Amizade Saudável, do Mirimim
Protocolo em app estimula amizades mais saudáveis entre crianças
No último 20 de julho, data em que se celebrou o Dia do Amigo, o aplicativo brasileiro Mirimim, que trabalha no desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas em crianças, estreou seu novo protocolo "Amizade Saudável". A iniciativa, que utiliza inteligência artificial no combate ao bullying , oferece diversas atividades gratuitas para ensinar a construir amizades respeitosas, resolver conflitos com empatia e combater o bullying.
O bullying não é uma brincadeira e suas consequências são sérias. Pesquisas da UNESCO indicam que ele afeta globalmente 1 em cada 3 estudantes, deixando cicatrizes emocionais profundas que podem levar a depressão, ansiedade e até pensamentos suicidas, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria. O impacto é ainda mais severo em crianças com autismo, com 77% delas tendo sido vítimas de bullying em ambiente escolar, segundo a Autism Speaks. Diogo dos Reis Ruiz, um dos fundadores do aplicativo, destaca que "o bullying é uma dor universal para pais de crianças típicas e atípicas".
O protocolo "Amizade Saudável" do Mirimim recria situações reais do cotidiano escolar e familiar. As atividades abordam dilemas como lidar com apelidos ofensivos, exclusão em brincadeiras ou chantagens emocionais. O objetivo é ajudar a criança a:
Construir amizades saudáveis: Reconhecer relações baseadas em respeito e apoio mútuo.
Resolver conflitos: Usar diálogo assertivo para superar desentendimentos.
Combater bullying: Identificar manipulação, exclusão ou agressividade e buscar apoio.
As atividades têm um foco duplo: identificar comportamentos associados ao bullying e, ao mesmo tempo, ensinar estratégias para lidar com essas situações de forma construtiva. Nos cenários apresentados, a criança se depara com dilemas reais e precisa escolher como agir. Assim, o Mirimim ajuda a reconhecer sinais de exclusão, manipulação ou violência, enquanto promove respostas baseadas no respeito, diálogo e apoio mútuo.
"É um treino prático de habilidades socioemocionais que prepara a criança para agir diante do problema. Dependendo da resposta, o aplicativo apresenta reforçadores que não apenas incentivam comportamentos construtivos, mas também ajudam a criança a reconhecer quando está diante de uma situação prejudicial", afirma Diogo Ruiz. "O Mirimim empodera crianças a reconhecerem amizades verdadeiras e de uma forma divertida e lúdica torna-se uma ferramenta para guiá-las".
Cenários sociais trabalham neurociência e educação socioemocional
A inteligência artificial do Mirimim atua hoje principalmente na criação das atividades, estruturando os cenários e desafios para diferentes perfis de crianças, com base em boas práticas de neurociência e educação socioemocional. Atualmente, as interações seguem um fluxo pré-definido, mas já estão em fase de desenvolvimento para que, nas próximas versões, a IA crie uma jornada personalizada baseada nos interesses, características e principais desafios da criança. A próxima atualização da plataforma, prevista ainda para este mês, trará a base de dados que irá alimentar a inteligência artificial, permitindo que o sistema tenha insumos cada vez mais precisos para oferecer experiências adaptadas à realidade de cada criança.

Aline Bernardi, cofundadora e mãe de Augusto, uma criança autista que enfrentou bullying, compartilha a motivação pessoal por trás do protocolo. "Ver meu filho sofrer bullying foi um golpe, mas também um chamado. O protocolo 'Amizade Saudável' ensina às crianças, desde cedo, que amizade é respeito, criando um futuro mais acolhedor para todos".
Feedbacks positivos além dos neurodivergentes
Embora o Mirimim tenha sido criado inicialmente para crianças autistas e neurodivergentes, com os feedbacks recebidos de centenas de profissionais, a equipe percebeu que habilidades socioemocionais e o combate ao bullying são necessidades universais. Segundo Diogo Ruiz, a ferramenta é um divisor de águas para famílias, profissionais e instituições. O aplicativo é indicado para crianças a partir dos 4 anos, com ou sem neurodivergência.
"Profissionais da saúde e educação relatam que muitas crianças, mesmo sem diagnóstico, apresentam dificuldades socioemocionais. Por isso, o Mirimim já está em uso e fase de implementação em contextos mais amplos, como em escolas e centros educativos. Atualmente, 6 escolas (PR, SP e MS) estão em fase de implementação e há ajustes finais para um projeto com a Prefeitura de Itajaí (SC) voltado às salas multissensoriais", complementa.
O uso do aplicativo não se restringe apenas ao ambiente de terapia, podendo ser aplicado em clínicas, escolas e outras organizações que trabalham com o desenvolvimento infantil. Muitos profissionais que utilizam o Mirimim em consultório passaram a indicar o uso também às famílias como complemento às terapias, garantindo continuidade no desenvolvimento das crianças fora do ambiente clínico.
Acompanhamento aprofundado
Para pais e educadores, Diogo Ruiz explica que terão acesso a relatórios detalhados que mostram a evolução da criança em competências como o desenvolvimento cognitivo, empatia, comunicação assertiva e resolução de conflitos. Será possível acompanhar a frequência de uso, o desempenho em diferentes situações e indicadores avançados como a progressão em cada habilidade, a consistência na aplicação de respostas construtivas, o tempo de resposta, a variedade de estratégias para lidar com conflitos e a resiliência. Essa análise permite identificar padrões e áreas que precisam de reforço. O sistema ainda recomenda atividades complementares para casa ou escola, garantindo que o aprendizado saia do ambiente virtual e se consolide na vida real.