Trabalho
Videochamadas: qual é o papel da tecnologia no futuro do trabalho?
Em meio a um cenário de inúmeras reuniões a distância, a relevância das plataformas de videoconferência já está comprovada, e isso não terá nenhum recuo daqui para frente — mesmo com o retorno aos escritórios. Essa é a opinião de Alfredo Sestini, responsável pelas operações da plataforma de comunicação Zoom para o Brasil e América Latina.
A grande mudança de paradigma, segundo Sestini, estará no papel das tecnologias nos processos de integração e na volta à antiga rotina de trabalho. “Após mais de um ano longe umas das outras, as pessoas passaram a ver essas plataformas como um auxílio não só para reuniões, mas para comunicação.”
No Zoom, os impactos da pandemia repercutiram em um aumento expressivo nas receitas e na usabilidade. Impulsionado pelo distanciamento social, o aplicativo de videochamadas cresceu sua base de usuários gratuitos em mais de 30 vezes no Brasil. No caso das assinaturas pagas — empresas com 10 ou mais funcionários — o crescimento foi de 10 vezes.
Globalmente, o número de reuniões diárias saltou de 30 milhões para 300 milhões.
A operação local da empresa no Brasil também foi uma das consequências da pandemia. Em julho de 2020, os primeiros funcionários nacionais, entre atendentes e engenheiros, passaram a atuar em território nacional. Hoje, já são 20 colaboradores — e outros cinco devem chegar ao time até o final deste ano. “Todos esses resultados que vimos apenas aceleraram as intenções de chegar até aqui e antecipar algo que já aconteceria”, afirma. “A nossa tese de sucesso aqui já foi testada. O que faremos agora é inovar, contratar maiores equipes no Brasil e seguir em busca de mais crescimento”, diz.
O desafio agora, diz o executivo, é fazer com que a empresa seja vista como bem mais do que um app. “A maioria da população vê o Zoom como um aplicativo de videochamadas. Mas, na verdade, somos bem mais que isso. Somos uma plataforma de comunicação unificada e nosso trabalho é educar a população sobre essa percepção”, diz.
Em essência, ser uma plataforma de comunicação unificada, para o Zoom, é saber reunir conversas em videochamadas, ligações telefônicas, salas de reunião e até mesmo chats para troca de mensagens em tempo real ou a longo prazo em um único provedor, eliminando o esforço de buscar inúmeras ferramentas para cada uma dessas frentes.
Há espaço para as plataformas de vídeo no futuro do trabalho?
Um estudo da Universidade de Stanford mostrou que as pessoas já estão cansadas das reuniões online, o que os pesquisadores chamaram de “fadiga do Zoom”, um efeito colateral de uma estafa relacionada às videochamadas. Para Sestini, isso não será necessariamente um problema.
O especialista afirma que caberá às empresas criar políticas que amenizem esse sentimento de cansaço, enquanto as plataformas tecnológicas, como o Zoom, serão responsáveis por criar práticas mais inclusivas para ajudar as companhias no novo contexto do trabalho híbrido.
No Zoom, prevalece a ideia de que o futuro do trabalho é híbrido. A percepção é de que, mesmo com a tecnologia massificada, o olho no olho do trabalho presencial ainda é a melhor resposta para estar próximo do time e perpetuar a cultura de uma empresa.
Diante disso, a aposta da plataforma está no lançamento de novas ferramentas que auxiliem empresas neste novo momento corporativo. A primeira delas é a ferramenta Events, de transmissão de eventos virtuais. A tecnologia vai permitir que organizadores de eventos criem novos formatos para a transmissão, como chats, espaços para networking, presença de patrocinadores, pesquisas e gravações.
Do ponto de vista corporativo, um dos lançamentos é a ferramenta Video Engagement Center (VEC), que substituiu as ligações para call centers por videochamadas. Um processo que, segundo o Zoom, humaniza os atendimentos e causa maior engajamento. Na lista também está um recurso de tradução simultânea para reuniões.
Todas as ferramentas e o novo posicionamento da empresa têm uma intenção central: tornar as reuniões mais inclusivas. “O papel da tecnologia e dessas plataformas de comunicação, como o Zoom, é entender que o futuro será híbrido, com pessoas dentro e fora dos escritórios e das reuniões simultaneamente. Temos que ajudar na inclusão”, conclui Sestini.