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Camila Farani

Lego

Case Lego: da quase falência à liderança do mercado

15/03/2020 10:00
A experiência de transformação da empresa dinamarquesa Lego é realmente incrível. A companhia passou de uma quase falência na última década para a liderança na fabricação de brinquedos em todo o mundo — à frente inclusive da sua maior concorrente, a Mattel. Em 2019, de acordo com matéria publicada pelo site Fast Company, a empresa alcançou lucros de US$ 273 milhões no primeiro semestre e receita de US$ 2,03 bilhões.
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Isso
foi possível porque a empresa resolveu apostar na inovação como estratégia de
recuperação e crescimento. Digo isso pois, em 2003, a Lego se encontrava muito
próxima da falência, consequência de uma série de erros que poderiam ter sido
evitados e que foram cruciais para que a empresa se reinventasse.
Arrisco dizer que os erros aconteceram por uma gestão desencontrada. Vale lembrar que além da experiência em gestão, que é imprescindível, o gestor precisa contar com habilidades que vão além do conhecimento técnico: ele precisa estar identificado com a marca e seus produtos, concordar e compartilhar da cultura e valores da empresa. Precisa estar engajado e vestir a camisa.
Um dos resultados mais significativos para a gestão desalinhada foi a falta de foco: a empresa passou a diversificar sua linha de produtos e serviços, mas sem clareza de para onde estava caminhando e sem saber com qual público consumidor estava trabalhando nem o que ele desejava. Criaram-se, por exemplo, parques temáticos e programas de televisão. Ao que parece, tudo feito visando novos mercados, mas sem planejamento adequado, sem estratégia, sem metas definidas.
O resultado não poderia ser diferente: houve um desperdício de esforços, tempo e dinheiro, uma vez que a diversificação exige mais investimentos, maior infraestrutura, aumento na mão de obra, elevando os custos de maneira geral. Mais do que isso, a empresa se afastou do seu DNA original, perdeu sua identidade, criando uma lacuna entre ela e seus consumidores, além de fazer com que a Lego perdesse seu valor no mercado.
A recuperação só foi possível quando a empresa apostou na mudança e encontrou um gestor apaixonado pela marca que teve coragem de pivotar projetos que não estavam dando certo, voltando seus esforços para aquilo que a Lego sabia fazer de melhor. A empresa voltou a ter foco em brinquedos, porém de uma forma totalmente atraente e inovadora. Com isso, ela foi capaz de reconquistar a conexão com os seus consumidores. Não deve ter sido uma tarefa fácil.
Utilizando conceitos muito utilizados por startups mundo afora, a Lego apostou em novas metodologias que deram mais agilidade ao negócio e tornaram a experiência cliente/empresa mais colaborativa.
Exemplo disso é o seu Futuro Lab, um laboratório de inovação responsável por criar e produzir protótipos de brinquedos - fabricados em pequena quantidade e que, antes de ganharem escala no mercado, são validados pelo público. É uma ideia genial, pois a chance de colocar no mercado um produto que não terá aderência diminui consideravelmente.
O
objetivo do laboratório é identificar oportunidades de crescimento e garantir
que a marca fique à frente da concorrência, criando coisas que ainda não foram
feitas sem comprometer, entretanto, negócio principal da instituição. E, para
isso, conta uma equipe de profissionais altamente engajada, identificados com a
marca e que respiram inovação no dia a dia.
Outra aposta bem atraente é o Lego Ideas, que permite que qualquer pessoa participe do processo de criação por meio de uma plataforma disponível na internet. Na plataforma, a empresa criou um espaço para que o usuário envie sugestões de novos produtos e ainda possa se tornar um fã-designer.
A empresa incentiva que os usuários da plataforma coloquem seus pensamentos em prática, criem ideias atraentes e deem vida a elas com peças da marca. É uma forma fantástica de engajar o público, mantendo-os ativos e se tornando espécies de embaixadores da marca.
Isso tudo mostra que, no mercado tão acirrado e em constante transformação, ganha quem tiver coragem de pensar fora da caixinha. Ideias inovadoras e disruptivas são condição sine qua non para quem quer se manter competitivo. Manter a tradição da marca e ser inovadora ao mesmo tempo é possível, porém é preciso de coragem.