Meta de ter 14 mil usuários até 2027
Startup paranaense aposta em educar agronegócio pelo WhatsApp
A Agredu, uma startup com raízes em Curitiba, está em busca de reformular o panorama da capacitação profissional no agronegócio brasileiro. A startup entrega uma abordagem completa para o desenvolvimento de equipes de vendas, abrangendo desde o mapeamento de habilidades individuais até a entrega de conteúdo personalizado e a formação de uma comunidade de aprendizado. O método central de distribuição ocorre de forma direta via WhatsApp, algo que fazem pensando em alinhar-se à rotina acelerada dos profissionais do setor.
A Agredu já obteve reconhecimentos importantes em pouco menos de três meses de existência. Neste mês, a startup foi uma das três finalistas do Prêmio Bett Brasil EdTech Awards, focado para as startups que fornecem soluções para o setor de educação, concorrendo na categoria Early Stage.
Aliança estratégica para inovação
A essência da Agredu é a colaboração estratégica entre a Pro Solus, uma companhia com mais de duas décadas de experiência no desenvolvimento de soluções tecnológicas para o agronegócio, e o Grupo Integrado, instituição de ensino paranaense com 38 anos de atuação e conhecido por um ecossistema de inovação que possui um Corporate Venture Capital (CVC) de R$ 5 milhões para investimento em startups.
O surgimento da Agredu foi precedido por uma análise aprofundada do mercado. No início de 2024, a Pro Solus conduziu uma extensa pesquisa junto a seus mais de 550 revendedores em todo o Brasil. O objetivo era identificar as principais lacunas e necessidades de treinamento, tanto em relação aos produtos comercializados quanto no que diz respeito a competências comportamentais cruciais para prospecção, negociação e fechamento de vendas.
"Identificamos que os profissionais da área comercial tinham dificuldades no fechamento de vendas, muitas vezes em razão da falta de conhecimento técnico sobre os produtos e da ausência de algumas habilidades comerciais e interpessoais", explica Bruno Reis, designer de produtos da Agredu. "A solução que se desenhava era levar capacitação de forma mais abrangente, não somente focando em competências técnicas, mas também as comportamentais. O desafio era como fazer isso de forma simples, ágil e efetiva, para um grande público espalhado em todo o Brasil."

Capacitação personalizada dentro do sistema
O cerne da Agredu reside em sua metodologia de aprendizado personalizado, que se inicia com o Mapa de Habilidades e Competências. Ao ingressar na plataforma, cada aluno realiza um teste de avaliação focado em 10 habilidades socioemocionais consideradas essenciais para o vendedor do agronegócio. Este teste não se restringe a apontar deficiências, mas também identifica os pontos fortes do profissional.
Com base nesse diagnóstico, a plataforma desenvolve um plano de capacitação contínuo e sob medida. O conteúdo é entregue diretamente pelo WhatsApp, utilizando o conceito de microlearning: pílulas de conhecimento curtas e direcionadas, como vídeos de dois a três minutos, textos concisos que se encaixam em uma mensagem de WhatsApp, áudios e questões interativas. Inclusive, a praticidade se estende à entrega dos certificados dos cursos, que também chegam diretamente por lá.
"A gente entrega pequenos pedacinhos de conteúdo, mas muitos deles. Quando eu junto tudo isso, eu fico com um arcabouço gigante de conhecimento", detalha Bruno Reis. "Criar mais um aplicativo seria ruim para a qualificação que precisávamos ofertar ao time de vendas. As pessoas esquecem o login e a senha, gastam tempo e energia demasiada em burocracias. No WhatsApp eles já sabem usar a ferramenta, já têm prática, ficam o dia todo se comunicando de maneira rápida e eficaz com os produtores rurais também."
IA que aprende e potencializa a jornada
A Agredu incorpora a Inteligência Artificial (IA) para potencializar a jornada de aprendizado. A IA da startup responde dúvidas em tempo real, proporcionando suporte imediato ao vendedor. Isso é particularmente útil em situações críticas, como durante uma negociação, onde o profissional pode precisar de detalhes sobre um produto ou de argumentos para ressaltar os diferenciais dos equipamentos, tudo com o objetivo de otimizar o fechamento da venda.
"Dentro do próprio número de WhatsApp, onde ele recebe o conteúdo, ele pode interagir ali mesmo e a nossa própria inteligência, ela vai devolvendo essas respostas para ele. Ele pode, por exemplo, mandar um áudio perguntando ali que assistiu a uma aula sobre irrigação e não entendeu uma parte específica de como mistura o produto A e B. Na sequência em que envia a dúvida, o usuário recebe uma resposta por texto e uma indicação de onde ele pode ver isso na própria aula”, detalha Bruno Reis.
Além da interação por bate-papo, a Agredu oferece uma comunidade exclusiva para seus usuários. Este ambiente funciona como um hub para troca de experiências, onde profissionais do agronegócio podem interagir, compartilhar conhecimentos e expandir suas redes. "A gente brinca que é meio que o ‘LinkedIn do agro’, porque a ideia ali é eles conseguirem trocar entre eles, trocar entre os pares e se conhecerem".
A comunidade também oferece acesso a informações extras, mentorias, eventos, atualizações e tendências do mercado, promovendo um desenvolvimento contínuo e colaborativo. O acesso à Agredu ocorre por meio de uma assinatura individual, com flexibilidade de cancelamento a qualquer momento. O plano mensal tem um custo de R$ 79,90.
Planos de expansão exponencial até 2027
A Pro Solus foi a primeira cliente da Agredu. Em menos de 30 dias após o lançamento, a plataforma já atendia aproximadamente 160 colaboradores da Pro Solus e mais de 300 profissionais das revendas parceiras. Estes números iniciais, avalia Bruno Reis, demonstram a receptividade e a demanda por soluções de capacitação eficientes no setor.
A startup planeja alcançar 14 mil usuários no agronegócio até 2027. Este objetivo, embora grandioso, é pautado por uma análise de mercado detalhada. “A gente tem uma perspectiva de que o agronegócio, como um todo hoje no Brasil, conta com mais de 9 milhões de pessoas que têm o seu sustento ligado ele. Esses 14 mil que buscamos representam 0,5% desse mercado", contempla.
Um dos pilares para chegar a esse número em dois anos é a fertirrigação, uma tecnologia de ponta no agronegócio que ainda é pouco explorada no Brasil, mas considerada parte do futuro do setor por especialistas. Com as maiores fábricas de equipamentos de fertirrigação localizadas na região de Campinas, em São Paulo, a Agredu identifica essa área como um polo estratégico para atuação.
Apesar disso, Bruno Reis conta que hoje a grande maioria dos atuais 460 usuários da plataforma estão no Paraná. A meta de expansão até 2027 é nacional, mas estados como Mato Grosso e São Paulo serão cruciais na empreitada. A startup é uma das confirmadas na Feira Internacional de Irrigação do Brasil (Fiib), que ocorre em agosto, em Campinas, para lançar novos produtos para o segmento.