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O Some Control Summit reuniu nesta quinta-feira (09), mais de 750 participantes, interessados em mais de 15 temáticas de discussão.

Conteúdo do primeiro dia

Primeiro dia do Some Control Summit debate liderança disruptiva, governança e ESG

André Nunes, especial para o GazzConecta
09/02/2023 23:04
Especialistas
brasileiros em gestão estratégica e liderança estão reunidos nesta quinta (9) e
sexta-feira (10) na primeira edição do Some Control Summit, evento em formato
híbrido realizado pela Gonew.co no Expocentro de Balneário Camboriú (SC).
Após uma manhã de
workshops de voluntariado, com impacto na comunidade local, a palestra de
abertura foi realizada pelos experts José Salibi Neto e Sandro Magaldi. Referência
em gestão estratégica e vendas do país, Magaldi tem 30 anos de experiência no
segmento. Coautor do best-seller "Gestão do Amanhã" e de sete outros
livros ao lado de Salibi, é cofundador da escola de empreendedores
MeuSucesso.Com. Por sua vez, Salibi é cofundador da HSM, empresa líder em
educação executiva.
"Empresas globais como a Kodak, Xerox e Blockbuster morreram pelo avanço da tecnologia? Não, morreram por modelos de gestão desenvolvidos décadas atrás, ou mais de um século atrás. A tecnologia mudou a gestão para sempre e cresce muito mais rápido do que a nossa capacidade de compreendê-la", define Salibi.
O especialista apresentou ainda a chamada teoria JTBD (jobs to be done), dos anos 1960, que inspirou Steve Jobs a criar o iTunes e o iPod em 2001. "A razão que leva uma empresa a vender um produto ou serviço é diferente da razão pela qual o consumidor o compra. Essa disrupção na cadeia tradicional do mercado foi coroada em 2007, um ano emblemático marcado pelo surgimento do iPhone, do Twitter e da Airbnb, da compra do Youtube pelo Google, além da entrada da Netflix no segmento de streaming".
José Salibi e Sandro Magaldi, na abertura do Some Control Summit. Foto: André Nunes
José Salibi e Sandro Magaldi, na abertura do Some Control Summit. Foto: André Nunes
Magaldi ressaltou
que é importante termos um claro discernimento sobre os desafios que estamos
passando. "Ainda não se tem noção do que está por vir, em relação aos
avanços da inteligência artificial. Quando as capacidades de tecnologia atingem
certo ponto, elas tendem a se fundir numa plataforma que dá origem a um novo
normal. E estamos num cenário em que a onipresença da tecnologia faz com que
tudo esteja acessível, o mundo se torna instantâneo com a alta
conectividade".
O expert enfatizou ainda o fim do modelo clássico de gestão baseado em "comando e controle". "Há dois séculos vemos empresas sendo estruturadas com base no sistema de gestão clássica, da premissa de comando e controle. Que foram inspirados na igreja e no exército, até então os únicos modelos capazes de controlar a sociedade. Hoje, vivemos uma ruptura no modelo clássico de 200 anos de comando e controle, mas que as escolas de administração ainda estão replicando", criticou Magaldi.

Governança:quebrando muros

O painel “Quebrando muros em torno de uma causa maior”, mediado por Anderson Godz e Dani Maia, CEO e sócia da Gonew.co, respectivamente, contou com Pedro Melo, diretor geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), e com a presença remota de Christiane Aché, diretora da Saint Paul Escola de Negócios.
“A ética é o fundamento da governança, o primeiro capítulo no novo código. Ela precisa caber na estrutura da empresa em que está sendo aplicada. Nesse sentido, o papel do conselheiro é questionar, apontar, duvidar. Mas é preciso cuidado: há conselheiros improvisados em algumas empresas. Temos que combater o modismo. O contrapeso de ter ‘medalhões’ como conselheiros e profissionais com humildade e coragem para seguir aprendendo e reaprendendo, unindo expertise e soft skills. Há uma evolução envolvida no perfil dos conselheiros”, defende Chistiane.
Para Pedro Melo, a governança tem que funcionar para todos, das startups e pequenas empresas às grandes corporações. “A boa governança parte da ética pessoal dos indivíduos envolvidos. Sem isso, nada pode ser feito. Conselheiros necessitam de educação continuada, com orçamento destinado para isso. E existe ainda o desafio do ativismo de investidores que buscam trocar conselhos que não atendam suas expectativas. Também da parte de acionistas, clientes finais. Os conselhos hoje têm responsabilidade social além de pensar nas empresas.”

Transformação ESG

Sócio-fundador da
Dextron Consulting, boutique especializada em estratégia e governança para
empresas de médio e grande porte, familiares ou profissionalizadas, Celso
Ienaga fez a segunda palestra do dia, sobre “Resultados financeiros, sociais e
ambientais” das práticas de ESG.
“No Ocidente, gostamos de dar nome para as práticas. O ESG vem desse hábito, mas não é uma solução e sim uma transformação. Para o Oriente, pode ser resumido como ‘boa administração’. Porém, não é um processo simples. Entre as barreiras de implantação estão a falta de dados, pois falta consistência nos índices que estão sendo fornecidos pelo mercado”, destacou Ienaga.
Por que investir em ESG? Segundo o especialista, a sigla RSVP (return on sustainable value purpose) resume o retorno de impacto econômico e sustentável que está ligado a valores para a empresa e para a sociedade. “É preciso propósito econômico. Inovação com sustentabilidade, que já chamam de inovability. Qual é o retorno de fazer certo? Qual é o risco de se fazer errado? Essa deve ser a lógica do ESG nas empresas.”
Celso Ienaga na palestra sobre resultados financeiros, sociais e ambientais. Foto: André Nunes
Celso Ienaga na palestra sobre resultados financeiros, sociais e ambientais. Foto: André Nunes

Tecnologiaslibertárias

Na sequência, o engenheiro e professor Carl Amorim, especialista em DAO (Organização Autônoma Distribuída), entusiasta e pesquisador de blockchain, palestrou sobre tecnologias libertárias, ética e regulação.
“A maioria das nossas suposições sobreviveu à sua inutilidade, conforme definiu Marshall McLuhan. Afinal, o ser humano é naturalmente autônomo. A hierarquia não é algo natural, ela gera o poder e suas manifestações de formas centralizadas e verticais. Isso vem evoluindo no tempo, mantendo as formas: as altas chaminés das fábricas e indústrias do século XIX hoje são os altos prédios corporativos das grandes metrópoles. O modelo centralizado trouxe riquezas, mas uma desigualdade imensa. É preciso evoluir essa mentalidade”, defende.
Carl Amorim foi um dos speakers do primeiro dia de Some Control Summit. Foto: Leticia Cabral/Avesso Agência
Carl Amorim foi um dos speakers do primeiro dia de Some Control Summit. Foto: Leticia Cabral/Avesso Agência
O chamado “capitalismo digital, social ou distribuído”, segundo Amorim, avança na evolução do modelo econômico para a sociedade do século 21. “O sistema precisa ser mais inclusivo, justo, sustentável, exponencial, abundante e, consequentemente, mais próspero. Ao invés de gerar apenas riqueza, o capitalismo vai gerar essa abundância para o cidadão, de ter os serviços que precisa na palma de sua mão a partir das facilidades tecnológicas”.

Segundo dia

O Some Control Summit estende sua programação também na sexta-feira (10). Entre os palestrantes confirmados estão Madeleine Lacsko, jornalista especializada em Cidadania Digital; Fábio Póvoa, fundador da Movile, dona do Ifood; e Diego Barreto, VP de finanças e estratégia do Ifood.

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