Estudo BR Angels & Abstartups
Metade das startups brasileiras prefere captar recursos com investimento-anjo, diz estudo
O estudo "Report Investimento 2022 BR Angels / Abstartups”, realizado pela BR Angels Smart Network, associação nacional de investimento-anjo, em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), organização sem fins lucrativos de representação das startups brasileiras, revela que metade das startups nacionais preferem a captação de recursos por investimento-anjo.
A motivação da pesquisa foi investigar o cenário, os desafios e as oportunidades futuras sobre investimentos no ecossistema de inovação brasileiro a partir da perspectiva de líderes de startups que se encontram em fase de investimento, entre anjo e Series A.
Segundo os dados da pesquisa, 49,88% dos respondentes destacaram o investimento-anjo como tipo de captação de recursos preferido pelos líderes de startups. Em seguida, 19,71% optam por grandes fundos de Venture Capital; 13,30% por micro Venture Capital; 7,13% por fundos ou entidades do governo e 9,98% por outros meios.
Em relação às expectativas de faturamento, as 257 startups entrevistadas estimam para os próximos 24 meses triplicar a receita (58%); duplicar a receita (37%); manter a mesma receita (2,7%) ou não ter receita, com uma porcentagem muito baixa (2,3%).
Expectativas e prioridades das startups brasileiras
Realizado em maio de 2022, o estudo revela ainda que a expectativa de 31,7% dos empreendedores é que a relação com os investidores-anjo ajude a abrir portas em potenciais clientes e no uso da rede de relacionamentos. Por outro lado, 24,9% esperam que auxilie no aconselhamento em áreas específicas - como tecnologia, RH e vendas; 20,7% na projeção da startup no mercado; 10,2% no mapeamento da concorrência e posicionamento do negócio; 10,2% no desenvolvimento profissional e 2,3% em aspectos distintos.
Frente às dificuldades evidenciadas no ecossistema de inovação no pós pandemia, as 257 startups entrevistadas indicaram como prioridades o aumento da receita/vendas (47,5%); levantamento de funding/captação (20,2%); otimização do produto (9,7%); otimização de plataforma tecnológica (8,6%); aumento ou desenvolvimento do time (7,4%); busca por mentores/advisors (3,9%) e melhorias na retenção de clientes (2,7%).
No entanto, a captação pode ficar um pouco mais difícil. Segundo Luiz Othero, diretor Executivo da Abstartups, os empreendedores vão esbarrar em um cenário mais criterioso por parte dos investidores. “Esperamos para o ano de 2022 um cenário mais focado em análise da performance operacional, e análise de indicadores que cada startup atingir para receber rodadas grandes de investimento. No entanto, os investimentos Early Stage devem seguir com os mesmos níveis observados no ano passado, as rodadas maiores serão as mais atingidas”, diz Othero.
Ainda de acordo com o executivo, um cenário com altas taxas de juros, preocupação com a inflação em diversos países e com as startups competindo com ativos mais seguros, é natural o ambiente se tornar mais criterioso. “Podemos esperar bastante racionalidade na decisão dos investimentos e pouca euforia”, conclui.
Divisão geográfica dos investimentos
De acordo com o estudo, a divisão geográfica dos investimentos é similar à de startups, com o Sudeste ainda como favorito dos empreendedores e investidores - 53% das startups participantes que receberam aportes no último ano são da região. O Centro-Oeste e Norte são as regiões que tiveram menos startups com acesso a recursos financeiros, com 4,5% e 3,2% dos aportes, respectivamente. O Nordeste, mesmo enfrentando desafios similares, tem ganhado força e atraído a atenção de vários players, atingindo 12,1% dos investimentos. E seja em volume de startups ou de captação, o Nordeste aparece na lista logo em seguida do Sul, que recebeu 26,9% do montante.
Já em relação ao modelo de negócio, 31,2% das startups brasileiras que captaram investimentos em 2021 caracterizam-se como SaaS (software como serviço). No entanto, é o marketplace que segue em alta, concentrando 68,2% dos negócios investidos. O público alvo dessas startups são majoritariamente empresas, ou seja, B2B (84,2%); empresas e consumidor final ou B2B2C (12,05%); consumidor final ou B2C (3,6%); governo ou B2G (0,8%), Peer-to-Peer ou P2P (0,5%) e startups ou B2S (0,1%).