MeetRox
Startup curitibana cria “IA das vendas” e promete poupar até 20% do tempo de vendedores com transcrições para CRM
Em meio à dominância das reuniões remotas, transformar a experiência de clientes em uma jornada positiva do início ao fim pode ser o calcanhar de Aquiles de muitas marcas durante o atendimento aos clientes — especialmente na hora de apresentar um novo produto ou serviço pela primeira vez. O duelo clássico entre humanização versus eficiência das ferramentas digitais (a começar pela IA generativa) se tornou a filosofia da MeetRox, uma startup que pretende mudar a forma como profissionais de venda interagem com os clientes finais — e como utilizam seu tempo para cuidar dessas relações.
O racional da MeetRox é permitir que vendedores utilizem seu tempo de maneira assertiva, poupando longos minutos gastos com o preenchimento de planilhas, alimentando softwares dedicados ao relacionamento com o cliente (CRM, na sigla em inglês), entre outras tarefas burocráticas. Para isso, a startup criou uma ferramenta pautada em inteligência artificial que faz esse tipo de serviço por si só.
A tecnologia — chamada de CRM Autofill — se encarrega de gravar as reuniões dos times de vendas com cada cliente, preencher automaticamente os sistemas de CRM dessas empresas e, por fim, usar parte dos dados capturados ali para gerar relatórios e indicadores que possam ajudar esses vencedores a manter um bom relacionamento com os clientes finais. Ao final do processo, a promessa é de mais eficiência e uma economia de tempo que supera os 20%.
A ideia de negócio é do empreendedor Chris Cornehl, um executivo que durante os anos de faculdade decidiu fazer trabalhos autônomos de transcrições de teses de mestrado e doutorado. Um interesse que deu origem à sua primeira empresa, a Audiotext, em 2012.
Já a conexão com as vendas veio em uma segunda tentativa empreendedora. “Estava com isso em mente: reunir o problema do universo de vendas e o ciclo de vendas, mas com algo que eu realmente tinha conhecimento, que era transcrição de áudio, só que dessa vez eu comecei com o propósito de criar uma tecnologia que fosse automática, porque para construir em escala, a gente precisaria construir uma solução que fosse muito boa, muito barata e boa para o português, para o Brasil”, conta.
Assim surgiu a MeetRox, em 2019, fruto dos esforços empreendedores de Cornehl e dos sócios Javier Yera e Thiago Silveira. “Mudamos várias vezes a maneira como íamos resolver o problema de performance dos times de vendas”, diz o CEO. Segundo Cornehl, o uso de IA e machine learning se mostrou um desafio maior do que o esperado, o que justifica as mudanças do modelo de negócio da startup desde a sua fundação.
Para chegar até o modelo atual, Corhnel e os demais fundadores e técnicos se debruçaram sobre os principais problemas que rodeiam o universo de vendas nas pequenas empresas. Ao longo de dois anos, o time fez pesquisas com mais 5 mil funcionários da área de Inside Sales de mais de 30 empresas a fim de compreender as principais dores dos vendedores que atuam de maneira remota — na qual a relação com o cliente pode ser ainda mais complicada.
A conclusão apontou para quatro problemas: o tempo despendido em atividades rotineiras e burocráticas, a ausência de uma visão unificada por parte da gestão, CRM preenchido com poucas ou insuficientes informações e falta de insights para melhorar a produtividade.
Não à toa, a proposta final da MeetRox é desafogar os times de vendas, livrando-os dessas atividades operacionais, deixando os vendedores livres para uma atuação “taylor made”, baseada na construção de um relacionamento customizado e próximo, a depender da necessidade de cada cliente. Na ponta, a inteligência artificial proprietária também ajuda a manter um relacionamento de longo prazo, já que capta nuances em cada reunião remota.
De acordo com o CEO, a eficiência na conversão do CRM Autofill de áudio para texto em português é de 95%. Já em relação aos indicadores que podem surgir após cada encontro online, métricas relacionadas ao sucesso (ou não) de uma venda após a atuação do time de inside sales e a troca de falas por minutos, ou seja, quanto tempo o cliente também interagiu.
A ideia com os relatórios pós-reuniões é oferecer uma visão holística sobre a estratégia de vendas e o seu impacto em toda a organização. “Somos uma empresa de inteligência de conversas. Oferecemos dados também para times de produto, marketing etc. Queremos tirar as empresas do escuro”, diz.
Entre as primeiras empresas a utilizar o CRM Autofill estão algumas startups de destaque como Creditas, Hiper, Sólides, AsaaS, Caju e Cortex. Algumas delas, inclusive, são importantes representantes no ecossistema de startups da região Sul, com destaque para as curitibanas Olist e LogComex e a catarinense RD Station.
Ao todo, são 30 clientes e 700 usuários da solução de preenchimento automático de CRM. No geral, segundo o fundador, são empresas de tecnologia com times já dedicados de vendas remotas, ou inside sales e que utilizam SalesForce, Hubspot e Pipedrive — os três players atualmente atendidos pelo Autofill.
Apesar de estar no mercado desde 2019 e alguns clientes em sua carteira, a MeetRox está anunciando sua chegada oficial ao mercado nesta quinta-feira, 22.
Para Cornehl, o lançamento se justifica após um ano positivo de testes com os clientes e a comprovação do “product market fit” da startup. “Acho que a ideia do lançamento foi muito resultado desse último ano que a gente teve, em termos de amadurecimento do produto, da tecnologia, e realmente a construção de cases com clientes importantes. Então, acho que foi esse entendimento para dizer que o produto está pronto”, diz.
Depois do CRM
Após um primeiro ano positivo, a MeetRox começa 2024 com metas ambiciosas. De 30 clientes, a intenção é chegar a 100 até o fim do ano, além de quadruplicar o faturamento. Nos planos da startup está, também, a captação de uma segunda rodada seed, que deve ajudar a empresa a acelerar investimentos em novas integrações de produto, adicionando novos softwares para além dos três CRMs atendidos atualmente.
O investimento também ajudaria a “refinar” a tecnologia, ampliando a quantidade de dados extraídos a cada reunião. Ampliar também os canais para além das videoconferências, como tíquetes, WhatsApp, entre outros. “Queremos dar uma visão de qualidade para toda a jornada do cliente”, diz Cornehl. “Tem muita demanda não atendida, mas tem muita gente compartilhando dessa dor”, diz.
Num futuro próximo, o volume de dados captados também vai ajudar a MeetRox a criar o "MeetRox Labs", uma espécie de laboratório e banco de dados sobre tendências para todo o setor de vendas.
“Hoje, a gente já tem mais de 100 mil horas de reuniões gravadas e analisadas, e o Brasil é muito carente de dados científicos sobre vendas”, diz. “Então a ideia é, neste ano, lançar isso e devolver para o mercado esses estudos com insights científicos do que eu posso aplicar no meu dia a dia para vender melhor e mais tanto para o vendedor quanto para o gestor”, explica.
E vem aí o GazzSummit
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O GazzSummit promove a disseminação de tecnologias e práticas de inovação que possam levar a cadeira produtiva ainda mais longe. Uma super estrutura espera os participantes, que poderão conferir mais de 30 palestrantes e mais de 300 empresas. O evento vai reunir players importantes do ecossistema como grandes empresas, cooperativas, produtores, entidades públicas, startups e inovadores. Garanta já a sua inscrição no site.