Cenário promissor
Startups da América Latina têm maior volume trimestral de investimentos em mais de um ano, aponta Distrito
Primeiro foi a Sling Hub a sinalizar um ambiente mais promissor para o ecossistema de startups da América Latina no primeiro trimestre deste ano. Agora, é a vez do Distrito apresentar os dados do seu relatório de Venture Capital dos três primeiros meses do ano.
Principal plataforma de tecnologias emergentes da América Latina, o Distrito aponta para um sinal de recuperação do ecossistema. As startups da região receberam no período o maior volume trimestral de recursos desde o quarto trimestre de 2022. Apesar da melhora regional, o mercado brasileiro apresentou queda no volume financeiro, por conta de fatores macroeconômicos que ainda afetam, principalmente, as fintechs e as retailtechs.
De acordo com o Distrito, de janeiro a março deste ano, os aportes em startups latino-americanas somaram US$ 935,98 milhões, uma alta de 42,95% em relação ao mesmo período de 2023 e de 5,45% na comparação com o último trimestre do ano passado. Em termos de rodadas, foram 181 no primeiro trimestre deste ano, contra 178 no mesmo período de 2023. As fintechs mantêm a liderança em volume arrecadado (US$ 432,7 milhões) e em números de rodadas (48). Mais atrás vêm as healthtech (US$ 46,4 milhões) e as retailtech (US$ 13,17 milhões).
Segundo a plataforma, a melhora do ambiente macroeconômico contribuiu para o crescimento no volume de aportes. “As fintechs da América Latina, especialmente as do México e da Colômbia, estão se beneficiando de um ambiente macroeconômico mais favorável, atraindo novas rodadas de investimento”, explica Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito. “Já no Brasil, onde temos um ecossistema de inovação financeira mais maduro, as fintechs estão focadas em consolidar seus produtos e expandir seus mercados, principalmente por meio de fusões e aquisições, refletindo uma fase de consolidação estratégica no país”.
Aportes no Brasil
Diferente do restante da América Latina, o volume de recursos nas startups brasileiras caiu no primeiro trimestre segundo os dados do relatório. Os aportes somaram US$ 347,14 milhões no período em 109 rodadas, contra US$ 395,68 milhões entre janeiro e março de 2023, quando houve o mesmo número de deals, 109. O mercado brasileiro também apresentou um menor volume de recursos no primeiro trimestre deste ano na comparação com os três últimos meses de 2023, que tiveram aportes de US$ 571,88 milhões.
Com isso, houve uma queda expressiva da participação do Brasil no ecossistema de inovação da América Latina. Historicamente, o país recebe, em média, 60% do total de recursos destinados para o segmento na região. No primeiro trimestre, a participação foi de 37,09%, praticamente metade do registrado no quarto trimestre de 2022, quando teve uma fatia de 71,41%. “Ainda não podemos dizer que essa perda de representatividade brasileira é uma tendência consolidada. É preciso acompanhar esse movimento por mais tempo”, diz Gierun.
Março de 2024
No mês passado, as startups latino-americanas receberam US$ 205,8 milhões em 62 rodadas, contra US$ 127 milhões em março de 2023 em 64 deals. O Seed Stage (Anjo, Pré-Seed e Seed) concentrou a maior parte das rodadas (47), seguida pelo Early-Stage (Série A e Série B), com 11 deals. O Late-Stage encerrou março com duas operações.
M&As na América Latina
O primeiro trimestre deste ano registrou 47 fusões e aquisições, o que representa um aumento de 27% em relação ao mesmo período de 2023. A maior parte das operações foi com empresas do segmento de fintechs, com 11 M&As.