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Camila Farani

Gestão de problemas

Você está preparado para lidar com gente que fala a verdade?

22/03/2020 10:00
Aceitar as fraquezas corporativas não é uma tarefa fácil, mas faz parte do papel que todo bom gestor deve desenvolver. Tenho refletido sobre os processos de crescimento dentro das corporações e chego à conclusão de que é diante da dor, do problema, das crises, que as empresas se reinventam, desenvolvem a criatividade e acabam inovando.
Na semana passada, escrevi sobre o caso da empresa dinamarquesa Lego, que viveu uma crise financeira que a deixou à beira da falência. Ali existia um problema que precisava ser urgentemente solucionado e que exigiu da equipe gestora a postura de assumir que, de fato, existiam questões para serem resolvidas e, então, procurar soluções capazes de transformar o cenário que era caótico.
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Foi preciso ouvir pessoas, o que elas tinham para dizer! E é justamente aí que complica, um bom gestor precisa ter coragem para ter ao seu lado pessoas capazes de dizer a verdade e que não empurrem os problemas para debaixo do tapete. Você está preparado para lidar com gente assim?
Ter gente que diz a verdade e que aponta problemas pode ser uma coisa chata. Mas eu não estou falando de pessoas que usam da sinceridade como desculpa para serem cruéis. Estou falando de pessoas que, com base em dados, com base na vivência no dia a dia da corporação, conseguem enxergar além daquilo que enxergamos e apontar rotas de mudança.
Para algumas corporações, gente que diz a verdade não é bem-vinda, porque gente assim confronta os gestores com questões que geralmente sempre existiram, eram conhecidas, mas que ninguém falava para não ter que se dar ao trabalho de resolver.
Gente que confronta, que expõe deficiências corporativas tira a equipe gestora da zona de conforto. Afinal, todo problema exige uma solução, não é mesmo? Além disso, admitir que a operação não está redondinha pode se tornar uma questão de ego: como assim o meu negócio tem problemas? Não é uma questão tão fácil de aceitar.
Lendo um artigo publicado no Harvard Business Review, me deparei com a história de uma diretora de marketing que foi contratada por uma empresa financeira para identificar estratégias de crescimento. Depois de dois meses estudando a situação da empresa e pesquisando o mercado, apresentou um plano de ação à diretoria da empresa. Por incrível que possa parecer, seu plano não foi bem recebido, pois seu chefe achou que os tópicos apresentados eram desconfortáveis e difíceis. Definitivamente, o problema não era a profissional, afinal, ela cumpriu o papel para o qual foi contratada.
Esse é apenas um dos tantos casos que podem ilustrar como colaboradores podem ser “demonizados” quando suas opiniões divergem das opiniões dos gestores. E é também um exemplo para te chamar para uma reflexão sobre como opiniões divergentes da sua podem ser o pontapé inicial para uma transformação para melhor.
Exercite o hábito de ouvir! Talvez você esteja tão imerso no dia a dia do seu negócio, tão acostumado com a rotina, que não consegue ver detalhes que são mais perceptíveis para aqueles que olham de fora. E isso não é ruim.
Em ocasiões como essa, o papel do líder é chamar a responsabilidade para si - é a posição que a equipe espera. Ainda que seja desconfortável, se um problema existe, é preciso enfrentá-lo para que não tome proporções maiores. E, com certeza, a solução não está em excluir quem levantou a lebre, mas unir esforços com objetivo de resolver a questão. É assim que se avança.
Torne a avaliação dos processos uma constante e resolva os conflitos nos momentos em que eles acontecem. Com isso, você evita que os grandes desgastes aconteçam e mantém o negócio rodando de uma forma sadia.
Seja um líder acessível! Deixe que as pessoas te apresentem as questões que as incomodam, gerando nelas o sentimento de pertencimento. Permita e incentive que elas vistam a camisa do time e, acima de tudo, que não sintam medo de sugerir novos caminhos. Quando reconhecidas pelo empenho e dedicação, as pessoas se tornam mais engajadas e com gente engajada, o negócio flui. Lembre-se que é o gestor quem conduz a equipe.
Por fim, não tome as opiniões adversas como uma crítica pessoal. Quase nunca é. Instigue a sua equipe a pensar soluções práticas para essas questões. Se for preciso, utilize uma das tantas metodologias de colaboração disponíveis no mercado. E aí vale promover um brainstorm, utilizar as técnicas de Design Thinking e toda a sua criatividade.
Não exclua pessoas que são capazes de lhe dizer a verdade. Garanto que saber ouvi-las pode se tornar um caminho de crescimento profissional e pessoal. Afinal, como dizem por aí, duas cabeças pensam melhor do que uma.