Thumbnail

O governador do Paraná, Ratinho Junior, na ocasião da assinatura do acordo com o Centro de Desenvolvimento de Computação Avançada (C-DAC) da Índia, na sede da empresa indiana Tata Consultancy Services (TCS), em abril de 2024. Crédito: Jonathan Campos/Secom.

Computadores de alto desempenho (HPC)

Universidades do Paraná vão implantar supercomputadores com tecnologia indiana

GazzConecta
19/08/2024 18:03
A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), em Londrina, serão as primeiras instituições de ensino superior do estado a receber supercomputadores com tecnologia indiana, previstos no acordo de parceria firmado em abril pelo Governo do Paraná e o Centro de Desenvolvimento de Computação Avançada (C-DAC) da Índia.
Nesta segunda-feira (19), o governador Carlos Massa Ratinho Junior recepcionou uma comitiva do C-DAC, referência em pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia, que chegou ao Paraná para conhecer as estruturas para implantação de uma rede de supercomputadores em sete universidades estaduais contempladas no acordo.
A parceria prevê a transferência de tecnologia indiana para a montagem de computadores de alto desempenho (HPC) no Paraná. Com alta capacidade de processamento de dados, os supercomputadores permitirão avançar nas pesquisas em áreas como bioinformática, agricultura de precisão, genômica e inteligência artificial.
De acordo com a Agência Estadual de Notícias, o Paraná será pioneiro no Brasil na concepção de uma rede de HPC distribuída e também na produção própria dos supercomputadores, reduzindo a dependência estrangeira nessa área.
“Tecnologias como esta ajudam a consolidar o Paraná como um estado inovador e com vocação para a área de tecnologia. A construção desses computadores vai agregar muito à pesquisa das nossas universidades”, disse o governador em nota. “A Índia é uma potência em ciência e pesquisa e, para nós, é motivo de orgulho construir essa parceria.”
As sete universidades estaduais deverão ser dotadas com redes de alta conectividade para receber a tecnologia. “O Paraná tem um sistema robusto de ciência e tecnologia, que será plenamente atendido por essa estratégia de criarmos uma rede de conectividade de alta velocidade, com computadores de alta performance que permitem um trabalho de pesquisa, prestação de serviços ao setor produtivo e empresarial e o treinamento de profissionais”, explicou o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona.
“Estamos falando da transferência de tecnologia, aproveitando a expertise da Índia nessa área, para que possamos fabricar e montar os supercomputadores no Paraná e colocá-los em rede para atender os ativos tecnológicos no estado”, ressaltou Bona. “Trabalhamos com a perspectiva de ter duas máquinas de maior capacidade e outros supercomputadores em cada uma de nossas universidades, de modo que essa conectividade fique à disposição de todo esse sistema.”
Visitas no Paraná
Para conhecer melhor a infraestrutura tecnológica do estado, a agenda dos diretores do C-DAC no Brasil inclui visitas a Ponta Grossa e Londrina, cidade que, além de receber a tecnologia, também conta com uma filial da empresa indiana Tata Consultancy Services (TCS), líder global em serviços de tecnologia, que anunciou expansão dos negócios na cidade; Pato Branco, sede da empresa Hi-Mix, que será responsável pela montagem dos supercomputadores no estado; além de um encontro com o embaixador da Índia em Brasília.
Ligado ao Ministério da Eletrônica e Tecnologia da Informação da Índia, o C-DAC conta com mais de 4 mil profissionais envolvidos e uma estrutura de governança financeira sólida e já treinou mais de 20 mil pessoas ao redor do mundo no uso da tecnologia dos supercomputadores. A visita ao estado vai ajudar na organização e dimensionamento das máquinas e data centers que devem ser implantados no Paraná.
Pesquisador sênior da Fundação Araucária, Jorge Edson Ribeiro foi um dos responsáveis por iniciar a conversa com o centro indiano, que já rendeu a aquisição de um primeiro supercomputador, instalado em 2021 na UEPG, para servir como uma prova de conceito do projeto. “Agora, teremos mais duas máquinas principais no estado, uma delas direcionada mais ao setor acadêmico e outra que servirá também ao setor privado, com arquitetura própria para inteligência artificial”, disse.
“Estamos no processo de dimensionamento desses supercomputadores. Ainda vamos precificar, dimensionar os custos de manutenção para vermos com qual máquina vamos iniciar o projeto, para daí apresentar o anteprojeto e partir para os mecanismos de financiamento”, ressaltou Ribeiro. “Em seguida, iniciaremos o plano de construção das máquinas e a próxima fase seria a montagem para colocá-las em operação.”
Os supercomputadores têm uma tecnologia de computação com alto poder de processamento de dados. “Ela serve, por exemplo, para áreas que são pouco assistidas por computação, como genômica, biologia molecular, agricultura de precisão e inteligência artificial, todas as áreas que precisam de manipulação de um alto volume de dados”, disse o pesquisador. “São processamentos muito difíceis de serem feitos. Programas que demoram um ou dois anos para rodar, em uma máquina dessas passam para uma semana ou até um ou dois dias, conforme a capacidade da máquina e a natureza do projeto.”