Anderson Godz
Desde 2016 Anderson Godz é investidor, conselheiro de administração e advisor para nova economia, projetos e governança corporativa. Autor de livro, criou uma comunidade de governança com mais de 12 mil pessoas. É conselheiro da Gazeta do Povo.
Governança e tecnologia
O dilema não está só nas redes: vivemos a era das contradições
rapidez com que a nova economia nos surpreende, podemos ver surgir novas Enron
ou Lehman Brothers digitais”. Escrevi essa frase há mais de três anos. Para
quem não se lembra, a queda da Enron no início dos anos 2000 foi um dos maiores
escândalos contábeis da história. Já o centenário banco de investimentos Lehman
Brothers cravou em 2008 a maior falência americana, na esteira da crise do subprime.
Mas por que tantas pessoas e empresas relevantes têm se movimentado ao redor de um tema que, à primeira vista, parece tão pouco convidativo como a governança? Talvez porque a cada dia que passa fica mais evidente em nosso cotidiano que temos que lidar com os inúmeros dilemas de unir tecnologia e poder, inovação e ética, velocidade e controle.
dilemas, não me refiro somente ao das redes sociais ou a privacidade hackeada,
temas dos algoritmos netflixianos. A inovação não é um conto de fadas. Os
dilemas são das redes mas também são empresariais e envolvem a tomada de
decisão na alta gestão. São novos paradoxos que demandam novas funções dos
conselhos e da alta gestão.
Mas os dilemas também são políticos e de poder, o que também poderia render uma série em serviços de streaming. Apoiar Trump ou o TikTok e o WeChat? Tecnologia 5G com os Estados Unidos ou com a China? De que lado você fica na guerra fria tecnológica do século 21? Respondo: no meio. Seus dados são a matéria-prima.
ética e da vida, os dilemas só estão começando: das tecnologias de melhoramento
humano à promessa de busca pela vida eterna de Elon Musk. A última do
empresário foi um chip que, segundo ele, será capaz de permitir o controle de
smartphones e computadores apenas com a mente. Por enquanto, apenas uma
porquinha chamada Gertrude teve o tal artefato implantado no cérebro. Por
enquanto.