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É fundamental entender o que fazer e o que não fazer caso decida usar a mesada como recurso na educação financeira dos filhos.

Luiza Dalmazo

Luiza Dalmazo

Luiza Dalmazo é jornalista e pedagoga. Dedica-se ao estudo de maneiras eficientes e divertidas de formar crianças e jovens inteligentes financeiramente, seja auxiliando os pais, seja ajudando escolas e outras instituições a treinar professores e criar materiais eficazes de ensino. No canal Balanço da Educação, compartilha algumas ideias e estratégias de como isso acontece ou pode acontecer. É sócia-fundadora da startup Legado Jovem, que reúne pré-adolescentes, adolescentes e jovens adultos interessados em empreendedorismo/ negócios, finanças e marketing digital.

Educação financeira

Os riscos da mesada – e como evitá-los

01/06/2023 14:05
Mesada é a principal ideia da maioria dos pais. Não é – e não deveria ser – o único caminho. Mas é um dos poucos que os responsáveis conhecem. Então, enquanto não chegamos aos outros pontos que precisam ser cobertos, é fundamental entender o que fazer e o que não fazer caso decida usar esse recurso de educação.
Mesada vem de mês e, portanto, é uma quantia entregue mensalmente às crianças. Aqui já vale um adendo importante. Essa frequência é válida para crianças com mais de 10 ou 11 anos, que já conseguem entender melhor o espaço do tempo. Se por acaso seu filho, afilhado ou neto tiver menos de 10 anos, o ideal é usar a “semanada”. Isso significa entregar certa quantia uma vez por semana.
O segundo risco está relacionado ao valor. Na dúvida, erre para menos. Aprender a lidar bem com o dinheiro inclui guardar, planejar, separar e esperar. Se o valor é alto, se a criança consegue fazer tudo o que deseja com o dinheiro sem passar por esses pontos, é porque a lição financeira não está saudável. Os custos básicos estão garantidos pelos responsáveis. Portanto, realmente não precisa de muito.
Outro desafio – que estraga tudo e que me faz não ser tão fã da mesada – é que ela precisa ser entregue em dinheiro vivo (papel e moedas) antes de que isso aconteça via bancos. Hoje em dia, quase ninguém tem dinheiro em espécie e em trocados toda semana para entregar às crianças. Entregar o valor uma vez e falhar no período seguinte foge totalmente ao propósito da mesada ou semanada.
O terceiro ponto está relacionado à forma fácil com que o dinheiro chega à pessoa. Um dos pilares importantes de uma boa educação financeira é ajudar a criança a perceber o valor do dinheiro. Se é entregue sem nenhum esforço, não inclui esse aspecto. Para driblá-lo, muitos responsáveis tropeçam em um dos que considero o maior risco: vincular a entrega da mesada a tarefas domésticas e outras responsabilidades da criança.
O dinheiro é entregue para que a criança aprenda a esperar, planejar, separar, guardar, gastar e até investir. Não é um prêmio por cumprir combinados e manter a casa em ordem. Isso precisa ser feito porque é assim que uma casa funciona bem, porque é saudável e porque estudar é fundamental. Fim de papo.
Existem alternativas para a mesada, mas isso é papo para outra coluna. Importante é saber que, se for encarar a mesada, vale ter uma boa conversa, explicar por que está iniciando ou mantendo essa prática e acompanhar o que a criança faz com o dinheiro depois de recebê-lo. Ajudo nessa também. A gente se vê por aqui para esclarecer tudo isso.