é do que a avaliação de uma situação com base no acúmulo de
experiências. Em resumo: somos o que vivemos.
Segundo o livro de Daniel Goleman, “Inteligência Emocional”, essa habilidade é responsável em 80% na distinção de líderes excelentes para medianos. A pesquisa mundial da consultoria Berson by Deloitte, de 2018, mostrou que 89% dessas grandes empresas acreditam ser importante, ou muito importante, estimular a formação de novos líderes. Contudo, apenas 13% delas acham que são realmente eficientes no esforço da criação de novos líderes e 7% afirmaram ser referência nesse processo interno. Ou seja, a formação de bons líderes recai significativamente nos resultados e sobrevivência dessas empresas.
A inteligência emocional é algo primordial nesse processo de
liderança. Trata-se do conjunto de habilidades e competências que estão aliados
com a capacidade de administrar os sentimentos, de autoconhecimento, e de saber
ouvir e se relacionar com o “outro”, no caso os colaboradores. É nesse ponto
que, segundo Goleman, diferenciamos o QI (índice do nível mental do indivíduo)
do QE (capacidade de perceber, avaliar, e controlar as emoções).
Para atingir resultados significativos, precisamos identificar o ponto de equilíbrio entre a empatia e a gestão, pois pessoas e ambiente têm um papel fundamental nesse processo. A tomada de decisão não é um ato único, mas coletivo. O artigo referência, “Por que bons líderes tomam decisões ruins”, de Andrew Campbell, Jo Whitehead e Sydney Finkelstein, com base na neurociência, mostra que certos padrões podem enganar líderes, e que a associação da nossa vivência a experiências passadas, assim como interesses próprios (como enxergamos os padrões que queremos) nos influencia a agir e isso pode nos levar ao caminho errado.
Entretanto, o que diferencia os ótimos líderes dos medianos não está relacionado a quantidade de erros, mas como eles lidam com eles. O processo para a excelência na liderança é justamente os ajustes que são feitos ao longo do processo, depois das falhas. Hoje vivemos na era da experimentação, portanto, líderes precisam entender que errar é algo bom e que os tornará mais fortes e próximos do sucesso.
Um outro conceito que se torna um diferencial dos líderes bem sucedidos é a chamada liderança “sem status”. Segundo Robim Sharma, criador do conceito, e autor do livro “O líder sem status”, todas as pessoas nascem com habilidades únicas e precisam de ajuda para se desenvolver. Em outras palavras, qualquer pessoa pode se tornar um líder, independente da função que desempenha. Sendo assim, líderes que sabem identificar essas competências e conseguem desenvolver isso nos indivíduos, motivando-os a atingirem e superarem metas, é algo transformador no ambiente dos negócios.
Outro aspecto importante é que a liderança está ligada com observação ativa dos fatos e circunstâncias, o que podemos associar a uma outra habilidade empreendedora. Não somente conversar com a equipe, entender as dificuldades e dar soluções para elas, como também ter o hábito de estar em movimento, fazendo coisas diferentes, frequentando novos ambientes e reciclando o conhecimento. Geralmente as boas ideias vêm de momentos fora das organizações.
O fato é que todo ótimo líder sabe que ninguém tem todas as respostas. Reconhecer quando somos influenciados por essas condições podem evitar muitos erros. E evitar grandes erros significa poupar tempo e estar mais próximo da tomada de decisão assertiva.